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TEATRO
G7 usa teatro para debater conflito entre professor e aluno
Do palco à sala de aula
DA REPORTAGEM LOCAL
Severo, divertido, amigo, rabugento. Na visão do aluno, cada
professor encarna um papel, para o
bem ou para o mal.
Como a relação em sala de aula
não se baseia apenas nos laços do
conhecimento mas também nos
do poder, a confusão é certa e o
confronto, quase inevitável.
Foi o que o Grupo 7 de teatro percebeu numa temporada de oficinas
em escolas públicas da periferia
leste de São Paulo e no convívio
com os jovens alunos de escolas
públicas que participam do projeto
Cidade Dentro, Cidade Fora, financiado pelo Programa de Fomento para o Teatro da Cidade de São Paulo. Surgiu daí a idéia do Fórum de Teatro e Educação, um ciclo de debates -com alunos, professores e coordenadores de escolas da rede pública da zona norte- feitos a partir das peças "A Lição",
de Eugène Ionesco (1909-1994), e
"O Que Diz Sim, o Que Diz Não",
de Bertold Brecht (1898-1956).
A peça de Ionesco, pai do teatro
do absurdo, descreve como um
professor termina por matar uma
aluna a quem tentava ensinar a
subtrair com tanta facilidade
quanto podia somar. Sua leitura é
na quarta (30/5), às 20h, no Espaço
7 (r. Alfredo Pujol, 381, tel. 0/xx/
11/6972-2390). Já o texto de Brecht,
ligado ao teatro didático, tem leitura dia 14, no mesmo horário e local.
"As peças são um gatilho para
que a solução desse conflito ocorra
na própria escola", sugere Zebba
Dal Farra, diretor do G7.
Mesmo antes do debate, os alunos das oficinas do G7 já dão seus
palpites sobre as possíveis causas
do problema. "Há professores maravilhosos e há aqueles que colocam o aluno em uma posição muito inferior. Isso incomoda", afirma
Caio Nunes, 16. "Há uma inversão
de valores. Antigamente, quanto
mais aplicado e respeitoso fosse o
aluno, melhor. Hoje, quando mais
rebelde e "vagal", maior seu status
na escola.", diz Lucimara Amorim,
16. "Nas aulas de teatro, o professor
parece sempre notar sua presença
e procurar o seu potencial, porque
todo mundo sabe fazer algo bem.
Na escola, me sinto como um número", compara Nayra Lobo, 16. O
debate promete pegar fogo.
(FM)
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