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FÉRIAS
Em clima de pré-estréia nacional da animação "O Castelo Animado ", festivais divulgam em julho a cultura japonesa dos mangás e animações
Japão ultrafantástico
LUCRECIA ZAPPI
DA REPORTAGEM LOCAL
Em julho muitas pessoas vão tirar os
pés da rotina e alçar vôo para lá da
realidade. O universo pop japonês
de mangás, cosplays e animês, lotado de seres fantásticos e olhos de bola de cristal,
reaparece em eventos em São Paulo e no
Rio de Janeiro.
Em São Paulo rola a oitava edição do Festival do Japão (entre os dias 15 e 17) e o Animecon (22 a 24). Tem também o Anime
Friends (14 a 17), e sua variante carioca, o
Anime Family (9 e 10).
Os festivais fazem de sua programação
uma válvula de escape da realidade, com
concursos de cosplays, ateliês de mangás e
exibições de animês. No Anime Friends entra até o que não tem raiz japonesa, como a
Arena Medieval (RPG) ou os Card Games
baseados em jogos medievais.
Nesse pot-pourri do faz-de-conta está o
desenho animado "O Castelo Animado", a
nova produção de Hayao Miyazaki, o diretor da "A Viagem de Chihiro". O filme tem
pré-estréia nacional em circuito comercial
no dia 22 de julho.
Apesar de a animação se passar na Inglaterra do século 19 -OK, é uma Inglaterra
com pinta de Alsácia, com casinhas pontiagudas de madeira-, nota-se que é uma superprodução japonesa comercial, com clima envolvente de papel de carta.
Sophie tem 18 anos e, por ser confundida
com alguém próximo ao mago Hauru, é
amaldiçoada por uma feiticeira e transformada em uma velha de 90 anos. Hauru e
Sophie se apaixonam enquanto viajam em
um castelo de sucata e lutam contra a feiticeira Suliman, sempre na companhia do
menino aprendiz Marko, o demônio do fogo Calcifer e o cachorro Hihn.
Em contraponto ao mundo encantado de
Sophie está outra animação, "O Capitão
Kahei - Pioneiro de Ezo", que será exibido
em primeira mão no Festival do Japão, no
dia 16
Megumu Ishiguro, o diretor do filme, vai
acompanhar a exibição e, no dia seguinte,
participa de um bate-papo com o público.
Ishiguro é um dos grandes nomes da animação mundial. Seu estúdio, o Doga Kobo,
ajudou a produzir desenhos como "Dragon Ball" e "Pokémon". O diretor também
participou da produção de "O Castelo Animado" e "A Viagem de Chihiro".
O filme "O Capitão Kahei" conta a história do comerciante japonês Kahei que, numa época em que o Japão fechou os portos
para o mundo, descobre uma rota para a
ilha de Hokkaido.
Kahei vira um dos pivôs nas relações de
paz entre a Rússia e o Japão no início do século 19, durante o episódio histórico conhecido como incidente Golovnin.
Conto de fadas
"Nossa animação não é um conto de fadas, quero passar algo baseado em pessoas
reais da história. Não há castelos e bruxas,
mas a realidade não deixa de ter muitas
surpresas, assim como a vida tem suas fantasias", diz Ishiguro.
Retirada do livro do escritor japonês Shiba Ryotaro, 82, a história do personagem
Kahei Takadaya (1769-1827) virou mangá.
Do mangá, passou para as mãos de Ishiguro. Segundo o diretor, apesar de ser um desenho animado, "O Capitão Kahei" faz as
pessoas refletirem sobre a realidade.
"Quero apresentar ao público a história
de um personagem bom como ser humano. O conteúdo do filme é interessante a todos porque procura mostrar a evolução do
personagem de passado pobre que cresce e
vence na vida, sem deixar a humanidade de
lado."
Por ser um personagem carismático, o
diretor diz acreditar que esse estilo de animação é consumido por gente de todas as
idades. "Não é uma animação voltada somente ao público japonês. Tem a intenção
de mostrar o sentido da benevolência em
relação aos semelhantes", diz Ishiguro.
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