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Rock contra George W. Bush
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
Olha só o time: Bruce
Springsteen, R.E.M.,
Pearl Jam, Dixie
Chicks, Bonnie Raitt e
até o vovô country Willie Nelson. Todos unidos numa
missão: chutar George W. Bush da
Casa Branca. E não só eles. Do rap,
também estão nessa Sean Combs
(ex-Puff Daddy) e Andre 3000 (do
Outkast). Da música para dormir,
Dave Matthews é outro militante
anti-Bush. Além dos hollywoodianos Leonardo di Caprio, Sean Penn,
Ben Affleck, Johnny Depp e -é claro- Michael Moore, o diretor de
"Fahrenheit 11 de Setembro".
A classe artística americana -especialmente a indústria do cinema- tem ligações históricas com o
Partido Democrata, hoje na oposição. Mas nunca tinha havido uma
unidade tão forte dos astros nem
um empenho tão grande para derrotar um candidato republicano.
Até a dondoca pornô Paris Hilton
gravou vinhetas para a rádio mais
descolada do planeta -a Indie103,
de Los Angeles-, estimulando
(verbo é apropriado no caso dela) a
molecada a comparecer às urnas para detonar George W. (o voto não é
obrigatório nos EUA).
A questão é: vai adiantar algo?
Provavelmente, não. Para o bem ou
para o mal, a chamada opinião pública está pouco se lixando para a orientação política de seus artistas preferidos.
Basta lembrar do caso recente das Dixie Chicks, um grupo de country (música
caipira normalmente associada ao conservadorismo político) que andou descendo a lenha no presidente Bush por causa da Guerra do Iraque.
Republicanos fanáticos se levantaram contra elas, e dava mesmo a impressão
de que a carreira das moças estava encerrada. Só que, passadas as primeiras semanas de tumulto, sabe o que aconteceu com as Dixie? Nada. Continuaram vendendo discos como água e lotando shows, adoradas por fãs que não estão nem aí
se elas odeiam Bush, amam o democrata John Kerry ou seja lá o que for.
No domingo retrasado, a revista do jornal "The New York Times" publicou
um perfil assustador de Bush. Mostrou que ele -um cristão renascido fanático- acredita que é um veículo dos desígnios de Deus e que por isso não aceita
discutir a fundo suas decisões. Como George W. tem certeza de que faz a vontade
divina, para que perder tempo com dúvidas? É apavorante, e mais do que justifica o empenho de cantores, atores e diretores em derrotar esse maníaco fundamentalista. Se os eleitores ouvirão seus apelos, isso é outra história.
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