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São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 2003

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ESCUTA AQUI

Os 50 piores da história da música

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA

O que existe em comum entre Emerson, Lake & Palmer, Manowar, Creed, Vanilla Ice, Yngwie Malmsteen e Whitesnake?
Todos fazem parte de um lista muito engraçada, preparada pela revista americana "Blender", com os 50 piores artistas da história da música.
A relação inclui também Spin Doctors, Blind Melon, Doors, Bob Geldof, Live, Celine Dion e vários outros. Feita nos EUA, a lista destaca bandas e cantores de língua inglesa, como era de esperar.
"Escuta Aqui" sentiu falta do Counting Crows, do Suede, do Rush e, principalmente, do Uriah Heep. Se pudesse incluir grupos brasileiros, Baba Cósmica, Titãs e Picassos Falsos fariam bonito entre os 50 mais fracos da Terra.
O grande destaque da "Blender" é, sem dúvida, a foto do Manowar, a mesma que ilustra a coluna de hoje. Faça um esforço e tente entender o que é aquilo. Ainda não consegui captar se eles estão vestidos de homens das cavernas gays ou de gladiadores romanos gays. A legenda que a "Blender" botou não entra em detalhes. Diz apenas: "None more metal. None more gay" ("Mais metal, impossível. Mais gay, impossível").
A edição do material é genial. A "Blender" conseguiu localizar dezenas de fotos ridículas de suas vítimas. Tem Rick Wakeman vestido de mago Merlin, Michael Bolton pelado numa banheira e Celine Dion de pijama de seda, jogando golfe!

Por falar em listas, a "Spin" deste mês sai com uma de pessoas e bandas mais cool da atualidade.
Como diz um amigo meu, a relação é um monumento à mediocridade dos tempos e ao poder de pressão das gravadoras e das assessorias de imprensa. Não há uma única surpresa, nenhuma boa sacada.
Aparecem todos os nomes que os lobistas da indústria da música querem nos fazer acreditar que são bacanas (e alguns até são de verdade, o problema é a forçação de barra).
Estão lá Jack e Meg White, dos White Stripes, Karen O, dos fraquinhos Yeah Yeah Yeahs, Howlin" Pelle Almqvist, dos Hives, os Strokes, as Donnas, Wayne Coyne, dos Flaming Lips, a Gwen Stefani, o Dave Grohl, o Ryan Adams. Puxa, esqueceram os Kings of Leon!

Voltando à "Blender", da qual você ouve falar em "Escuta Aqui" desde que foi lançada (está hoje no número 19), esta coluna não conhece nada melhor na imprensa musical de hoje.
Mostra que dá, sim, para fazer uma revista original, lotada de grandes idéias, de texto culto e engraçado, que trata de música para um público inteligente, mas não necessariamente obcecado por música.
A "Blender" é prova de que, com idéias realmente novas e uma infra-estrutura decente, é possível fazer jornalismo musical para jovens, mesmo que eles sejam viciados em MP3, música pela internet e que não gostem de pagar por nada relacionado à música.
Além de ter bastante grana, é preciso entender de música, saber escrever e ter talento criativo. Parece fácil, mas não é.


Álvaro Pereira Júnior, 40, é editor-chefe do "Fantástico" em São Paulo
E-mail: cby2k@uol.com.br


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