São Paulo, segunda-feira, 24 de junho de 2002

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sexo e saúde

JAIRO BOUER
COLUNISTA DA FOLHA

"Conheci uma garota de 16 em uma viagem à Bahia e ficamos uns 20 dias. Em 2001, mantivemos contato e ela queria que eu voltasse. No verão de 2002, voltei, moramos juntos e foi ótimo. Tive de partir sem ela e prometi voltar logo. Dias depois ela ligou e disse que não queria mais nada. Estou péssimo e não paro de pensar nela. O que faço?"

Término de namoro pode trazer sofrimento, mas isso passa

Olha lá: mais um desencontro amoroso, uma situação que acontece muito mais do que a gente gostaria. E quem é que nunca passou por um momento desses na vida? Mas vamos combinar que essa sua história já estava marcada por algumas dificuldades e limites bastante importantes!
Em primeiro lugar, existe uma distância geográfica. Você mora longe da menina de quem ficou a fim. E é mais complicado mesmo um relacionamento sobreviver a distância por um tempo prolongado. Não que seja impossível, mas, sem dúvida, é mais difícil.
Depois existe a diferença de idade. Pelo que você conta, você é um cara mais velho e mais experiente. Amores também podem atravessar essa barreira, mas será que uma menina de 16 tem as mesmas expectativas em relação ao namoro e a mesma capacidade de lidar com as ausências do que um cara mais velho?
Às vezes, quando a gente conhece alguém, mesmo sabendo que existem diferenças importantes, resolve bancar o desafio e tentar a relação. São os afetos, a emoção, a paixão que acabam passando a perna na razão e na lógica. Essa sensação é muito gostosa, mas a gente tem de saber que ela pode chegar a alguns momentos críticos.
Por exemplo, vamos supor que vocês resolvessem enfrentar as dificuldades e as diferenças e quisessem mesmo ficar juntos. Alguma mudança mais radical deveria ser feita. Talvez você tivesse de mudar para a Bahia e arrumar um trabalho por lá ou ainda conversar com a família dela e tentar trazê-la para morar com você em sua cidade.
A pergunta é: será que você e ela teriam cacife para enfrentar essas mudanças, que não são assim tão simples? Provavelmente não teriam, tanto é que romperam. E isso não é nenhuma grande falha. É que, na lógica da vida, em geral, a gente não consegue esquecer totalmente a razão e ceder espaço à emoção.
A emoção vale por si mesma e vale pelo que foi vivida. Só o fato de vocês terem embarcado nessa história, mesmo que por tempo limitado, já foi legal. Tudo na vida tem começo, meio e fim. As relações e as paixões são assim também. E a gente tem uma tremenda dificuldade de entender isso. Namoros e casamentos acabam, paixões terminam.
Talvez você precise entender agora que o namoro de vocês, pelo menos do modo que rolou até aqui, encontrou seu ponto final. Nada impede que um dia, em uma situação diferente, vocês se reencontrem e retomem a história. Mas agora parece ter chegado ao fim mesmo. Dois meses de sofrimento é um tempo que parece interminável, mas pode apostar que isso passa! Se você acha que precisa de um suporte especial, busque a ajuda de um terapeuta.


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