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São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 2003

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FOLHATEEN EXPLICA

Atentado foi o mais grave já feito contra as Nações Unidas
Ataque à ONU expõe fragilidade do poder no Iraque

Um ataque terrorista contra a sede da ONU em Bagdá, capital do Iraque, na última terça-feira, provocou, além do rastro de morte e de destruição, dúvidas sobre o futuro da ocupação do país pelas forças da coalizão formada pelos EUA e pelo Reino Unido.
No ataque, feito com cerca de 230 quilos de explosivos, morreram pelo menos 23 pessoas, entre elas o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, 55, Alto Comissário para os Direitos Humanos da ONU e enviado especial da entidade ao Iraque.
O atentado foi também o maior ataque sofrido pelo organismo internacional desde a sua criação, há mais de 50 anos.
Desde 1º de maio, quando o presidente dos EUA, George W. Bush, anunciou que a fase mais violenta dos combates no Iraque havia terminado, já morreram, em ataques realizados por grupos de resistência, 145 soldados da coalizão, número de mortos maior que o registrado durante os combates.
Outros alvos privilegiados desses grupos são oleodutos e redes de distribuição de água, o que provoca, além de prejuízos, danos à população civil e a impressão de que a ocupação piorou a vida no país, acreditam especialistas.
O "The New York Times", um dos mais importantes jornais americanos, criticou: "Os EUA criaram -não por malevolência, mas por negligência- exatamente a situação que o governo Bush descreveu como terreno fértil para terroristas: um Estado incapaz de controlar suas fronteiras e de atender às necessidades básicas de seus cidadãos".
A reação de Bush foi qualificar o ataque à ONU como um atentado "contra o mundo civilizado" e cobrar mais ajuda internacional aos esforços de reconstrução do Iraque. Já o secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, alertou que Washington não considera necessário o envio de mais tropas americanas ao Iraque para fortalecer a defesa.
Na tentativa de manter a situação sob seu controle, os Estados Unidos planejam apresentar uma nova resolução no Conselho de Segurança da ONU para incentivar outros países a enviar tropas ao Iraque.
Outros 22 países, incluindo a Polônia, a Espanha e a Ucrânia, já se comprometeram a enviar soldados.
Ao mesmo tempo, os EUA tentam evitar uma divisão de poder no comando do Iraque.
Tanto os esforços como os contratos para a reconstrução do país, especialmente na área de petróleo, estão todos praticamente vinculados a empresas americanas -apesar de russos e franceses terem, historicamente, laços com o Iraque nessa área.
O apelo de Bush a outros países também corre o risco de passar um sinal contrário a tudo o que os americanos vêm dizendo sobre os progressos no Iraque.

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