São Paulo, segunda-feira, 26 de agosto de 2002

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SHOW

Mini-festival traz o pioneiro do dub Lee "Scratch" Perry e seu discípulo Mad Professor

Sons em câmera lenta

DA REPORTAGEM LOCAL

Pela primeira vez, os sons vaporosos do dub ganham uma série de shows em São Paulo. E, para quem curte o gênero -forjado na Jamaica nos anos 60 e revigorado pelo trip-hop inglês dos anos 90-, a vinda do veterano Lee "Scratch" Perry, 66, e do inspirado Mad Professor é um presente dos deuses. Os dois são as principais atrações do Dub Mamute, que acontece de sexta (30/8) a domingo (1º/ 9) no teatro do Sesc Pompéia.
Embora a origem do estilo esteja diretamente relacionada à evolução do reggae, o que se verá nos shows são as diferentes mutações sonoras incorporadas ao DNA do dub. "Tudo nasceu na Jamaica, mas vamos mostrar todos os lados do dub, não só o reggae", diz Rodrigo Brandão, 29, integrante do Mamelo Sound System e um dos produtores dos shows.
Ao apresentar esses dois ícones internacionais, o Dub Mamute consegue condensar a história do estilo, já que Perry é figura central de sua criação, no final dos anos 60, e Mad Professor o leva ao limite a partir dos anos 80.
O dub nasce na pista de dança, quando DJs passaram a despir sucessos do reggae de suas letras e melodia, deixando a seção rítmica (baixo e bateria) em evidência e recheando os espaços com ecos e efeitos. Na pista, as pessoas usavam esse esqueleto musical para cantar as letras originais de suas canções preferidas.
Durante a década de 70, quase todos os lançamentos de reggae ganhavam a sua versão dub em lados B de compactos.
Perry, que havia produzido as primeiras canções de Bob Marley and the Wailers, foi um dos mestres dessa arte e um dos pioneiros em libertá-la dos lados B, o que pode ser conferido em discos como "Rhythm Shower", de 72.
Nascido na Guiana, Mad Professor foi para Londres aos 13 anos. Embora seja considerado um dos afilhados de Perry, ele representa outra fase do dub, que, no final dos anos 70 na Inglaterra, já tinha sido incorporado pela música pop e, principalmente, pelo punk.
A partir de seu estúdio Ariwa, Mad Professor manteve acesa a chama do dub pelos anos 80. Mas foi nos 90 que fez seu disco mais popular. Em "No Protection", de 95, ele imprimiu a sua marca em ótimas versões dub para faixas do segundo álbum do Massive Attack, "Protection".
No Dub Mamute, o rapper carioca Black Alien será o mestre de cerimônias dos três dias. Na sexta, ele abre a série de shows ao lado do DJ Yellow P, considerado por Brandão o melhor DJ brasileiro de dub. Na sequência, Marcelo Yuka, do Rappa, apresenta seu projeto solo. A noite termina com Perry na mesa de som.
No sábado, o parceiro de Black Alien, DJ Speed Freaks, abre a noite. Depois, o Mamelo Sound System mostra o seu híbrido de rap e dub. Acompanhado por sua banda (baixo, bateria e teclados), Mad Professor comanda a mesa de som e depois passa a bola para Perry, que também irá usar a mesma banda para criar suas manipulações sonoras.
No domingo, tudo começa com o encontro da eletrônica do Drumagick com o hip hop freestyle de Max B.O. Depois, é a vez de B-Negão, do Planet Hemp, mostrar o seu trabalho solo. De novo, a noite termina com Mad Professor e Perry. (GUILHERME WERNECK)


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