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[+]O QUE DIZEM...
...OS MÉDICOS
Hábito deixa filhos mais vulneráveis
Os psiquiatras especializados em dependência química
ouvidos pela Folha reprovaram o hábito de pais fumarem maconha com
seus filhos.
"Acho errado, ousado e
perigoso. Cria um espaço
vulnerável. Acho interessante ter uma proximidade entre pais e filhos, no
mundo em que vivemos.
Mas amigo é amigo, pai é
pai. E o papel dos pais é
cuidar da saúde e da educação. Fumar junto não é
salutar", diz Arthur Guerra, psiquiatra da Faculdade de Medicina da USP.
"O argumento de proteger os filhos não é um absurdo. Faz sentido para
quem defende o uso, mas
eu não assino embaixo."
Ronaldo Laranjeira,
psiquiatra coordenador
da Unidade de Pesquisas
em Álcool e Drogas da
Unifesp (Universidade
Federal de São Paulo), diz
que "quando o adulto endossa e compartilha a cultura da droga, ele não apenas contribui para o uso
mas facilita a persistência
do uso e o desenvolvimento da dependência".
"Não conheço estudo
que comprove isso, mas
me surpreenderia se jovens que fumam com os
pais em casa não tivessem
mais chance de desenvolver dependência do que
os outros que usam a droga. Você está criando uma
vulnerabilidade que é
condenável."
Guerra também cita a
preocupação de a droga
mascarar sintomas de
problemas psíquicos. "O
medo é de que esses jovens
usem a droga como um
antidepressivo, o que pode esconder um quadro
mais grave de depressão."
...OS MAGISTRADOS
Pela lei, pais podem ser punidos
Em caso de denúncia,
pais que fumam
maconha com filhos menores de idade podem ter problemas na esfera penal ou na do ECA
(Estatuto da Criança e do Adolescente). É o que dizem juízes ouvidos pela
Folha.
"Podem ter problemas,
uma vez que estão, com
seu próprio exemplo e
conduta, levando os filhos
a uma prática ilícita", diz o
desembargador Antônio
Carlos Malheiros, coordenador das varas de infância e juventude do Estado
de São Paulo.
Teoricamente, os pais
poderiam até mesmo perder a guarda dos filhos
-mas a medida é considerada radical pelos juízes.
"Imaginando um garoto
de 17 anos que faz uso recreacional da droga com
os pais, como outros bebem uma cerveja com o
pai ou a mãe, me parece
que jamais poderíamos
pensar nessa medida", diz
Luiz Fernando Vidal, juiz
da 3ª Vara de Fazenda de
São Paulo, dez anos de experiência em varas de infância e adolescência.
Para ambos, o mais provável seria a aplicação de
uma medida de orientação, acompanhamento
por um conselheiro tutelar ou advertência. No caso de filhos maiores de
idade, os pais não podem
ser responsabilizados.
Para Malheiros, "cada
pai deve saber o que é melhor para seu filho. Não
existe fórmula pronta.
Droga faz mal, mas isso
não pode ser enfiado na
cabeça de um jovem à força. O diálogo na família é o
que vai fazer efetivamente
que os filhos cresçam melhores."
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