|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
02 Neurônio
@ - Jô Hallack, Nina Lemos, Raq Affonso - 02neuronio@uol.com.br
Perdão (e Suzana Vieira) em debate
A CENA foi a seguinte. Uma de nós parou
em uma banca de um posto da estrada
com uma amiga para comprar o jornal.
Até que viram, estampada na capa de uma revista de celebridades, a notícia de que a Suzana
Vieira tinha perdoado o marido, Marcelo. Você
sabe quem é o Marcelo. Todo mundo sabe.
Não importa se você acha fofoca de famosos
deprê, se prefere ficar por dentro de bandas
modernas de rock ou se estuda filosofia. Todo o
Brasil sabe quem é o Marcelo. E acompanha
sua vida, que ganhou contornos
bizarros depois que ele quebrou
um quarto de motel e bateu em
uma garota de programa.
Compramos a revista e o assunto naquele momento ficou
mais importante para a gente do
que todas as notícias de violência
e a previsão do tempo que estavam no jornal. Histéricas, abrimos a revista atrás da matéria.
-Tô passada! Ela não pode ter
perdoado!
-Nossa, mas isso é o auge da carência, né?
Foi aí que o vendedor da banca se meteu:
-Se vocês amassem de verdade, perdoariam- disse o moço, nos olhando como se fôssemos duas frias.
Será? Na mesa-redonda do caso Vieira, que acontece semanalmente no salão que outra de nós faz pé-e-mão, as manicures já decretaram: isso não é amor. É descontrole mesmo. Carência. Maluquice. Pelo menos é o que dizem as manicures. E
nós concordamos. E olha que a gente já perdoou um monte de
coisas, é verdade. Aí incluídos traição propriamente dita,
grosseria e tratamento bem abaixo daquele que achamos que
merecemos.
A atriz posou impávida com o marido no camarote da cerveja durante o Carnaval. E disse que eles nunca estiveram de
mal. Bem, as freudianas do capuccino daqui do lado acham
que ela está é com medo da sensação horrorosa que é perder
alguém.
Afinal, se a gente fica mal até quando perde o celular, como
não ficaria quando perde um pretê? Se a gente fica deprê de
verdade com o sumiço de um bicho de estimação, o que fazer
com o sumiço de um marido? Voltar, é claro. Assim a dor passa. Ela também pode estar sendo acometida da síndrome ENMVTANMV (eu nunca mais vou ter alguém na minha vida), uma doença que nos acomete sempre que terminamos um namoro.
Temos vontade de sair com uma camiseta que uma amiga
fez após terminar um romance. Estava escrito: "Não sei perdoar". Ninguém teve coragem de comprar.
Momento de histeria
Eu tenho uma camiseta escrita "Não sei perdoar"
Texto Anterior: Quadrinhos: Os quadrinistas estão chegando Próximo Texto: Tecnologia: Filminhos de celular Índice
|