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São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 2003

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TEATRO

G7 usa teatro para debater conflito entre professor e aluno

Do palco à sala de aula

DA REPORTAGEM LOCAL

Severo, divertido, amigo, rabugento. Na visão do aluno, cada professor encarna um papel, para o bem ou para o mal.
Como a relação em sala de aula não se baseia apenas nos laços do conhecimento mas também nos do poder, a confusão é certa e o confronto, quase inevitável.
Foi o que o Grupo 7 de teatro percebeu numa temporada de oficinas em escolas públicas da periferia leste de São Paulo e no convívio com os jovens alunos de escolas públicas que participam do projeto Cidade Dentro, Cidade Fora, financiado pelo Programa de Fomento para o Teatro da Cidade de São Paulo. Surgiu daí a idéia do Fórum de Teatro e Educação, um ciclo de debates -com alunos, professores e coordenadores de escolas da rede pública da zona norte- feitos a partir das peças "A Lição", de Eugène Ionesco (1909-1994), e "O Que Diz Sim, o Que Diz Não", de Bertold Brecht (1898-1956).
A peça de Ionesco, pai do teatro do absurdo, descreve como um professor termina por matar uma aluna a quem tentava ensinar a subtrair com tanta facilidade quanto podia somar. Sua leitura é na quarta (30/5), às 20h, no Espaço 7 (r. Alfredo Pujol, 381, tel. 0/xx/ 11/6972-2390). Já o texto de Brecht, ligado ao teatro didático, tem leitura dia 14, no mesmo horário e local.
"As peças são um gatilho para que a solução desse conflito ocorra na própria escola", sugere Zebba Dal Farra, diretor do G7.
Mesmo antes do debate, os alunos das oficinas do G7 já dão seus palpites sobre as possíveis causas do problema. "Há professores maravilhosos e há aqueles que colocam o aluno em uma posição muito inferior. Isso incomoda", afirma Caio Nunes, 16. "Há uma inversão de valores. Antigamente, quanto mais aplicado e respeitoso fosse o aluno, melhor. Hoje, quando mais rebelde e "vagal", maior seu status na escola.", diz Lucimara Amorim, 16. "Nas aulas de teatro, o professor parece sempre notar sua presença e procurar o seu potencial, porque todo mundo sabe fazer algo bem. Na escola, me sinto como um número", compara Nayra Lobo, 16. O debate promete pegar fogo. (FM)


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