GUILHERME WERNECK
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde que o rock existe (e ele já é um senhor cinquentão), surgem rostos bonitos, de guitarra em punho, se autoproclamando roqueiros. Até aí, tudo bem, faz parte do folclore do gênero. Mas dá para imaginar um dos Backstreet Boys deixando de lado as coreografias à la Xuxa e atacando os nossos ouvidos com guitarras? Sei que é difícil, mas, "de férias" dos BSB, Nick Carter, 22, encasquetou que agora ele quer mesmo é fazer rock.
Em tempos de boa safra roqueira -Vines, Hives, Queens of the Stone Age, Strokes, White Stripes e tantos outros-, eis que o bonitão dá as caras com o disco "Now or Never".
Já no título do CD, Carter dá uma pista de sua urgência em fugir dos últimos anos no BSB. "Trabalho com eles desde os 12 anos. Agora tenho 22 e quero experimentar algo novo", disse ao Folhateen, por telefone, dos EUA. "Sempre quis fazer rock, porque eu não podia fazer nada muito pesado no BSB. Eu gosto de surpreender as pessoas."
O problema é que o disco não chega a surpreender em nenhum momento, e a mesma sensação de armação que a boy band passa é sentida com intensidade ao longo do CD.
Já na primeira faixa, "Help Me" (que parece uma versão aguada de um original adocicado de George Michael), fica claro que Carter pode até tocar guitarra, mas está a léguas de distância do rock, que é muito mais uma questão de atitude do que de uma sequência de acordes.
O disco todo segue na mesma toada, sendo marcado por canções de amor fracas, repletas de clichês e figuras de linguagem vexaminosas.
Embora Carter cometa "60% das canções", ele mesmo diz que é um disco superproduzido. "Trabalhei perto dos meu produtores, e eles me influenciaram muito". As 13 faixas pasteurizadas confirmam.