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FOLHATEEN EXPLICA
Atentado foi o mais grave já feito contra as Nações Unidas
Ataque à ONU expõe fragilidade do poder no Iraque
Um ataque terrorista contra a sede da ONU
em Bagdá, capital do Iraque, na última terça-feira, provocou, além do rastro de morte e
de destruição, dúvidas sobre o futuro da ocupação do país pelas forças da coalizão formada pelos EUA e pelo Reino Unido.
No ataque, feito com cerca de 230 quilos de
explosivos, morreram pelo menos 23 pessoas,
entre elas o diplomata brasileiro Sérgio Vieira
de Mello, 55, Alto Comissário para os Direitos
Humanos da ONU e enviado especial da entidade ao Iraque.
O atentado foi também o maior ataque sofrido pelo organismo internacional desde a
sua criação, há mais de 50 anos.
Desde 1º de maio, quando o presidente dos
EUA, George W. Bush, anunciou que a fase
mais violenta dos combates no Iraque havia
terminado, já morreram, em ataques realizados por grupos de resistência, 145 soldados da
coalizão, número de mortos maior que o registrado durante os combates.
Outros alvos privilegiados desses grupos
são oleodutos e redes de distribuição de água,
o que provoca, além de prejuízos, danos à população civil e a impressão de que a ocupação
piorou a vida no país, acreditam especialistas.
O "The New York Times", um dos mais importantes jornais americanos, criticou: "Os
EUA criaram -não por malevolência, mas
por negligência- exatamente a situação que
o governo Bush descreveu como terreno fértil
para terroristas: um Estado incapaz de controlar suas fronteiras e de atender às necessidades básicas de seus cidadãos".
A reação de Bush foi qualificar o ataque à
ONU como um atentado "contra o mundo civilizado" e cobrar mais ajuda internacional
aos esforços de reconstrução do Iraque. Já o
secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, alertou que Washington não considera
necessário o envio de mais tropas americanas
ao Iraque para fortalecer a defesa.
Na tentativa de manter a situação sob seu
controle, os Estados Unidos planejam apresentar uma nova resolução no Conselho de
Segurança da ONU para incentivar outros
países a enviar tropas ao Iraque.
Outros 22 países, incluindo a Polônia, a Espanha e a Ucrânia, já se comprometeram a
enviar soldados.
Ao mesmo tempo, os EUA tentam evitar
uma divisão de poder no comando do Iraque.
Tanto os esforços como os contratos para a
reconstrução do país, especialmente na área
de petróleo, estão todos praticamente vinculados a empresas americanas -apesar de
russos e franceses terem, historicamente, laços com o Iraque nessa área.
O apelo de Bush a outros países também
corre o risco de passar um sinal contrário a tudo o que os americanos vêm dizendo sobre os
progressos no Iraque.
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