São Paulo, segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

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música

No estúdio com Fresno

Fresno deixa o hardcore e inclui sintetizadores e batidas digitais em novo disco; seria um novo estilo, o "emotrônico"?

JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em 2000, quando "Anna Júlia" era a música mais tocada do país, os cariocas Los Hermanos faziam questão de frisar em entrevistas que o grupo tocava hardcore. Havia mesmo uma semente do gênero no primeiro CD deles. Mas com o lançamento do sucessor, "Bloco do Eu Sozinho", o discurso mudou. O som também, diga-se. E a banda passou a ser prestigiada por quem a desprezava.
"Redenção", quarto álbum da Fresno, está previsto para abril deste ano. Tem toda a pinta de que vai representar para o quarteto gaúcho o mesmo que "Bloco" foi para a turma de Marcelo Camelo.
"A gente se livrou totalmente do hardcore", diz o vocalista Lucas, no estúdio do produtor Rick Bonadio, em São Paulo.
Segundo o cantor, "Redenção" será o trabalho mais pop do grupo, cheio de programações eletrônicas. A reportagem do Folhateen ouviu as gravações de "Passado", música totalmente inspirada em The Killers, e a experimental "Milonga", que remete tanto ao trio inglês Muse quanto à disco music. "Alguém que te Faz Sorrir", que chegou à parada da MTV quando a banda ainda era independente, pinta regravada.
No ano passado, a emissora concedeu à Fresno o troféu de artista revelação. O grupo considera o prêmio um marco, que só aumenta a expectativa por bons resultados em 2008. "Todo mundo fala que este será o ano da Fresno", diz Vavo, o guitarrista. Com a agenda mais cheia do que nunca, a banda mira num especial de tevê. "É o "projeto Criança Esperança". Nossa meta é abraçar o Didi", brinca Lucas.
O vocalista confessa estar apaixonado pela cantora de 15 anos Mallu Magalhães, que descobriu pela televisão. Para ele, quem acontece tão cedo só tem de tomar cuidado para não acabar "se achando muito".
A Fresno começou quando os integrantes cursavam o segundo grau, como Mallu. Na segunda apresentação do grupo, em 2004, a fila para entrar na casa dava volta no quarteirão, algo que também tem ocorrido com Mallu. "A ralação no underground ensina muito. Nessa época você tem alguma fama, mas nenhuma grana."
Com impressionantes oito turnês pelo Nordeste e dois shows em Manaus no currículo, a Fresno só não marca presença nos principais festivais independentes do país. "Sempre somos deixados de lado. Nunca fomos convidados para tocar num Abril Pro Rock", reclama Lucas. O que costuma barrar o grupo é a resistência a três letrinhas: emo. "A gente ficou estigmatizado. Mas, se o cara ouvir pelo menos as três primeiras músicas do novo disco, vai ver que a história é diferente", conta o baterista Cuper.
Vale dizer que esta entrevista rolou na data do primeiro show do My Chemical Romance em São Paulo. Quando questionados se iriam conferir os americanos ao vivo, Lucas respondeu: "É hoje? Na real, a galera aqui quer ver é o Interpol."


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