São Paulo, segunda-feira, 26 de outubro de 2009

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LIVRO

Retrato do autor quando jovem

Para ganhador do Jabuti teen, literatura "jovem' é balela e "Harry Potter" é bom

CHICO FELITTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Para se passar por adulto e pegar um avião desacompanhado, o teen Pedro anda com um livro de tragédias de Shakespeare que nunca leu.
O mesmo compilado do autor inglês está na prateleira da sala de Rodrigo Lacerda, 40, escritor de "O Fazedor de Velhos", livro protagonizado por Pedro que ganhou a categoria Juvenil do Prêmio Jabuti 2009.
Isso porque Rodrigo é Pedro. "E não sou, ao mesmo tempo." A obra é o que se chama de romance de formação, em que é narrado o processo de amadurecimento do protagonista.
O gênero já rendeu clássicos como "O Apanhador no Campo de Centeio", de J. D. Salinger.
Mas a diferença de "O Fazedor de Velhos" é que ele tem temas rotineiros de um jovem brasileiro que vive agora.
No caso de Pedro/Rodrigo, o ofício veio com uma crise. Melhor, com várias. Ele primeiro leva um pé na bunda da paixonite de cursinho e depois não se encaixa no curso de história.
E então, aos 20 anos, decide ir atrás da vida. A leitura do Shakespeare que levava para passear muda seu destino. E o resto você lê no livro, cuja leitura flui e vale a pena.
Mesmo considerado "o" autor teen do ano, Lacerda parece usar aspas ao falar em livro "para jovens". Isso porque diz não botar muita fé na divisão.
"Sempre que o livro é muito bom, dizem que não é para jovem", falou-lhe a também escritora e amiga Índigo. E ele diz que foi isso o que aconteceu.
Mas que há, sim, qualidade sendo vendida. Ele considera excelente a série "Harry Potter". "São livros grandes, de letras pequenas e cheios de personagens que exigem fôlego."
Já "Crepúsculo" e todas as variações vampirescas recentes nunca o morderam. "Os vampiros misturam sexo com mistério. Adolescentes vivem o medo da iniciação sexual e da vida que vem depois."
Quanto à vida que veio para ele depois do livro? "Foi boa." O plano é gastar a grana do mais renomado prêmio do país. "Provavelmente vou "torrar" [os R$ 3 mil do prêmio] em uma viagem de fim de ano."


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