São Paulo, segunda-feira, 25 de junho de 2007

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Obra foi escrita em um rolo de telex em três semanas

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A obra-prima que transformou Jack Kerouac em um mito foi escrita de forma alucinada em três semanas do ano de 1951 em um rolo de papel para telex de 40 metros. "On the Road", no entanto, foi recusado por várias editoras, e esperou alguns anos até ser, finalmente, publicado, em 1957. Depois, ficou durante várias semanas na lista dos mais vendidos, foi traduzido para vários idiomas e já vendeu milhões pelo mundo todo.
O processo diferenciado de criação fazia parte do plano subversivo do escritor: libertar a escrita das amarras acadêmicas e torná-la fluida, como um solo improvisado de jazz. "Kerouac arrancou as pantufas da literatura, levantou-lhe a barra da saia e a levou para dar uma voltinha na lama do acostamento", diz Eduardo Bueno, tradutor da edição brasileira.
Na história, camuflada de ficção, o personagem Sal Paradise, alter ego de Kerouac, narra suas andanças em busca da América desconhecida ao lado de Dean Moriarty, inspirado no companheiro de viagens, Neal Cassady. A quilômetros do "american way of life", alternando-se em bicos diversos para driblar a falta de grana, a dupla acaba descortinando a face marginal americana.
Incluindo "On the Road", o rei dos beats escreveu ao longo de sua carreira turbulenta 23 livros. Kerouac morreu em 1969, aos 47, com a cabeça e o fígado em frangalhos devido ao abuso do álcool, imerso em solidão e decadência. Por ironia, dando de ombros para a revolução que semeou.
Ao lado de "On the Road", dois livros mudaram a face da literatura americana. "Uivo" de Allen Ginsberg [ed. L&PM], lançado em 1956, marca o nascimento do movimento beatnik. O livro, considerado obsceno, chegou a ser apreendido pela polícia. Melhor para Ginsberg, que depois viu a obra vender milhões de exemplares.
O outro clássico chama-se "Almoço Nu", de William Burroughs [Ediouro]. Nele, autor e obra se confundem em uma trama bizarra que mistura insetos gigantes, islamismo, drogas e viagens insólitas à África. O texto alucinado e a vida transgressora fizeram de Burroughs guru de hippies e punks. (CM)


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