São Paulo, segunda-feira, 27 de junho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FÉRIAS

Em clima de pré-estréia nacional da animação "O Castelo Animado ", festivais divulgam em julho a cultura japonesa dos mangás e animações

Japão ultrafantástico

LUCRECIA ZAPPI
DA REPORTAGEM LOCAL

Em julho muitas pessoas vão tirar os pés da rotina e alçar vôo para lá da realidade. O universo pop japonês de mangás, cosplays e animês, lotado de seres fantásticos e olhos de bola de cristal, reaparece em eventos em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Em São Paulo rola a oitava edição do Festival do Japão (entre os dias 15 e 17) e o Animecon (22 a 24). Tem também o Anime Friends (14 a 17), e sua variante carioca, o Anime Family (9 e 10).
Os festivais fazem de sua programação uma válvula de escape da realidade, com concursos de cosplays, ateliês de mangás e exibições de animês. No Anime Friends entra até o que não tem raiz japonesa, como a Arena Medieval (RPG) ou os Card Games baseados em jogos medievais.
Nesse pot-pourri do faz-de-conta está o desenho animado "O Castelo Animado", a nova produção de Hayao Miyazaki, o diretor da "A Viagem de Chihiro". O filme tem pré-estréia nacional em circuito comercial no dia 22 de julho.
Apesar de a animação se passar na Inglaterra do século 19 -OK, é uma Inglaterra com pinta de Alsácia, com casinhas pontiagudas de madeira-, nota-se que é uma superprodução japonesa comercial, com clima envolvente de papel de carta.
Sophie tem 18 anos e, por ser confundida com alguém próximo ao mago Hauru, é amaldiçoada por uma feiticeira e transformada em uma velha de 90 anos. Hauru e Sophie se apaixonam enquanto viajam em um castelo de sucata e lutam contra a feiticeira Suliman, sempre na companhia do menino aprendiz Marko, o demônio do fogo Calcifer e o cachorro Hihn.
Em contraponto ao mundo encantado de Sophie está outra animação, "O Capitão Kahei - Pioneiro de Ezo", que será exibido em primeira mão no Festival do Japão, no dia 16
Megumu Ishiguro, o diretor do filme, vai acompanhar a exibição e, no dia seguinte, participa de um bate-papo com o público.
Ishiguro é um dos grandes nomes da animação mundial. Seu estúdio, o Doga Kobo, ajudou a produzir desenhos como "Dragon Ball" e "Pokémon". O diretor também participou da produção de "O Castelo Animado" e "A Viagem de Chihiro".
O filme "O Capitão Kahei" conta a história do comerciante japonês Kahei que, numa época em que o Japão fechou os portos para o mundo, descobre uma rota para a ilha de Hokkaido.
Kahei vira um dos pivôs nas relações de paz entre a Rússia e o Japão no início do século 19, durante o episódio histórico conhecido como incidente Golovnin.

Conto de fadas
"Nossa animação não é um conto de fadas, quero passar algo baseado em pessoas reais da história. Não há castelos e bruxas, mas a realidade não deixa de ter muitas surpresas, assim como a vida tem suas fantasias", diz Ishiguro.
Retirada do livro do escritor japonês Shiba Ryotaro, 82, a história do personagem Kahei Takadaya (1769-1827) virou mangá. Do mangá, passou para as mãos de Ishiguro. Segundo o diretor, apesar de ser um desenho animado, "O Capitão Kahei" faz as pessoas refletirem sobre a realidade.
"Quero apresentar ao público a história de um personagem bom como ser humano. O conteúdo do filme é interessante a todos porque procura mostrar a evolução do personagem de passado pobre que cresce e vence na vida, sem deixar a humanidade de lado."
Por ser um personagem carismático, o diretor diz acreditar que esse estilo de animação é consumido por gente de todas as idades. "Não é uma animação voltada somente ao público japonês. Tem a intenção de mostrar o sentido da benevolência em relação aos semelhantes", diz Ishiguro.

Texto Anterior: "Médico"
Próximo Texto: Rock que inspira sonhos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.