São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Circo

Nada de teatro mágico

Chega de palhaçada; a terceira geração circense monta em agosto, em São Paulo, sua tenda urbana

JULIANA CALDERARI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA DE ANTUÉRPIA (BÉLGICA)

Andando de skate, jogando basquete ou tocando música, eles podiam ser você, seus amigos ou os amigos dos seus amigos. Os cinco acrobatas do elenco de "Traces", espetáculo que estará em cartaz em São Paulo dos dias 13 a 24 de agosto, são definitivamente gente como a gente.
O espetáculo se passa num abrigo subterrâneo onde os performers Brad Henderson, 24, Héloïse Bougeois, 26, Will Underwood, 24 e os irmãos Raphael, 21, e Francisco Cruz, 25, estão trancados, na eminência de um desastre. Para tentar deixar seus traços ("traces", em inglês) no mundo, usam o espaço e os objetos de que dispõem para se expressar.
Eles então cantam, dançam, desenham, andam de skate e fazem muitas acrobacias, em uma combinação que vem sendo chamada de "circo urbano" ou "a terceira geração do circo". "Ser inovador não foi uma escolha consciente. Usamos uma linguagem que tivesse a ver com a gente", explica Shana Carrol, uma das diretoras.
Ela é um dos "7 Dedos da Mão", tradução para o português de "Le 7 Doigts de La Main/7 Fingers", uma companhia circense formada por ex-membros do Cirque du Soleil.
Junto com os outros "seis dedos", Shana concebeu o espetáculo especialmente para os cinco jovens. "Eles queriam trabalhar conosco porque acreditavam em quem éramos como artistas e no que poderíamos trazer para o palco", conta a dançarina francesa Héloïse.
Trilhando um caminho oposto ao da idéia de perfeição que passam as grandes produções atuais, os performers de "Traces" não usam muita maquiagem nem vestem figurinos glamurosos, mas comportam-se como pessoas reais, trazendo ao palco um pouco de si e de suas vivências.
As marcas pessoais podem ser vistas durante todo o espetáculo, seja nas pequenas confissões feitas por seus protagonistas, seja na escolha do cenário ou da trilha sonora. O resultado é um show bastante moderno e espontâneo, que mistura música pop com arte circense e esportes de rua.
A coreografia inicial, por exemplo, é desempenhada ao som da banda americana Vast, escolhido por Will, e lembra bastante os movimentos feitos no "le pakour" por aquela galera que pula bancos, carros e grades enquanto se desloca pela cidade. A barra chinesa, um dos pontos altos do espetáculo, é executada por todo grupo ao som de Radiohead.
A química da trupe é especialmente sentida nos momentos em que algo não sai como esperado. Como humanos que são, "Os Cinco Dedinhos da Mão" eventualmente enfrentam problemas técnicos e cometem um deslize ou outro.
"Para mim um dos melhores momentos do show é quando algo dá errado. Não quando alguém se machuca, é claro, mas quando erramos e temos que fazer a acrobacia novamente. É aí que mostramos que somos um bom grupo. Fora que é sempre bom dar uma chacoalhada no sistema", ri Francisco. "Há uma mensagem no show de que você pode fazer tudo o que quiser se acreditar", revela Héloïse. "Certa vez uma garota veio nos agradecer pela música. Disse que havia parado de tocar porque achava que não era boa, mas que agora voltaria a praticar. Ela entendeu que o que importa é se divertir." É exatamente isso que o elenco de "Traces" que fazer.


TRACES
Onde: Citibank Hall ( av. Jamaris, 213, Moema, São Paulo, SP; tel. 0/xx/11-6846-6040)
Quando: entre os dias 13 e 17 e entre os dias 20 e 24 de agosto; quartas; quintas e sextas, às 21h30; sábados, às 17h e às 21h30; e domingos, às 16h e às 20h
Duração: 80 minutos
Censura: 12 anos; menores de 12 anos, acompanhados dos pais ou responsáveis legais
Quanto: de R$ 80 a R$ 160


Texto Anterior: Sexo & Saúde - Jairo Bouer: Não sinto desejo
Próximo Texto: Tolerância Zero
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.