São Paulo, segunda-feira, 23 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MÚSICA

Setembro Negro reúne metaleiros em 19 apresentações

A grande família do barulho

DA REPORTAGEM LOCAL

A trajetória do metal no Brasil é um fenômeno no mínimo curioso. Depois da explosão do gênero nos anos 80, bastou ecoarem os primeiros acordes do grunge mundo afora para que o fim do heavy metal fosse decretado. Por aqui, o anúncio da morte do estilo não emplacou. Os jovens brasileiros pegaram um gosto tal pelos vocais guturais e pelo chacoalhar das cabeleiras que fizeram do país um dos maiores mercados de metal no mundo.
Se, por um lado, os fãs de metal vivem a eterna reverência a medalhões como Iron Maiden, Black Sabbath e Motörhead, por outro, mantêm uma relação íntima com a cena underground local, de onde saíram Sepultura, Krisium e Sarcófago, bandas que conquistaram reconhecimento internacional.
Com um olho na inventividade da produção nacional e outro nos bem-sucedidos festivais de metal da Europa e dos EUA, o selo paulistano Tumba Records, especializado em death metal e black metal, organizou o Setembro Negro.
O evento -que acontece neste sábado (28/9), a partir das 14h- reunirá 19 bandas, dividindo dois palcos montados no Galpão Tiradentes (av. Tiradentes, 846, tel. 0/xx/11/ 3171-2969).
A idéia é articular o cenário underground nacional: reunir bandas de diversas partes do país -do Maranhão ao Rio Grande do Sul-, apresentar novos grupos e aproximar o público dos selos e das publicações voltadas para o metal. "Será quase como uma feira de metal", explica Eduardo Lane, 29, um dos donos do Tumba Records.
O festival trará shows das bandas Transfixion, Claustrofobia, Krueger, Collapse NR, Zênite, Subtera, Siecrist, Unearthly, Nephasth, Mortifer Rage, Predator, Queiron, Bywar, Ânsia de Vômito, Panzer, Mental Horror e Drowned. Haverá ainda a apresentação do grupo chileno Sadism e da banda americana Hate Eternal, novo projeto do guitarrista Erik Rutan, que fez fama com seu trabalho nos grupos Ripping Corpse e Morbid Angel.
Alto e baixo Mesmo com o fim de grandes eventos que agradavam aos fãs do estilo, como o festival Monsters of Rock, e com a desfiguração da última edição do Rock in Rio -segundo Lane, "mais pop que rock"-, o empresário metaleiro consegue enxergar hoje sinais de que haverá um novo boom do heavy metal no país.
"Apesar de ter tido altos e baixos, como acontece com toda moda, o metal persiste no Brasil, país considerado um dos berços do gênero. Por isso as maiores gravadoras de metal do mundo abriram escritórios por aqui", explica.
"As bandas surgidas aqui nos anos 90 estão conseguindo divulgar seus trabalhos só agora e, das novas gerações de bandas do metal, cinco ou seis já estão com contratos assinados com gravadoras gringas."
A Tumba Records quer liderar uma frente que planeja organizar e unir as vertentes da cena metal brasileira. "O underground de hardcore, por exemplo, é muito bem organizado. Estamos buscando isso dentro do metal porque o mercado existe e é grande, só está sendo mal explorado", reflete.
"Seja death metal, seja black metal, seja thrash metal", diz Lane, "tudo tem o mesmo sobrenome, é da mesma família e é de que a gente gosta."(FERNANDA MENA)


Texto Anterior: Lançamentos
Próximo Texto: Feito em casa: Fábrica doméstica
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.