São Paulo, segunda-feira, 25 de junho de 2007

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literatura

Walter Salles também pega carona

Cineasta brasileiro refaz as loucas viagens de Jack Kerouac para filmar documentário sobre o livro "On the Road"

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Depois de "Diários da Motocicleta", longa-metragem baseado nas andanças do revolucionário argentino Ernesto "Che" Guevara pela América Latina, o cineasta Walter Salles volta à estrada e prepara-se para filmar o livro "On the Road" ("Pé na Estrada", na tradução brasileira), de Jack Kerouac.
Para esquentar os motores, o diretor de "Central do Brasil" refez as rotas que estão descritas no livro e encontrou-se com escritores do movimento beatnik. O resultado será um documentário que tem lançamento previsto para este ano. Por e-mail, Salles conversou com o Folhateen. (CARLOS MINUANO)  

FOLHA - Como você se preparou para filmar "On the Road"?
WALTER SALLES
- Eu senti que a única maneira de realizar uma adaptação que fizesse justiça a Jack Kerouac seria fazer um documentário em busca de "On the Road". Com uma pequena equipe, peguei a estrada e entrevistei escritores da geração beat e gente como Lou Reed e David Byrne, influenciados por Kerouac. Foi uma verdadeira viagem iniciática.

FOLHA - Para você, qual o recado essencial da geração beatnik?
SALLES
- A possibilidade de redefinir a vida, ainda que caminhando na contramão do que lhe disseram para fazer. Os beats colidiram frontalmente contra a cultura americana do medo nos anos 50. Aliás, a era Bush não é diferente, por isso o livro me parece tão atual.

FOLHA - O que mais lhe marcou ao refazer as rotas de Jack Kerouac?
SALLES
- O processo de libertação. Na estrada, você fica aberto ao desconhecido, às possibilidades a sua volta, esquecendo-se das limitações do dia-a-dia. Difícil é encontrar cantos não homogeneizados pela cultura dominante.
Nos EUA, você encontra McDonald's e Wal-Mart a cada 20 km. O jeito é sair das estradas principais e pegar caminhos alternativos.


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