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ESTANTE
O amor que os poetas nos ajudam a viver com suas palavras ritmadas
LUÍS AUGUSTO FISCHER
COLUNISTA DA FOLHA
"Sonetos de Amor"
Autor: Camões
Editora: Landy
Contato: 0/xx/11/3081-4169
Quanto: R$ 20
Não sei em que altura da experiência
amorosa você está: no cume ou no
buraco, há tempos ou há pouco. Mas é
certo que o amor faz parte da sua vida e
é das coisas que mais valem a pena.
O que você pode não ter descoberto é
que os poetas ajudam a viver o amor.
Não que eles resolvam a questão. Aliás,
longe disso. Eles colocam em palavras
encadeadas e ritmadas as meditações
desse imenso âmbito da humanidade.
Um apaixonado, no fogo do interesse
erótico, é capaz de prometer: "Eu cantarei de Amor tão docemente, por uns
termos em si tão concertados, que dois
mil acidentes namorados faça sentir ao
peito que não sente". Não entendeu?
"Concertados" é ajustados, "acidentes
namorados" é "detalhes amorosos".
Mas o sentimento da potência do amor
deu para entender bem. Outro exemplo, que conta sobre a sensação de fusão entre o que ama e o seu amado:
"Transforma-se o amor na coisa amada, por virtude do muito imaginar".
Esses são apenas dois inícios de poemas. O autor é Luís Vaz de Camões,
nascido por volta de 1520 e morto em
1580. Camões, você sabe, foi um poeta
português que ajudou a inventar a língua em que nós amamos, xingamos e
compramos sanduíche. Os dois sonetos estão acompanhados de outros 214,
numa edição bem concebida.
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