Segunda temporada de "Lost" chega ao DVD e soluciona alguns mistérios; mas não comemore, não é agora que você irá dormir sossegado

SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Previously... on "Lost'".
No começo, parecia até uma gentileza. Aquela voz lúgubre surgia no começo de cada capítulo e, com essa frase ("previamente, em "Lost'"), dita de modo pausado e aveludado, apresentava um resumo de imagens dos capítulos anteriores. Simpático, não?
Pois é, mas, com o tempo, ouvir essas palavras começou a se tornar um troço um tanto aflitivo. Afinal, elas passaram a nos lembrar a quantidade interminável de perguntas sem resposta, apertos no peito e sustos pelos quais tivemos de passar desde que o vôo 815 da Oceanic Airlines se espatifou numa idílica ilha no Pacífico Sul e acabou com nosso sossego para sempre. Para sempre?
Bom, pelo que podemos ver na segunda temporada de "Lost", que acaba de sair em DVD por aqui e está sendo reprisada pelo canal pago AXN, a angústia não parece ter fim num horizonte próximo.
Na primeira temporada, os sobreviventes do desastre aéreo já haviam se dado conta de que coisas muito estranhas podem acontecer naquela ilha. Depois, o que é pior, foram descobrindo que não estão exatamente sozinhos nessa roubada.
A segunda temporada coloca mais lenha na fogueira de todo esse suspense, e a eletrizante trama que mistura numerologia, esoterismo e ficção científica vai ficando mais complicada. Como é que esses roteiristas vão amarrar todos os nós que inventaram é um mistério.
O fato novo que toma corpo agora é a tensão entre o grupo de sobreviventes. Até aqui, Jack era o líder incontestável e messias nesse pequeno apocalipse. Agora, sua autoridade será questionada. Sawyer é mesmo do mal? O que se passa na cabeça de Locke? Quanto estrago a atormentada Ana Lucia vai causar no grupo?
E você tem alguma idéia do que vai provocar o aumento de toda essa tensão? Adivinhe só. As "lideranças" do grupo vão entrar na misteriosa escotilha instalada no solo da ilha e encontrar sabe o quê? Comida e armas. Comida, armas e um bando de pessoas perdidas numa ilha deserta querendo proteger a própria vida, seus segredos e pecadilhos pessoais. Não é preciso ser sociólogo para perceber que o conflito está latente. Uns vão pensar em formar um exército, outros, uma seita. Outros, ainda, vão adotar a estratégia do "cada um por si".
É por isso que os "flashbacks" vão se tornar cada vez mais reveladores e importantes, pois explicarão um pouco melhor como se constituiu cada personalidade. Dramas familiares, rompimentos amorosos e tragédias pessoais de vez em quando vão fazer você achar que está vendo uma novela tradicional. Mas só de vez em quando. Uma dica, preste atenção nos detalhes, pois eles são peças soltas de um quebra-cabeças que, esperamos, fará algum sentido no final.
Prepare-se também para conhecer um monte de "gente nova" que está na ilha. Começando pelo pessoal que estava na parte de trás do avião e que foi desabar em outra praia. O capítulo "Os Outros 48 Dias", que conta a história deles -bem mais sofrida que a de Jack e sua turma- é sensacional. Os temíveis Outros também vão mostrar um pouco da sua cara.
Se isso é bom ou mau, a gente ainda vai ter de esperar pra ver.