São Paulo, segunda-feira, 28 de outubro de 2002

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ESTANTE

A dureza de ser uma criança e um adolescente no mundo dos adultos

Não sei bem quando é que a gente começa a reinventar a infância, atribuindo a ela ares de paraíso. O certo é que, a partir de certo momento, a gente passa a pensar nos primeiros anos da vida como em um tempo de pura felicidade.
Não é nada disso, pelo contrário. Na infância, a gente sofre pra burro. Sofre por solidão, por não entender os movimentos do mundo adulto, por não poder fazer coisas que nos são vetadas. Um sofrimento com o qual a gente tem de aprender a lidar.
Daí vem um grande autor e nos põe em contato direto com as durezas de nosso passado individual, com as dores de ser uma criança e um adolescente sensível. O nome dele: Dylan Thomas (1914-1953). Foi um poeta muito expressivo, um escritor capaz de comover muita gente (sabe o Bob Dylan? Passou de Robert Zimmerman a Bob Dylan por causa do nosso Thomas), autor do belo livro "Retrato do Artista Quando Jovem Cão".
O título cita explicitamente um romance do irlandês James Joyce (1882-1941), mas acrescenta a palavra "cão", numa espécie de auto-retrato impiedoso. Os contos de Thomas são parte ficção e parte autobiografia, sempre colocando em cena passagens de sua vida, as expectativas de ser poeta (ele escrevia desde a adolescência), e registrando, em textos relativamente difíceis, mas compensadores, as dores de crescer, de viver, de existir neste mundo que nos cabe.

E-mail: fischerl@uol.com.br


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