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SEXO & SAÚDE
Jairo Bouer - jbouer@uol.com.br
Uma nova universidade
Três semanas de aula e várias caras tristes, de gente
perdida, sem saber ao certo o que está fazendo naquele curso. Descontando-se as dificuldades de
adaptação a um novo meio (a universidade), fica uma
clara incerteza sobre o caminho correto. Um garoto de
18 me conta que acha muitas aulas inúteis, que sente
perder tempo e que não tem certeza de ter feito a escolha certa. Bem-vindo ao mundo de milhares de jovens
que entram numa faculdade em nosso país.
Esse garoto, se quiser mudar de curso, terá que prestar outro vestibular ou esperar uma desistência em um
curso de uma área próxima. Outro amigo, de 20, teve
que sair de um curso de publicidade em uma universidade particular de São Paulo para prestar novo vestibular
para arquitetura na mesma escola. Faz sentido?
Depois de ter voltado de uma visita de um mês a algumas universidades inglesas (Imperial College, UCL, Oxford) e pensando no sistema que funciona nos EUA,
vem a pergunta: será que não está na hora de flexibilizar
por aqui o que se oferece aos calouros?
Nem discuto a questão do ingresso na universidade e a
possível avaliação seriada (Enem ou similar) que venha
a substituir o tradicional vestibular, que pode não avaliar corretamente anos de estudo. Mas quero falar de
uma maior mobilidade do aluno no meio universitário.
Por que o aluno não pode, aqui, entrar na universidade como um todo, em vez de escolher um curso específico? Assim, ele optaria por uma área de interesse (humanas, exatas, biológicas etc.), faria uma série básica de
disciplinas em diferentes cursos, entraria em contato
com áreas distintas de conhecimento (em um ou dois
anos), para só então tomar a decisão de que graduação
gostaria de obter. Os dois últimos anos seriam mais específicos, dentro de um campo de conhecimento que o
levaria a um determinado diploma.
O processo proporcionaria uma visão mais ampla e
multidisciplinar de uma carreira (uma das funções fundamentais do ensino superior), não haveria tanta pressão na escolha da profissão ao prestar vestibular, decepções iniciais seriam menores, mudanças de trajetória
seriam mais simples e os jovens poderiam tomar uma
decisão mais consciente sobre seu futuro. Que tal se as
autoridades e proprietários de universidades particulares pensassem um pouco mais sobre isso?
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