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MÚSICA
Gaúchos do Krisiun levam o metal às últimas conseqüências
Medidas extremas
DA REPORTAGEM LOCAL
Se você perguntar
a um gringo o
que ele sabe de metal brasileiro, há
boas chances de ele
ter duas bandas na
cabeça: Sepultura e
Krisiun.
Assim como
aconteceu com os
mineiros, os gaúchos do Krisiun
conquistaram rapidamente a atenção dos "headbangers" de fora do
Brasil com seu
death metal poderoso, que segue a
trilha aberta por
Venom e Slayer
nos anos 80.
Também semelhante à do Sepultura é a origem da
banda, que foi forjada dentro de casa, por três irmãos
fanáticos pelo
heavy metal.
"Meu irmão Alex
[baixo e vocal] tocava numa banda
primitiva no interior do Estado e
acendeu a chama. O Moyses aprendeu a tocar guitarra, e eu, bateria",
conta Max Kolesne, 30.
Nesse começo nos anos 80, sem
grana para comprar bons instrumentos, os então garotos do Krisiun
improvisavam.
"Por muito tempo foi na raça. A
gente não tinha instrumentos decentes e se virava: montava pedal de
guitarra, fazia muita gambiarra",
diz Kolesne, que montou sua primeira bateria roubando os tambores de fanfarra da escola onde estudava, em Chuí (RS).
Hoje o trio é conhecido por ir ao
extremo do metal, tocando rápido e
pesado. Contudo, só conheceu o
metal radical depois de ouvir muito
Black Sabbath, Judas Priest e Motörhead. "Só quando a gente começou a se interessar mais pelo underground, a conhecer o lado mais extremo de bandas como Venom e
Slayer, foi que nasceu a paixão pela
velocidade, pela agressividade."
E são essas as marcas registradas
do Krisiun desde o álbum independente "Black Force Domain"
(1995), que já trazia os ataques de
bateria furiosos, os vocais guturais,
a marcação forte de baixo e a guitarra de alta octanagem sonora.
Com esse disco, a banda conquistou um fã entre seus ídolos, o guitarrista Trey Azagthoth, do Morbid
Angel, banda americana que fará
uma turnê européia com o Krisiun
a partir do dia 20/2.
Sobre o estilo agressivo, Kolesne
diz que é um veio natural. "É uma
brutalidade que vem de dentro de
você, e aí você faz letras que o inspiram a tocar desse
jeito agressivo, falando de guerras,
do lado mau, obscuro da humanidade", diz o baterista,
explicando por que
a banda se baseia na
história e em fatos
reais, que espelhem
a brutalidade e a
violência, para escrever as letras.
Em favor de tiranos como Gengis
Khan (1167-1227), a
banda descarta o
ocultismo que ronda o death metal. "A
gente já se interessou por isso [o ocultismo], mas é uma
coisa muito pessoal,
e ninguém sabe nada. Existem coisas
que foram escritas
ou inventadas pelo
próprio homem. A
realidade é muito
mais brutal", diz
Kolesne.
Valendo-se dessa
receita de extremismo lírico e sonoro,
o Krisiun deu seu passo mais importante com a gravação de "Conquerors of Armageddon", em 2000,
o primeiro disco lançado pela Century Media.
Com mais estrutura, os três puderam se dedicar só à banda e compuseram mais dois petardos -"Angeless Venomous" (2001) e "Works of
Carnage"-, firmando posição no
topo do metal extremo brasileiro.
No sábado, 7/2, o Krisiun faz show
em São Paulo com Ratos de Porão e
Korzus. No repertório, estão as músicas de "Works of Carnage", além
de composições de seus discos anteriores.
(GUILHERME WERNECK)
Krisiun, Ratos de Porão e Korzus
Quando: 7/2, às 20h
Onde: A1 SP (r. Funchal, 500, Vila Olímpia)
Quanto: de R$ 30 a R$ 60
Informações: tel. 0/xx/11/3171-2969
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