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Obra foi escrita em um rolo de telex em três semanas
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A obra-prima que transformou Jack Kerouac em
um mito foi escrita de forma alucinada em três semanas do ano de 1951 em
um rolo de papel para telex
de 40 metros. "On the
Road", no entanto, foi recusado por várias editoras,
e esperou alguns anos até
ser, finalmente, publicado,
em 1957. Depois, ficou durante várias semanas na
lista dos mais vendidos, foi
traduzido para vários idiomas e já vendeu milhões
pelo mundo todo.
O processo diferenciado
de criação fazia parte do
plano subversivo do escritor: libertar a escrita das
amarras acadêmicas e torná-la fluida, como um solo
improvisado de jazz. "Kerouac arrancou as pantufas da literatura, levantou-lhe a barra da saia e a levou
para dar uma voltinha na
lama do acostamento", diz
Eduardo Bueno, tradutor
da edição brasileira.
Na história, camuflada
de ficção, o personagem Sal
Paradise, alter ego de Kerouac, narra suas andanças em busca da América
desconhecida ao lado de
Dean Moriarty, inspirado
no companheiro de viagens, Neal Cassady. A quilômetros do "american
way of life", alternando-se
em bicos diversos para driblar a falta de grana, a dupla acaba descortinando a
face marginal americana.
Incluindo "On the Road",
o rei dos beats escreveu ao
longo de sua carreira turbulenta 23 livros. Kerouac
morreu em 1969, aos 47,
com a cabeça e o fígado em
frangalhos devido ao abuso
do álcool, imerso em solidão e decadência. Por ironia, dando de ombros para
a revolução que semeou.
Ao lado de "On the
Road", dois livros mudaram a face da literatura
americana. "Uivo" de Allen
Ginsberg [ed. L&PM], lançado em 1956, marca o nascimento do movimento
beatnik. O livro, considerado obsceno, chegou a ser
apreendido pela polícia.
Melhor para Ginsberg, que
depois viu a obra vender
milhões de exemplares.
O outro clássico chama-se "Almoço Nu", de William Burroughs [Ediouro].
Nele, autor e obra se confundem em uma trama bizarra que mistura insetos
gigantes, islamismo, drogas e viagens insólitas à
África. O texto alucinado e
a vida transgressora fizeram de Burroughs guru de
hippies e punks.
(CM)
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