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FOLHATEEN EXPLICA
Governo comemora, mas redução nos anos 90 foi inferior à dos 80
Taxa de mortalidade infantil cai menos na última década
RUBENS VALENTE
DO PAINEL
Mesmo com reconhecidas conquistas do governo federal e
da sociedade civil no combate à
mortalidade infantil no país, a redução do índice de crianças mortas entre os anos de 1990 e 2000
foi menor do que a redução verificada entre 1980 e 1990.
Segundo o Censo 2000 do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística), no ano 2000 morreram, antes de completar um ano
de idade, 29,6 crianças a cada
grupo de mil.
Em 1990, morreram 48,3 crianças a cada grupo de mil nascidas
vivas. Isso significa uma redução
de 38,3% entre 1990 e 2000.
Entre 1980 e 1990, no entanto, a
queda foi de 41,6% -de 82,8 para 48,3 mortes de crianças por cada grupo de mil.
O presidente Fernando Henrique Cardoso e o pré-candidato à
Presidência da República que
conta com o apoio de FHC, o senador José Serra (PSDB-SP), têm
usado a redução da mortalidade
infantil no país como uma das
principais propagandas de governo na área social. Mas vêm
evitando fazer comparações entre as décadas de 90 e de 80. Eles
não querem dar argumentos para os parlamentares e candidatos
da oposição mostrarem que os
feitos do governo não são tão formidáveis quanto diz a propaganda oficial.
Como estamos num ano eleitoral, todo o desempenho do governo nos últimos sete anos e
meio -período que vem sendo
chamado de era FHC- está sendo avaliado com mais atenção.
O governo federal não considera que a menor redução na década de 90 indique uma deficiência
no combate à mortalidade infantil. De acordo com a coordenadora de Saúde da Criança do Ministério da Saúde, Ana Goretti Kalume Maranhão, "quanto menor a
mortalidade, menor a velocidade
da queda do índice".
Para Ana Goretti, a redução da
mortalidade infantil tende a ser
cada vez menor daqui para a
frente porque o número de óbitos vem caindo ano a ano.
Ana Goretti destaca que o Brasil reduziu o número de crianças
mortas na década de 90 "quase
três vezes mais que o conjunto
dos 160 países" da Cúpula Mundial em Favor da Infância, realizada em 1990 sob comando da
ONU (Organização das Nações
Unidas).
"Muito há para fazer, mas é injusto não reconhecer os avanços
que já conseguimos nessa área",
disse Ana Goretti.
Além das ações do governo,
uma das principais responsáveis
pela redução da morte de crianças no país é a Pastoral da Criança, uma organização não governamental ligada à Igreja Católica.
A Pastoral da Criança tem cerca
de 150 mil voluntários no país e
no exterior. Eles prestam orientação e apoio às famílias pobres,
principalmente quanto a melhorias da alimentação do bebê.
De acordo com o pesquisador
do IBGE Celso Simões, especialista no tema da mortalidade infantil, o Brasil encontra-se numa
situação "intermediária" na América Latina. Está bem pior do que
países vizinhos como a Argentina, que registra 19 mortes a cada
grupo de mil crianças nascidas vivas, ou o Chile, com 10,5 óbitos
por mil nascidas vivas.
Mas o Brasil está melhor do que
outros países, como a Bolívia, que
tem 67 mortes por grupo de mil, e
o Peru, com 43 mortes por mil
crianças nascidas vivas.
Se comparada com a de países
mais desenvolvidos, a situação do
Brasil está péssima. No Japão, são
3,5 mortes por mil nascidos vivos
e, nos Estados Unidos, 6,5.
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