São Paulo, segunda-feira, 27 de setembro de 2010

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Heróis nas horas vagas

MESMO SEM SUPERPODERES, ELES SAEM ÀS RUAS PARA AJUDAR QUEM PRECISA

Fotos Peter Tangen
Os superpoderosos da vida real, fotografados por Peter Tangen

DIOGO BERCITO
DE SÃO PAULO

À noite, Thanatos, 62, faz ronda nas ruas de Vancouver, no Canadá, vestindo sobretudo preto, chapéu e máscara verde cadavérica.
"Procuro mendigos à espera da morte e lhes dou mais um dia de vida", diz à Folha por telefone, cheio de mistérios e sem revelar a verdadeira identidade.
Ele escolheu o codinome Thanatos há três anos, inspirado no deus grego da morte. Assim, entrou para a turma dos super-heróis da vida real, um grupo que se organizou nos EUA há dez anos.
Esses mascarados não têm poderes excepcionais, mas vão às ruas para ajudar quem precisa. Thanatos, por exemplo, distribui itens como garrafas de água e comida a moradores de rua.
A tarefa dele não envolve lutar com vilões maquiavélicos, o que não quer dizer que seja moleza. Ou seguro.
"Um traficante colocou uma arma no meu estômago", conta Thanatos. "Eu estava com colete à prova de balas, então o desarmei."
O nova-iorquino Dark Guardian, 26, passou por situações parecidas. Professor de artes marciais, ele patrulha a cidade, eventualmente lutando com gangues. "Sim, pode ficar bem perigoso."
Como todo super-herói que se preze, Dark Guardian tem uma história decorada sobre sua origem. "Nunca tive modelos positivos, meu pai abusou de mim", conta. "Quis ser um exemplo para os outros, como os personagens dos quadrinhos."
Vigilantes como Thanatos e Dark Guardian ganharam destaque no ano passado, quando o fotógrafo norte-americano Peter Tangen leu sobre eles em uma revista.
Acostumado a fotografar para pôsteres de filmes como "Homem-Aranha" e "Batman Begins", Peter ficou surpreso ao saber que havia, fora do cinema, quem se vestisse para ajudar os outros.
"A necessidade do mundo por super-heróis motivou tanto os filmes quanto essas pessoas", sugere Peter, que montou o Real Life Super Hero Project (bit.ly/rlshero), com fotos desses vigilantes.
O nova-iorquino Life, 25, pensa de maneira afim. "São tempos difíceis, e as pessoas precisam de modelos."
A explicação para a necessidade de fazer isso vestindo máscaras varia de um herói para o outro. "Se eu não me fantasiasse, não me sentiria tão poderoso", afirma Life.
Já Nyx, 20, não se vê como uma personagem. A garota é heroica desde os 16 anos e diz que o uniforme é "uma extensão" de si mesma.
No Brasil, com exceção do Ciclista Prateado, o movimento não vingou.
"O super-herói é um empreendedor, um indivíduo. Essa é a história dos EUA, nosso sonho", teoriza Life.


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