ALESSANDRA KORMANN
DA REPORTAGEM LOCAL

De Pink Floyd a Tom Jobim, com uma pitada de psy-trance. De Interlagos ao Belém, passando pelo centro de São Paulo. Do artista de rua ao estudante. A mistura é total no Encontro no Beco, que acontece toda segunda-feira na Vila Madalena. O ponto comum é um só: todo mundo lá é louco por malabares. No ar, ao mesmo tempo, muitas bolinhas, clavas de fogo e fitas coloridas.
"Segunda-feira não é mais aquele dia chato. A gente vem, encontra os amigos, um ensina os truques para o outro", diz a estudante Camila Danieletto, 19, que aprendeu a jogar bolinhas há dois anos. "Fui viajar com um amigo e ele disse que a gente só ia embora quando eu aprendesse."
Como ela, é cada vez maior o número de jovens querendo aprender malabarismo. Também existem encontros semanais em outras cidades, como São Bernardo do Campo, Rio de Janeiro, Curitiba e Salvador.
Os motivos do maior interesse pelo malabarismo entre os jovens são vários: desde as apresentações em raves até as aulas de circo em algumas escolas particulares. O fato é que ele vai passando de um praticante para outro, no boca-a-boca. "Eu já ensinei para outras amigas. Todos os amigos pedem para aprender", conta Camila.
Para muita gente, jogar malabares para o alto é uma terapia. "É um meio de relaxamento. Quando jogo, não penso em nada", diz Victor Gomes, 17, o Picadinho.
A vontade de se superar também instiga. "É a sensação do primeiro desafio vencido", afirma Luiz Francisco de Vasconcelos, 29, o Duíco, um dos organizadores do Encontro no Beco. O próximo desafio da turma é acrescentar um novo termo à língua portuguesa. Em inglês, o ato de fazer malabarismo é verbo ("to juggle"). "As pessoas já estão falando "malabarizar" ou "malabarear'", diz Duíco. Para quem desafia a lei da gravidade, nada é impossível.