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esporte
Touchdown no Ibirapuera
Futebol americano conquista cada vez mais adeptos no
Brasil, que já tem quase 30 times, com cerca de 1.200 atletas
LUANA VILLAC
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Videogame é coisa de
sedentário? Para
Guilherme Guimarães Manfrinato,16,
a resposta é definitivamente não. Foi com os games
que ele aprendeu a jogar futebol americano. "Quando vi que
era complicado, resolvi sentar e
insistir até aprender", conta.
Dito e feito: em um mês, ele
já estava craque nos touchdowns (entenda as regras de
pontuação do jogo e o posicionamento dos jogadores em
campo no quadro ao lado).
Depois disso, passou a acompanhar os campeonatos pela
televisão a cabo e a torcer pelo
time norte-americano que o
consagrou no joystick: os Falcons. Um dia, Guilherme ficou
sabendo que os adeptos verde-e-amarelo do esporte se reúnem semanalmente em frente
ao parque Ibirapuera para treinar. Vestiu sua camiseta dos
Falcons e foi lá conferir.
"Quando cheguei, um cara de
um time viu minha camisa e
veio falar comigo. No domingo
seguinte, eu já estava jogando."
Para Guilherme, o aprendizado na tela do videogame ajudou bastante na sua atuação em
campo. "O jogo é muito tático",
explica. "Como eu já conhecia
algumas estratégicas de ataque
e defesa, isso facilitou meu entendimento no início."
Segundo Daniel Miura, treinador do time de Guilherme, os
Silver Bullets, o futebol americano amador tem crescido
muito no Brasil nos últimos
anos. "Até 2004, a liga paulista
-que é uma das maiores do
país- tinha apenas oito equipes. Agora já são quase 30, com
cerca de 1.200 atletas envolvidos", afirma. Todos os anos, a
liga organiza um campeonato
entre os times de São Paulo que
vai de abril até dezembro.
Não há capacetes e nem ombreiras em campo. Os esportistas jogam uma variação do jogo
conhecida como flag football.
"Nesta modalidade, os contatos
físicos são limitados, por isso as
proteções não são necessárias",
explica Miura. Para ele, não se
trata de um esporte violento, ao
contrário do que pensam aqui.
"Há muita teoria por trás das
jogadas. É um jogo mental. E,
apesar de ter contato físico viril, as regras são muito rígidas,
então há um controle rigoroso
da utilização da força", crê.
Outra imagem que o treinador do Silver Bullets faz questão de desmistificar refere-se
ao porte físico dos jogadores.
"Pode ser praticado por qualquer pessoa, independentemente do tipo físico", garante.
"Temos gente de todas as alturas, pesos e idades jogando juntas. Inclusive homens e mulheres no mesmo time."
Felipe Reis, 16, concorda.
"Eu via o futebol americano
nos filmes e achava da hora",
conta. "Mas, como sou magrelo
e pequeno, imaginava que nunca ia poder jogar. Se um cara
grandão daqueles encostasse
em mim, já era", brinca.
Foi o professor de biologia da
escola de Felipe, adepto do flag
football, que o convidou para
experimentar o esporte.
"Quando comecei a aprender,
achei que era coisa de louco",
confessa. "Mas fui gostando e
levando cada vez mais a sério."
Hoje, o garoto está no Silver
Bullets há dois anos e não perde um treino por nada. "Todo
domingo para mim é sagrado."
Na escola, Felipe costuma levar a bola para ensinar o jogo
aos amigos. "Nós ficamos fazendo passes no intervalo. Todo mundo se interessa porque
é uma coisa nova", diz.
Já os amigos de Vitor de
Abreu Innocencio, 17, costumam tirar sarro de sua opção
pela bola gringa.
"Eles brincam dizendo que
eu não sei jogar futebol de verdade e por isso tive que procurar o americano", diverte-se.
Mas Vitor, torcedor do New
England Patriots, virou fã incondicional. "Já joguei todos os
esportes que aparecem na TV.
Mas agora estou curtindo
aprender uma coisa diferente."
Se você também tem interesse em fazer parte de um time
ou simplesmente quer saber
mais sobre o esporte no Brasil,
entre no site da Liga Paulista
de Futebol Americano, www.lpfa.com.br ou mande um e-mail para o endereço eletrônico jornaldoflag@gmail.com.
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