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esportes
O oitavo mestre
Representante da "geração on-line do xadrez", o cearense André Diamant, 19, conquista o título máximo do esporte
DIOGO BERCITO
DA REPORTAGEM LOCAL
André Diamant não
tinha nem chegado
aos seis anos quando
sua irmã mais velha
o ensinou que os cavalos se movem em "L" e os bispos, na diagonal.
Aos 19, o garoto conquistou,
no último dia 31 de março, o título de grande mestre de xadrez -o equivalente a uma faixa preta desse esporte, algo que
apenas sete brasileiros tinham
conseguido antes dele.
Para ser considerado um
grande mestre internacional
(há mais de mil deles, no mundo), um enxadrista precisa
cumprir uma série de requisitos, como acumular mais de
2.500 pontos de "score"-em
uma partida de xadrez, a pontuação é calculada de acordo
com a diferença entre a posição
dos dois jogadores no ranking.
É necessário, também, ter
passado também pelos estágios
de mestre fide e de mestre internacional -títulos que André
conquistou, respectivamente,
aos 11 e aos 17 anos.
O primeiro grande mestre
brasileiro foi Henrique Mecking, o Mequinho, que conquistou o título em 1972, também
aos 19 anos, e ficou tão famoso
que apareceu até em música do
Raul Seixas ("Super-Heróis").
A idade da conquista do título pode até ter sido a mesma,
mas há um abismo entre os dois
campeões -mais de três décadas, passagem de tempo que
transformou os treinos e até
mesmo as competições.
Enquanto Mequinho, na hora de treinar, só podia recorrer
a livros e tabuleiros, André conta com um recurso próprio da
sua época: a internet. Foi assim,
inclusive, que se descreveu, em
entrevista à Folha: "Sou da geração on-line do xadrez".
É com o MSN aberto no
computador que o garoto treina, de casa. O arsenal de que
dispõe é extenso. Conectado a comunidades virtuais, pode jogar com
enxadristas do mundo inteiro.
"Quando fico sabendo com
quem vou competir, vou correndo para o banco de dados da
federação, na internet, ver qual
é a cara do meu oponente",
conta André. "Se for uma garota, então...", brinca.
Tabuleiro virtual
A internet foi, desde o começo da carreira do esportista,
uma ferramenta essencial. Foi
por meio dela, por exemplo,
que a escola de xadrez de São
Petersburgo o descobriu e fez a
ele um convite tentador: que
fosse treinar na Rússia. Tinha
12 anos na época, e aceitou.
Foi sozinho e ficou no país
por apenas dois meses. De lá,
foi morar com seu pai no Ceará
e, no período em que ficou no
Nordeste (dos 13 aos 15 anos),
pouco conquistou. Aos 16, André voltou para São Paulo, patrocinado pelo A Hebraica, clube pelo qual compete até hoje.
Quanto ao futuro... André
trancou o curso de sistemas da
informação, para o qual não sabe se volta. Agora, sem títulos a
conquistar, resta ao campeão
galgar o ranking e se tornar o
primeiro entre os primeiros.
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