São Paulo, segunda-feira, 27 de abril de 2009

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esportes

O oitavo mestre

Representante da "geração on-line do xadrez", o cearense André Diamant, 19, conquista o título máximo do esporte

DIOGO BERCITO
DA REPORTAGEM LOCAL

André Diamant não tinha nem chegado aos seis anos quando sua irmã mais velha o ensinou que os cavalos se movem em "L" e os bispos, na diagonal.
Aos 19, o garoto conquistou, no último dia 31 de março, o título de grande mestre de xadrez -o equivalente a uma faixa preta desse esporte, algo que apenas sete brasileiros tinham conseguido antes dele.
Para ser considerado um grande mestre internacional (há mais de mil deles, no mundo), um enxadrista precisa cumprir uma série de requisitos, como acumular mais de 2.500 pontos de "score"-em uma partida de xadrez, a pontuação é calculada de acordo com a diferença entre a posição dos dois jogadores no ranking.
É necessário, também, ter passado também pelos estágios de mestre fide e de mestre internacional -títulos que André conquistou, respectivamente, aos 11 e aos 17 anos.
O primeiro grande mestre brasileiro foi Henrique Mecking, o Mequinho, que conquistou o título em 1972, também aos 19 anos, e ficou tão famoso que apareceu até em música do Raul Seixas ("Super-Heróis").
A idade da conquista do título pode até ter sido a mesma, mas há um abismo entre os dois campeões -mais de três décadas, passagem de tempo que transformou os treinos e até mesmo as competições.
Enquanto Mequinho, na hora de treinar, só podia recorrer a livros e tabuleiros, André conta com um recurso próprio da sua época: a internet. Foi assim, inclusive, que se descreveu, em entrevista à Folha: "Sou da geração on-line do xadrez".
É com o MSN aberto no computador que o garoto treina, de casa. O arsenal de que dispõe é extenso. Conectado a comunidades virtuais, pode jogar com enxadristas do mundo inteiro.
"Quando fico sabendo com quem vou competir, vou correndo para o banco de dados da federação, na internet, ver qual é a cara do meu oponente", conta André. "Se for uma garota, então...", brinca.

Tabuleiro virtual
A internet foi, desde o começo da carreira do esportista, uma ferramenta essencial. Foi por meio dela, por exemplo, que a escola de xadrez de São Petersburgo o descobriu e fez a ele um convite tentador: que fosse treinar na Rússia. Tinha 12 anos na época, e aceitou.
Foi sozinho e ficou no país por apenas dois meses. De lá, foi morar com seu pai no Ceará e, no período em que ficou no Nordeste (dos 13 aos 15 anos), pouco conquistou. Aos 16, André voltou para São Paulo, patrocinado pelo A Hebraica, clube pelo qual compete até hoje.
Quanto ao futuro... André trancou o curso de sistemas da informação, para o qual não sabe se volta. Agora, sem títulos a conquistar, resta ao campeão galgar o ranking e se tornar o primeiro entre os primeiros.


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