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Álvaro Pereira Júnior
Ser sexy dá certo nos EUA
Julho vai ser histórico para o
pop/rock brasileiro. Nesse
mês começará a turnê de
uma jovem banda paulistana, o Cansei de Ser Sexy,
por EUA e Canadá.
O CSS está no elenco da gravadora
Sub Pop, uma das mais bem estruturadas da cena alternativa americana. Foi na Sub Pop que o Nirvana
começou, e é na Sub Pop que estão,
hoje, bandas independentes muito
importantes, como Love as Laughter, Sleater-Kinney e Postal Service.
Diante desse momento tão bacana
surgem dois sentimentos opostos
-e bem brasileiros. Primeiro: ufanismo. Achar que a hora é do Brasil,
que o mundo se curva diante da
criatividade e da irreverência dos
nossos músicos.
Segundo: ressentimento. Dizer
que o CSS vai tocar em um monte de
pulgueiros americanos para meia
dúzia de jecas embriagados.
Nenhum dos extremos é real.
O ufanismo não se justifica. O CSS
é só uma entre, literalmente, centenas de bandas independentes que
excursionam toda semana pelos
EUA. Aqui do Brasil é difícil ter noção de como o mercado americano
é gigantesco. São muitos eventos,
bandas, clubes e mais clubes. O CSS
-como qualquer outro grupo iniciante- é um ponto minúsculo
nesse cenário.
Já os ressentidos... também erram. A excursão do CSS é para valer. Não vão tocar em meia dúzia de lugares para bandos de brasileiros saudosos. Vão realmente percorrer a América, se arriscando em lugares onde, talvez, não haja um único
brazuca na platéia. E os clubes podem não ser o Madison Square Garden, mas
também não são pocilgas desprezíveis.
Em San Diego, por exemplo, o show vai ser no Casbah, clube indie supertradicional. Em San Francisco, será no Mezzanine, lugar novo onde muita gente bacana se apresenta (Ladytron, Editors e, ironicamente, nesta semana, os Paralamas
do Sucesso).
O CSS vai estourar nos EUA? Provavelmente não. Com muita, muita sorte
mesmo, vai ganhar menções elogiosas na imprensa e vender pouco mais de 5 mil
cópias do CD. A turnê do CSS é insignificante? Também não. Os clubes podem
ser pequenos, o dinheiro pode não jorrar aos tubos. Mas nunca uma banda brasileira tão jovem chegou tão longe: entrou no mercado americano visando ao
público americano. Não é pouca coisa. Parabéns ao CSS.
CD PLAYER
PLAY - "Show Your Bones", Yeah Yeah Yeahs
Se eu não tiver tempo de ouvir
mais nada em 2006, vou votar nesse CD como o melhor do ano e vou
acertar. YYYs são os Banshees (da
Siouxsie) do século 21.
PAUSE - "At War with the Mystics", Flaming Lips
Um crítico disse que é "o som de
uma banda que se esgotou". Triste,
mas também tive essa impressão.
EJECT - "Sidney Magal - Ao Vivo", DVD
Nada contra o grande Magal, figura
divertida e com zero de pretensão.
Mas essa onda de saudosismo dos
anos 80 não dá mais para agüentar.
@ - cby2k@uol.com.br
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