São Paulo, segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

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02 Neurônio

@ - Jô Hallack, Nina Lemos, Raq Affonso - 02neuronio@uol.com.br

Perdão (e Suzana Vieira) em debate

A CENA foi a seguinte. Uma de nós parou em uma banca de um posto da estrada com uma amiga para comprar o jornal. Até que viram, estampada na capa de uma revista de celebridades, a notícia de que a Suzana Vieira tinha perdoado o marido, Marcelo. Você sabe quem é o Marcelo. Todo mundo sabe.
Não importa se você acha fofoca de famosos deprê, se prefere ficar por dentro de bandas modernas de rock ou se estuda filosofia. Todo o Brasil sabe quem é o Marcelo. E acompanha sua vida, que ganhou contornos bizarros depois que ele quebrou um quarto de motel e bateu em uma garota de programa.
Compramos a revista e o assunto naquele momento ficou mais importante para a gente do que todas as notícias de violência e a previsão do tempo que estavam no jornal. Histéricas, abrimos a revista atrás da matéria.
-Tô passada! Ela não pode ter perdoado!
-Nossa, mas isso é o auge da carência, né?
Foi aí que o vendedor da banca se meteu:
-Se vocês amassem de verdade, perdoariam- disse o moço, nos olhando como se fôssemos duas frias.
Será? Na mesa-redonda do caso Vieira, que acontece semanalmente no salão que outra de nós faz pé-e-mão, as manicures já decretaram: isso não é amor. É descontrole mesmo. Carência. Maluquice. Pelo menos é o que dizem as manicures. E nós concordamos. E olha que a gente já perdoou um monte de coisas, é verdade. Aí incluídos traição propriamente dita, grosseria e tratamento bem abaixo daquele que achamos que merecemos.
A atriz posou impávida com o marido no camarote da cerveja durante o Carnaval. E disse que eles nunca estiveram de mal. Bem, as freudianas do capuccino daqui do lado acham que ela está é com medo da sensação horrorosa que é perder alguém.
Afinal, se a gente fica mal até quando perde o celular, como não ficaria quando perde um pretê? Se a gente fica deprê de verdade com o sumiço de um bicho de estimação, o que fazer com o sumiço de um marido? Voltar, é claro. Assim a dor passa. Ela também pode estar sendo acometida da síndrome ENMVTANMV (eu nunca mais vou ter alguém na minha vida), uma doença que nos acomete sempre que terminamos um namoro.
Temos vontade de sair com uma camiseta que uma amiga fez após terminar um romance. Estava escrito: "Não sei perdoar". Ninguém teve coragem de comprar.

Momento de histeria

Eu tenho uma camiseta escrita "Não sei perdoar"

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