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literatura
Walter Salles também pega carona
Cineasta brasileiro refaz as loucas viagens de Jack
Kerouac para filmar documentário sobre o livro "On the Road"
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Depois de "Diários
da Motocicleta",
longa-metragem
baseado nas andanças do revolucionário argentino Ernesto "Che"
Guevara pela América Latina, o
cineasta Walter Salles volta à
estrada e prepara-se para filmar o livro "On the Road" ("Pé
na Estrada", na tradução brasileira), de Jack Kerouac.
Para esquentar os motores, o
diretor de "Central do Brasil"
refez as rotas que estão descritas no livro e encontrou-se com
escritores do movimento beatnik. O resultado será um documentário que tem lançamento
previsto para este ano. Por e-mail, Salles conversou com o
Folhateen.
(CARLOS MINUANO)
FOLHA - Como você se preparou
para filmar "On the Road"?
WALTER SALLES - Eu senti que a
única maneira de realizar uma
adaptação que fizesse justiça a
Jack Kerouac seria fazer um
documentário em busca de
"On the Road".
Com uma pequena equipe,
peguei a estrada e entrevistei
escritores da geração beat e
gente como Lou Reed e David
Byrne, influenciados por Kerouac. Foi uma verdadeira viagem iniciática.
FOLHA - Para você, qual o recado
essencial da geração beatnik?
SALLES - A possibilidade de redefinir a vida, ainda que caminhando na contramão do que
lhe disseram para fazer.
Os beats colidiram frontalmente contra a cultura americana do medo nos anos 50.
Aliás, a era Bush não é diferente, por isso o livro me parece
tão atual.
FOLHA - O que mais lhe marcou ao
refazer as rotas de Jack Kerouac?
SALLES - O processo de libertação. Na estrada, você fica aberto ao desconhecido, às possibilidades a sua volta, esquecendo-se das limitações do dia-a-dia. Difícil é encontrar cantos
não homogeneizados pela cultura dominante.
Nos EUA, você encontra
McDonald's e Wal-Mart a cada
20 km. O jeito é sair das estradas principais e pegar caminhos alternativos.
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