São Paulo, segunda-feira, 23 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

sexo e saúde

Dois filmes brasileiros que têm tudo a ver com a sua vida

JAIRO BOUER
COLUNISTA DA FOLHA

Hoje a coluna deixa de lado as dúvidas dos leitores para tratar de cinema. Há dois filmes brasileiros em cartaz que você não pode perder. "Cidade de Deus" e "Houve Uma Vez Dois Verões" têm tudo a ver com sua vida e com seu futuro. Eles traduzem com clareza muitas das angústias dos jovens brasileiros.
"Houve Uma Vez Dois Verões", do diretor Jorge Furtado (que, aliás, dirigiu um dos melhores curtas do cinema nacional, o premiado "Ilha das Flores", de 1989, que você pode checar no site www.portacurtas.com.br).
O filme conta a história de dois amigos ainda virgens que vão passar o verão no litoral do Rio Grande do Sul. Chico conhece Roza e tem a sua primeira vez com ela, sem camisinha! E pasme: a menina diz que engravidou! Enquanto seu amigo Juca tenta descolar uma garota para ter sua primeira transa (afinal, ele não podia ficar para trás), Chico tenta levantar grana para um aborto.
Completamente apaixonado, ele acaba fazendo uma trapalhada depois da outra. Já ouviu essa história antes? Quem é que nunca se apaixonou, ficou todo atrapalhado e fez um monte de bobagens? E o vacilo de não usar camisinha? E o medo da gravidez indesejada? No Brasil de hoje, de 20% a 25% das meninas de até 18 anos já engravidaram.
Veja o filme, pense um pouco no assunto e perceba que todos estamos vulneráveis. Esse é o tipo de situação que pode acontecer com qualquer um. Portanto fique esperto!
Bem mais sério, "Cidade de Deus" é um filme obrigatório. Ele é um retrato importante do que acontece nas periferias e favelas das grandes cidades. No filme, crianças entram no mundo do crime e acabam tendo carreira e prestígio garantidos. Em tempos de Fernandinho Beira-Mar, Elias Maluco e outros lideres do tráfico, dá para entender direitinho como é que eles chegam lá.
Mas o que você tem a ver com o tráfico? Muita coisa! Hoje, os especialistas atribuem boa parte da violência e das mortes nas grandes cidades à ação dos traficantes, suas disputas por áreas de venda, seus peculiares acertos de contas e a interligação do tráfico com quem tem poder de compra. Pode apostar que maconha e cocaína não são vendidas só para quem mora nas favelas.
Pesquisas têm mostrado que hoje de 40% a 50% dos jovens de classe média já experimentaram maconha. Em algumas escolas e faculdades, o consumo de maconha é tão comum quanto o do cigarro. Detalhe: cigarro é comprado em bares e padarias. E a maconha? Das mãos dos traficantes! Você já pensou que cada baseado que passa perto de você alimenta essa poderosa rede e contribui para aumentar a violência na cidade em que você vive? É bom pensar nisso!


Texto Anterior: Calça tem bolso anti-radiação
Próximo Texto: Científicas: Cientistas constróem pênis em laboratório
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.