São Paulo, segunda-feira, 25 de outubro de 2004

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Rock contra George W. Bush

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR

Olha só o time: Bruce Springsteen, R.E.M., Pearl Jam, Dixie Chicks, Bonnie Raitt e até o vovô country Willie Nelson. Todos unidos numa missão: chutar George W. Bush da Casa Branca. E não só eles. Do rap, também estão nessa Sean Combs (ex-Puff Daddy) e Andre 3000 (do Outkast). Da música para dormir, Dave Matthews é outro militante anti-Bush. Além dos hollywoodianos Leonardo di Caprio, Sean Penn, Ben Affleck, Johnny Depp e -é claro- Michael Moore, o diretor de "Fahrenheit 11 de Setembro".
A classe artística americana -especialmente a indústria do cinema- tem ligações históricas com o Partido Democrata, hoje na oposição. Mas nunca tinha havido uma unidade tão forte dos astros nem um empenho tão grande para derrotar um candidato republicano.
Até a dondoca pornô Paris Hilton gravou vinhetas para a rádio mais descolada do planeta -a Indie103, de Los Angeles-, estimulando (verbo é apropriado no caso dela) a molecada a comparecer às urnas para detonar George W. (o voto não é obrigatório nos EUA).
A questão é: vai adiantar algo? Provavelmente, não. Para o bem ou para o mal, a chamada opinião pública está pouco se lixando para a orientação política de seus artistas preferidos.
Basta lembrar do caso recente das Dixie Chicks, um grupo de country (música caipira normalmente associada ao conservadorismo político) que andou descendo a lenha no presidente Bush por causa da Guerra do Iraque.
Republicanos fanáticos se levantaram contra elas, e dava mesmo a impressão de que a carreira das moças estava encerrada. Só que, passadas as primeiras semanas de tumulto, sabe o que aconteceu com as Dixie? Nada. Continuaram vendendo discos como água e lotando shows, adoradas por fãs que não estão nem aí se elas odeiam Bush, amam o democrata John Kerry ou seja lá o que for.
No domingo retrasado, a revista do jornal "The New York Times" publicou um perfil assustador de Bush. Mostrou que ele -um cristão renascido fanático- acredita que é um veículo dos desígnios de Deus e que por isso não aceita discutir a fundo suas decisões. Como George W. tem certeza de que faz a vontade divina, para que perder tempo com dúvidas? É apavorante, e mais do que justifica o empenho de cantores, atores e diretores em derrotar esse maníaco fundamentalista. Se os eleitores ouvirão seus apelos, isso é outra história.

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