São Paulo, segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

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Tecnologia

Filminhos de celular

Festivais por todo o mundo abrem espaço para filmes feitos com celular

LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois da máxima "uma câmera na mão e uma idéia na cabeça", do cinema novo, chegou a era do "celular na mão e uma idéia na cabeça". Hoje, graças ao avanço tecnológico, já é possível dar uma de cineasta tendo como "equipamento" apenas um telefone celular.
Isso porque a maioria dos aparelhos de última geração têm câmeras de foto e de vídeo -que permitem ver e fazer filmes de curta-metragem com poucos recursos técnicos-, o que tem contribuído para o surgimento de cineastas precoces.
Fernando Visani, 17, é um deles. No final do ano passado, ganhou um aparelho com câmera e passou a registrar os momentos mais divertidos ao lado dos amigos.
"Gosto de pegar as pessoas desprevenidas, faço perguntas provocativas e gravo sem que elas percebam", diz o estudante, que também já se arriscou num curta-metragem, adaptando uma cena do filme "Cazuza". "Fiz com amigos. A gente ensaiou, colocou peruca."
Mas não espere grandes produções. As câmeras de celular ainda têm restrições técnicas, como a baixa definição da imagem, e gravam por pouco tempo. Mesmo assim, é possível editar o material e até jogar na internet.
Se, para uns, os filminhos são diversão, para outros, o potencial artístico dessa nova mídia já está sendo levado a sério.
No último dia 15, o mais importante festival de cinema independente, o Sundance, lançou um projeto de curtas para celulares e disponibilizou cinco filmes para download no site.
Na França, o pioneiro Festival Pocket Film, criado em 2005, já recebeu inscrições de mais de 800 filmes feitos com celular desde a sua criação.
O Brasil também já entrou nessa onda. Mobilefest, realizado em novembro do ano passado, Bahia Celular Filme, realizado em janeiro, e o on-line Fluxus, que está no ar, são festivais nacionais que abriram espaço para a nova produção.
"A vantagem do celular é que você pode filmar em qualquer lugar, a qualquer hora. Isso dá uma grande liberdade de criação. Já fiz um curta com celular durante uma viagem de carro", afirma a videomaker Clarissa Campolina, 27, que participa do festival Fluxus com o curta "Where Are You".
Tasso Dourado, 23, que está no último ano da faculdade de computação e trabalha numa produtora de vídeos, conta que fez seu filme de celular do mesmo jeito que costuma fazer com uma câmera digital.
Ele participou do Bahia Celular Filme com o curta "Olhos", que contou com uma equipe de sete pessoas e levou oito horas para ficar pronto, entre o processo de gravação e a edição.
"O único problema é que o celular tem poucos recursos. Só dá para controlar um pouco a luz, não há foco nem zoom. A vantagem é que qualquer um pode fazer, não precisa de técnica, só de criatividade", diz.


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