São Paulo, segunda-feira, 27 de junho de 2005

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FÉRIAS

Para Hironobu Kageyama, cantor do tema de "Cavaleiros do Zodíaco", desenhos japoneses podem ser válvulas de escape

Rock que inspira sonhos

DA REPORTAGEM LOCAL

Quando o tema de "Cavaleiros do Zodíaco" foi gravado, você provavelmente não tinha nem nascido. Muito menos imaginava que se tornaria fã desse animê, um verdadeiro clássico do gênero, e que teria a chance de ver de perto o cantor da música, Hironobu Kageyama, 44.
Ao lado de outros três cantores de temas de desenhos animados japoneses, ele será, pela terceira vez, uma das principais atrações da Anime Friends, evento dedicado a fãs de animês, mangás, games e RPG.
Em entrevista ao Folhateen, ele fala do mundo da fantasia em que muitos fãs de animê e mangá vivem e de como é cantar a mesma música durante 19 anos.
(LEANDRO FORTINO) Folha - Você consegue dizer quantas vezes você cantou esse tema?
Hironobu Kageyama - Nossa! Foram muitas. Muitas mesmo. Gravei-a em 1986, quando tinha 27 anos. Na época, foi um grande hit e, desde então, ela é obrigatória em meus shows.
Folha - Você ainda faz shows no Japão? Em quais outros países você se apresenta? Kageyama - Sim. Eu me apresento bastante com o JAM Project, um grupo vocal composto só por cantores de temas de animê conhecidos. Freqüentemente sou convidado a participar de eventos pelo Japão inteiro. No exterior, já me apresentei na Malásia, Filipinas, Espanha e Brasil.
Folha - Você vai cantar o tema de "Cavaleiros do Zodíaco" em português?
Kageyama - (risos) Sim. Estou me esforçando para ficar bom. Vou cantar a primeira abertura do desenho, "Pegasus Fantasy".
Folha - Você tem ensaiado e treinado a pronúncia do português?
Kageyama - Tenho, mas os "erres" arrastados e o som de terminações como em "coração" são complicados de pronunciar.
Folha - Você acha que o mundo de fantasia dos animês é uma forma de os jovens fugirem da realidade?
Kageyama - Talvez. Acho que existem pessoas que simplesmente não se adaptam ao modo de vida considerado normal ou têm mais dificuldade para se comunicar do que outras. Os animês suprem essa necessidade e se tornam uma válvula de escape para eles, o que é mais saudável do que outros caminhos que existem.
Folha - Criar heróis cada vez mais fantásticos virou uma tendência nos desenhos animados do mundo todo?
Kageyama - Acredito que sim. Acho que nós precisamos, mesmo que por algumas horas, escapar cada vez mais da conturbada realidade de hoje. Os desenhos japoneses oferecem fantasia e até nos levam a perseguir nossos sonhos. São muito eficientes nesse ponto.
Folha - Muitos dizem que jovens que são fãs de mangás e animês, que usam apelidos inspirados nos personagens e que se vestem como eles vivem o tempo todo nesse universo encantado. O que você pensa sobre isso?
Kageyama - Acho que existe uma linha definida que divide hobby e obsessão. É bom se divertir com isso, mas é importante ficar atento para não deixar que os desenhos e seriados isolem você do mundo real. Existe um limite para tudo.

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