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Rápido e perigoso, downhill começa a se popularizar no Brasil
Ladeira abaixo
ERIKA SALLUM
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Junte uma bela dose de coragem a muita adrenalina, velocidade e equilíbrio.
Coloque tudo em cima de uma bicicleta poderosa, capaz de agüentar saltos de até
três metros de altura e corridas que chegam
a mais de 70 km/h. Mexa tudo e jogue ribanceira abaixo e você terá um dos esportes mais perigosos do mundo: o downhill.
Como o próprio nome em inglês diz, a
modalidade do momento, que vem conquistando uma leva de garotos e garotas
loucos por emoção, consiste em descer ladeiras cabeludas pilotando bikes especializadas e futuristas. As pistas são de tirar o fôlego. Muito íngremes, geralmente cheias de
obstáculos, como troncos de árvores, pedras pontiagudas e curvas acentuadas. "É
super-radical", diz Luiz Lancellotti de Jesus, 16, que começou no bicicross com 6
anos e, nos últimos tempos, se dedica ao
downhill. "É preciso ter muita técnica e habilidade para chegar inteiro."
Nascido nos anos 80, na Califórnia, o
downhill conquista cada vez mais espaço
no Brasil, que já desponta nas provas internacionais. O catarinense Markolf Erasmus
Berchtold, 24, está hoje entre os dez melhores pilotos do mundo (leia entrevista na
pág. 8). Não há números precisos de quantos praticantes existam por aqui. Mas campeonatos pipocam pelos principais Estados, nos quais chegam a participar mais de
200 ciclistas, e grupos de amantes da modalidade espalham-se por todos os cantos,
principalmente na internet.
A serra da Cantareira, em São Paulo, é um
ótimo termômetro do quanto o downhill
está se popularizando: todos os finais de semana, é possível ver jovens brincando de
descer as ladeiras. "Mais do que um esporte, é um estilo de vida, assim como o surfe e
o skate", diz o veterano Caetano Zammataro, 38, um dos fundadores do Bikezone,
que reúne praticantes e divulga o downhill
no Brasil. "No início dos anos 90, quando o
esporte chegou ao país, quase ninguém sabia do que se tratava. Hoje virou moda."
O downhill faz parte de um conjunto de
novas modalidades radicais de bike de aro
26 (maiores que as de aro 20, aquelas usadas em bicicross), chamado ciclismo extremo -versão brazuca do inglês "extreme"
(radical). Nele, existem ainda o "freeride",
o "dirt jump", o "4 Cross", entre outras
(leia ao lado). Muitas delas são recentes,
mas aos poucos estão fazendo a cabeça de
quem curte adrenalina. "O legal é que cada
modalidade tem sua dificuldade", diz Rafael de Marigny, 18. "Só depois de muitos
tombos e treino é que se consegue ser um
piloto "overall", ou seja, completo."
Para praticar downhill, é necessário ter
uma bike própria para isso, que lembra
uma moto. Bem maior e mais pesada que
uma magrela comum, a de downhill tem
quadro reforçado e suspensão dianteira e
traseira, para agüentar as duras quedas e a
alta velocidade. O brinquedo custa caro.
Uma boa bike de downhill ultrapassa R$ 15
mil, mas há muitas mais em conta disponíveis no mercado. Fora os equipamentos de
segurança, obrigatórios para qualquer piloto: capacete fechado, como os usados em
moto, colete especial de plástico, cotoveleiras, joelheiras e luvas reforçadas.
Como em todo esporte radical, os pilotos
de downhill têm de se acostumar com os
acidentes graves, nos quais quebram braços, mãos, clavícula... "Já quebrei uma costela e a mão e me ralei muito desde que comecei no esporte, há seis anos", conta
Leandro Campovilla, o Cabelinho, de 23
anos, atual campeão paulista. "O segredo é
aprender a cair. Em vez de colocar as mãos
para aparar a queda, por exemplo, o melhor é encolher os braços e tentar rolar."
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