São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 2008

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esporte

Touchdown no Ibirapuera

Futebol americano conquista cada vez mais adeptos no Brasil, que já tem quase 30 times, com cerca de 1.200 atletas

LUANA VILLAC
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Videogame é coisa de sedentário? Para Guilherme Guimarães Manfrinato,16, a resposta é definitivamente não. Foi com os games que ele aprendeu a jogar futebol americano. "Quando vi que era complicado, resolvi sentar e insistir até aprender", conta.
Dito e feito: em um mês, ele já estava craque nos touchdowns (entenda as regras de pontuação do jogo e o posicionamento dos jogadores em campo no quadro ao lado).
Depois disso, passou a acompanhar os campeonatos pela televisão a cabo e a torcer pelo time norte-americano que o consagrou no joystick: os Falcons. Um dia, Guilherme ficou sabendo que os adeptos verde-e-amarelo do esporte se reúnem semanalmente em frente ao parque Ibirapuera para treinar. Vestiu sua camiseta dos Falcons e foi lá conferir. "Quando cheguei, um cara de um time viu minha camisa e veio falar comigo. No domingo seguinte, eu já estava jogando."
Para Guilherme, o aprendizado na tela do videogame ajudou bastante na sua atuação em campo. "O jogo é muito tático", explica. "Como eu já conhecia algumas estratégicas de ataque e defesa, isso facilitou meu entendimento no início."
Segundo Daniel Miura, treinador do time de Guilherme, os Silver Bullets, o futebol americano amador tem crescido muito no Brasil nos últimos anos. "Até 2004, a liga paulista -que é uma das maiores do país- tinha apenas oito equipes. Agora já são quase 30, com cerca de 1.200 atletas envolvidos", afirma. Todos os anos, a liga organiza um campeonato entre os times de São Paulo que vai de abril até dezembro.
Não há capacetes e nem ombreiras em campo. Os esportistas jogam uma variação do jogo conhecida como flag football. "Nesta modalidade, os contatos físicos são limitados, por isso as proteções não são necessárias", explica Miura. Para ele, não se trata de um esporte violento, ao contrário do que pensam aqui.
"Há muita teoria por trás das jogadas. É um jogo mental. E, apesar de ter contato físico viril, as regras são muito rígidas, então há um controle rigoroso da utilização da força", crê.
Outra imagem que o treinador do Silver Bullets faz questão de desmistificar refere-se ao porte físico dos jogadores.
"Pode ser praticado por qualquer pessoa, independentemente do tipo físico", garante. "Temos gente de todas as alturas, pesos e idades jogando juntas. Inclusive homens e mulheres no mesmo time."
Felipe Reis, 16, concorda. "Eu via o futebol americano nos filmes e achava da hora", conta. "Mas, como sou magrelo e pequeno, imaginava que nunca ia poder jogar. Se um cara grandão daqueles encostasse em mim, já era", brinca.
Foi o professor de biologia da escola de Felipe, adepto do flag football, que o convidou para experimentar o esporte. "Quando comecei a aprender, achei que era coisa de louco", confessa. "Mas fui gostando e levando cada vez mais a sério."
Hoje, o garoto está no Silver Bullets há dois anos e não perde um treino por nada. "Todo domingo para mim é sagrado."
Na escola, Felipe costuma levar a bola para ensinar o jogo aos amigos. "Nós ficamos fazendo passes no intervalo. Todo mundo se interessa porque é uma coisa nova", diz.
Já os amigos de Vitor de Abreu Innocencio, 17, costumam tirar sarro de sua opção pela bola gringa.
"Eles brincam dizendo que eu não sei jogar futebol de verdade e por isso tive que procurar o americano", diverte-se.
Mas Vitor, torcedor do New England Patriots, virou fã incondicional. "Já joguei todos os esportes que aparecem na TV. Mas agora estou curtindo aprender uma coisa diferente."
Se você também tem interesse em fazer parte de um time ou simplesmente quer saber mais sobre o esporte no Brasil, entre no site da Liga Paulista de Futebol Americano, www.lpfa.com.br ou mande um e-mail para o endereço eletrônico jornaldoflag@gmail.com.


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