São Paulo, segunda-feira, 26 de agosto de 2002

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"Insônia" é um filmaço que você não pode perder

Este é o filme: "Insônia", do diretor inglês Christopher Nolan. É o mesmo talento de 32 anos que filmou "Amnésia", tão bom quanto, mas que acabou desprezado pelo público "inteligente" brasileiro por não ser suficientemente cabeça.
"Insônia" é caso raro entre jovens cineastas. Trata-se de uma fita com base em roteiro, em uma história bem contada, e não necessariamente em artifícios (vícios?) de edição, filmagem e interpretação.
Você já dever ter ouvido falar que "Insônia" conta o caso de um policial de Los Angeles (Al Pacino), que, mais sujo do que pau de galinheiro, é transferido temporariamente para um lugar quente e aprazível, o Alasca, para esclarecer a morte de uma bela jovem.
Logo de cara, em busca do criminoso em meio à névoa gelada, Dormer, o tira interpretado por Al Pacino, atira na pessoa errada. Como se não bastasse, o verão do Alasca tem uma peculiaridade: o Sol nunca se põe. Dormer fica transtornado, não consegue dormir.
Pronto, só isso. O restante é o Al Pacino fazendo um monte de bobagens, tentando remediá-las e se enfurnando ainda mais em rolo atrás de rolo. Tudo, literalmente, às claras.
Com um roteiro tão poderoso, "Insônia" acabou me fazendo lembrar um filme bem diferente, "O Informante", de Michael Mann, que passou no Brasil há quase três anos. Também sem firulas: tinha diálogos precisos, direção firme e vamos que vamos.
Na verdade, comecei falando de "Insônia" para aproveitar que está passando no Brasil. Mas o assunto de verdade de "Escuta Aqui" de hoje é outro filme, inédito por aqui: "Signs", de M. Night Shyamalan.
Você sabe, né? "Signs" mostra o Mel Gibson como um jeca que um belo dia acorda e vê suas plantações tomadas por círculos misteriosos, iguais àqueles que há uns 15 anos surgiram na Inglaterra. No filme, os círculos são obras de ETs que chegam à Terra para arrepiar geral.
Shyamalan, o diretor, é um nerd. Suas fitas são a prova inconteste disso. Filmes de um viciado em cinema, que vê a arte de filmar quase como uma atividade científica. É a mesma linha, ao que me parece, de diretores como Darren Aronofsky ("Réquiem para um Sonho") e Steven Soderbergh ("Traffic").
Os três são talentosíssimos, mas, de certo modo, parecem fazer filmes para quem entende tanto quanto eles de cinema e é capaz de perceber as diversas firulas que usam em seu trabalho.
Christopher Nolan, ao contrário, mostra-se um diretor para gente de verdade, um público do qual ele só exige alguma inteligência e interesse por uma grande história sendo magistralmente contada.


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