São Paulo, segunda-feira, 24 de agosto de 2009

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SEXO & SAÚDE

Jairo Bouer - jbouer@uol.com.br

Uma nova universidade

Três semanas de aula e várias caras tristes, de gente perdida, sem saber ao certo o que está fazendo naquele curso. Descontando-se as dificuldades de adaptação a um novo meio (a universidade), fica uma clara incerteza sobre o caminho correto. Um garoto de 18 me conta que acha muitas aulas inúteis, que sente perder tempo e que não tem certeza de ter feito a escolha certa. Bem-vindo ao mundo de milhares de jovens que entram numa faculdade em nosso país.
Esse garoto, se quiser mudar de curso, terá que prestar outro vestibular ou esperar uma desistência em um curso de uma área próxima. Outro amigo, de 20, teve que sair de um curso de publicidade em uma universidade particular de São Paulo para prestar novo vestibular para arquitetura na mesma escola. Faz sentido?
Depois de ter voltado de uma visita de um mês a algumas universidades inglesas (Imperial College, UCL, Oxford) e pensando no sistema que funciona nos EUA, vem a pergunta: será que não está na hora de flexibilizar por aqui o que se oferece aos calouros?
Nem discuto a questão do ingresso na universidade e a possível avaliação seriada (Enem ou similar) que venha a substituir o tradicional vestibular, que pode não avaliar corretamente anos de estudo. Mas quero falar de uma maior mobilidade do aluno no meio universitário.
Por que o aluno não pode, aqui, entrar na universidade como um todo, em vez de escolher um curso específico? Assim, ele optaria por uma área de interesse (humanas, exatas, biológicas etc.), faria uma série básica de disciplinas em diferentes cursos, entraria em contato com áreas distintas de conhecimento (em um ou dois anos), para só então tomar a decisão de que graduação gostaria de obter. Os dois últimos anos seriam mais específicos, dentro de um campo de conhecimento que o levaria a um determinado diploma.
O processo proporcionaria uma visão mais ampla e multidisciplinar de uma carreira (uma das funções fundamentais do ensino superior), não haveria tanta pressão na escolha da profissão ao prestar vestibular, decepções iniciais seriam menores, mudanças de trajetória seriam mais simples e os jovens poderiam tomar uma decisão mais consciente sobre seu futuro. Que tal se as autoridades e proprietários de universidades particulares pensassem um pouco mais sobre isso?


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