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FOLHATEEN EXPLICA
Especialistas discutem se inscrição pode ser considerada prova
Descoberta traz suposta referência mais antiga a Jesus
DA REDAÇÃO
Na semana passada, o estudioso francês André Lemaire anunciou ter feito uma descoberta que, se confirmada, pode se tornar a
mais antiga prova da existência de Jesus fora
das referências feitas a ele na Bíblia.
A descoberta é uma inscrição, na qual se lê:
"Tiago, filho de José, irmão de Jesus", encontrada em um ossuário -caixa de pedra calcária onde eram guardados os ossos das pessoas.
O Novo Testamento menciona
mais de uma vez
que Jesus tinha um
irmão chamado Tiago, que se tornou líder da comunidade
cristã emergente em
Jerusalém, depois
da crucificação do
irmão.
A datação estimada da peça é de cerca de 63
d.C.. Até agora, o documento mais antigo que
se reconhece como tendo referências a Jesus é
um fragmento do Evangelho de João, datado
de 125 d.C..
Os especialistas estão levando em consideração duas pistas. A primeira é que apenas
entre os anos 20 d.C. e 70 d.C. havia o costume, entre os judeus, de retirar os ossos dos
mortos da sepultura original um ano após o
enterro, para colocá-los em ossuários.
A segunda é que, de acordo com o historiador grego Josephus, Tiago foi morto como
herege judeu por ordem de Herodes, no ano
62 d.C. Portanto, a data provável da inscrição
seria aproximadamente 63 d.C.
Além disso, discute-se que, embora Tiago
(Jacó, ou Ya'akov), José (Yosef) e Jesus (Yeshua) fossem nomes comuns naquele tempo e
naquele lugar, seria muito pouco comum
achá-los na combinação e na ordem de parentesco encontrada na inscrição. Mais incomum ainda seria o fato de o nome de um irmão ter sido citado no ossuário, justificado
por se tratar, neste caso, de parente "famoso".
Outros especialistas, porém, fazem objeções
ao achado. O argumento mais forte, na opinião deles, é que Jesus era pouco conhecido na
região até por volta de 70 d.C.. Segundo Lemaire, o tipo de escritura encontrado no cofre
só foi utilizado entre os anos 10 d.C e 70 d.C.
Apesar de ser o autor da descoberta, o próprio Lemaire pediu cautela. Para ele, não é
possível "ter 100% de certeza" de que a inscrição "Tiago, filho de José, irmão de Jesus" se refere mesmo a Jesus de Nazaré e ao apóstolo
Tiago, seu irmão.
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