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Tecnologia
Filminhos de celular
Festivais por todo o mundo abrem espaço para filmes feitos com celular
LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois da máxima
"uma câmera na
mão e uma idéia na
cabeça", do cinema
novo, chegou a era
do "celular na mão e uma idéia
na cabeça". Hoje, graças ao
avanço tecnológico, já é possível dar uma de cineasta tendo
como "equipamento" apenas
um telefone celular.
Isso porque a maioria dos
aparelhos de última geração
têm câmeras de foto e de vídeo
-que permitem ver e fazer filmes de curta-metragem com
poucos recursos técnicos-, o
que tem contribuído para o surgimento de cineastas precoces.
Fernando Visani, 17, é um deles. No final do ano passado, ganhou um aparelho com câmera
e passou a registrar os momentos mais divertidos ao lado dos
amigos.
"Gosto de pegar as pessoas
desprevenidas, faço perguntas
provocativas e gravo sem que
elas percebam", diz o estudante, que também já se arriscou
num curta-metragem, adaptando uma cena do filme "Cazuza". "Fiz com amigos. A gente
ensaiou, colocou peruca."
Mas não espere grandes produções. As câmeras de celular
ainda têm restrições técnicas,
como a baixa definição da imagem, e gravam por pouco tempo. Mesmo assim, é possível
editar o material e até jogar na
internet.
Se, para uns, os filminhos são
diversão, para outros, o potencial artístico dessa nova mídia
já está sendo levado a sério.
No último dia 15, o mais importante festival de cinema independente, o Sundance, lançou um projeto de curtas para
celulares e disponibilizou cinco
filmes para download no site.
Na França, o pioneiro Festival Pocket Film, criado em
2005, já recebeu inscrições de
mais de 800 filmes feitos com
celular desde a sua criação.
O Brasil também já entrou
nessa onda. Mobilefest, realizado em novembro do ano passado, Bahia Celular Filme, realizado em janeiro, e o on-line Fluxus, que está no ar, são festivais nacionais que abriram espaço para a nova produção.
"A vantagem do celular é que
você pode filmar em qualquer
lugar, a qualquer hora. Isso dá
uma grande liberdade de criação. Já fiz um curta com celular
durante uma viagem de carro",
afirma a videomaker Clarissa
Campolina, 27, que participa
do festival Fluxus com o curta
"Where Are You".
Tasso Dourado, 23, que está
no último ano da faculdade de
computação e trabalha numa
produtora de vídeos, conta que
fez seu filme de celular do mesmo jeito que costuma fazer
com uma câmera digital.
Ele participou do Bahia Celular Filme com o curta "Olhos",
que contou com uma equipe de
sete pessoas e levou oito horas
para ficar pronto, entre o processo de gravação e a edição.
"O único problema é que o
celular tem poucos recursos. Só
dá para controlar um pouco a
luz, não há foco nem zoom. A
vantagem é que qualquer um
pode fazer, não precisa de técnica, só de criatividade", diz.
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