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NA ESTRADA
MAYRA DIAS GOMES - mayradiasgomes@uol.com.br
Terapia não é coisa de louco e pode ajudar você
LEMBRO-ME DA primeira
vez em que a escola sugeriu
que minha mãe me colocasse na terapia. Eu estava na
4ª série, meu pai havia morrido num acidente de carro,
e todos os canais de TV estavam mostrando o enterro.
Diferentemente do que
esperavam, eu só havia faltado a um dia de aula -o
terrível dia em que soube do
acidente pela internet. No
seguinte, voltei a estudar.
Antes aterrorizada com a
proposta da escola de me
passar da 4ª para a 6ª série,
agora eu estava segura.
"Nada pode ser pior do que
perder um pai", pensei.
Para a terapia, eu disse
não. Achei que estavam me
chamando de louca.
Tive uns anos de calmaria até entrar numa adolescência dramática.
Cigarros, drogas, baladas, relacionamentos abusivos, desinteresse por estudos e regras, depressão,
pensamentos suicidas.
Passei por tudo isso enquanto minha mãe se desesperava, sem saber como
me ajudar. Vi o mesmo
acontecer com amigos.
Quando finalmente aceitei a terapia, me surpreendi.
Acabei ficando lá por quatro
anos. E, com as descobertas
que fiz naquele consultório,
escrevi meu primeiro livro,
"Fugalaça".
Antes, eu achava que só
loucos pagavam psicólogos
para ouvi-los. Achava que
pedir ajuda a alguém faria
de mim uma pessoa fraca.
Talvez você esteja passando por uma fase parecida. E, se está, certamente
não acha que é só uma fase.
Quem sabe alguém sugeriu
um psicólogo. Você é teimoso e acha que não precisa.
Escrevo hoje para pedir
que você dê uma chance para a terapia. Peço para que a
veja da seguinte forma: você
poderá gritar, espernear, falar do que quiser.
E, em vez de colocarem
você de castigo ou cortarem
sua mesada, sua terapeuta
vai ajudar você a se conhecer melhor.
No final, o que todos querem é que você aprenda a lidar com o turbilhão da adolescência.
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