São Paulo, segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Próximo Texto | Índice

verão

Encontrados os clones de lost

Folhateen localiza no litoral nove jovens e um cachorro que são a cara dos heróis da série "Lost"; terceira temporada estréia no dia 7 nos EUA e chega ao Brasil em 5 de março

Fotos Alessandra Kormann/Folha Imagem


ALESSANDRA KORMANN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Praia e muita natureza por todos os lados. O cenário é familiar para quem é viciado em "Lost" e não agüenta mais esperar a terceira temporada. Já que o tempo precisa passar, inventamos um desafio para amenizar a angústia: encontrar jovens parecidos com os heróis da ilha misteriosa.
Não há uma regra específica: eles não têm que ser idênticos aos personagens, mas sim remeter aos originais de alguma forma, seja pelo estilo de se vestir, seja pelo jeito de ser.
Partindo daí, a reportagem andou pelas praias paulistas de São Sebastião (Maresias, Camburi, Baleia, Barra do Sahy e Juquehy) e Guarujá (Tijucopava, Pernambuco, Enseada e Pitangueiras) e deu uma esticada até o litoral paranaense (Ilha do Mel e praia de Pontal do Sul).
Sem ursos polares, fumacinha preta ou os Outros pelo caminho, não foi nenhum sacrifício gastar a sola do chinelo atrás dos clones dos sobreviventes do vôo 815 da Oceanic. Mas também não foi fácil -afinal, nada é fácil em "Lost".
O primeiro a cruzar o nosso caminho é Sawyer. Loiro, olhos claros, cabelo meio comprido, corpo sarado, lá está ele em Camburi. O rapaz não tem o sarcasmo nem o individualismo do personagem original, pelo contrário: se preocupa com o próximo e tem um lado espiritualista. "Já fui bem chatinho, mas aprendi que quem perde com isso somos nós mesmos. Hoje procuro plantar sabendo que vou colher ali na frente."
Mas tudo bem, ele serve. Afinal, se Sawyer não tivesse sofrido um terrível trauma de infância também teria sido um bom rapaz como Marcelo Bonomi e não teria ficado tão cafajeste -o que ele precisa é de amor e carinho, né?
Vamos em frente. Os outros personagens demoram a aparecer. Em Maresias, um garoto loiro lembra o Charlie. Mas é argentino e luta kickboxing, nada a ver. Uma suposta Claire passa correndo, toda atlética. Não pode ser a Claire, ela deveria estar sentada quietinha, de preferência cuidando de um bebê. Uma candidata a Shannon desfila na areia, mas é um pouco cheinha para ser ela. E não é loira o suficiente.
Depois de muitas andanças, a fé na pauta já está quase se esvaindo. Até que ele aparece em Juquehy: sentado na areia, sozinho, com um olhar contemplativo em direção ao mar, Locke parece tentar decifrar o sentido da existência.

Sinais
Fã de "Lost", Luiz Felipe Gonçalves se identifica justamente com... John Locke! Admira a sua capacidade de superação, também gosta de roupas militares, curte seitas secretas e teve que fazer muito alongamento por causa de um problema nos tendões. Nada tão sério como a história do personagem original, que era paraplégico e voltou a andar depois que o avião caiu na ilha.
Mas é o nosso Locke, sem dúvida. "A chave é a força de vontade e a superação. A luta pela sobrevivência condiciona a mudar a personalidade", diz.
Mais à frente, outro sinal: Vincent me espera na beira do mar abanando o rabinho. Na verdade, é uma fêmea chamada Mila. Exatamente como na série, em que o herói canino é interpretado pela simpática cadela Madison. Fé plenamente recuperada.
Muitos quilômetros ao sul, Hurley nos aguarda na Ilha do Mel. É uns 80 quilos mais magro que o original. "Como só o necessário", ensina.
Mas Vinícius Rodrigues tem o mesmo olhar doce do Hurley e o mesmo jeito de quem é o melhor dos amigos. E, como nasceu no dia 4/4/84, em uma quarta-feira, às quatro e meia da tarde, sempre foi muito ligado em números -o seu algarismo da sorte, é claro, é o 4.
Na mesma praia em que encontramos Hurley, há uma escotilha inexplicável no meio da areia. O que será aquilo? Um pedaço de navio? Uma bóia de sinalização? Melhor deixar a pergunta sem resposta, afinal estamos em "Lost".
Na hora de descarregar as fotos da escotilha, de repente o laptop começa a apitar. É um aviso de que a bateria está no fim. O apito é estridente, ensurdecedor. Será que digitar os números 4, 8, 15, 16, 23 e 42 resolveria o problema?
A nossa Claire, cabelos loiros cacheados ao vento, é encontrada na praia paranaense de Pontal do Sul. Como a personagem, Lais Ferronato é ligada em astrologia e adora coisas místicas. E sonha em ter um "piá" (um menino, em "curitibês"). Diz que, se um dia engravidar, terá o bebê de qualquer jeito, mesmo se o namorado não quiser. Como Claire.

Cavalo preto
De volta ao litoral de São Paulo, a caçada continua no Guarujá. Caminhando pela praia da Enseada, de repente surge uma cordinha saindo do mar. Mas ela não leva a uma francesa raivosa como a Danielle Rousseau, e sim a um prosaico jet-ski. Menos mal.
Ainda faltam muitos heróis. Desde o início da caçada, a convicção era a de que a Kate seria uma esportista, que passaria correndo ou pedalando rapidamente. Afinal, a personagem nunca estaria sentada na praia sem fazer nada.
Seria preciso muita atenção para não perdê-la. De repente, Maria Luisa Malzone surge apressada, caminhando no calçadão. De "roupas práticas", como gosta Kate. E ainda por cima faz hipismo. "Por acaso o seu cavalo é preto?", pergunto. "Sim", ela responde. Bingo.
A Shannon está na praia de Pernambuco -tomando sol, é claro. De biquíni rosa e sainha branca, perfeita. Giuliana Gallucci quer fazer faculdade de moda, adora "Lost" e sua preferida é justamente a Shannon. "Tem meu estilo", diz a moça.
Ainda em Pernambuco, o Sayid passa pela reportagem de camiseta regata, cabelos compridos, uma barbicha. Conta que vai se alistar no Exército e que pensa em seguir carreira militar. Sobre a Guerra do Iraque, Luis Ricardo Alves não defende os conterrâneos do seu personagem. Acha que os americanos e os iraquianos estão errados. "Saddam foi enforcado porque mereceu", afirma.
Já em Pitangueiras, encontramos o nosso Charlie. Rafael Blatyta tentou montar uma banda de rock com os amigos. Ele começou a aprender a tocar guitarra, mas desistiu e não chegou a compor um hit como o "You All Everybody", do Drive Shaft. Quem sabe um dia?

Heróis
Por fim, faltava um Jack, justamente o principal. Ao contrário da série, em que ele é o primeiro a aparecer no capítulo inicial, no nosso caso foi o último a ser encontrado.
O canto esquerdo de Pernambuco, onde os surfistas pegam onda, é o lugar perfeito para encontrar garotos morenos, bonitinhos, tatuados, de cabelo curto ou raspado. A reportagem cruzou com pelo menos uns cinco exemplares, alguns muito parecidos com o Jack, mas, infelizmente, todos na faixa dos 30 anos.
Até que o salva-vidas Roldão Nascimento cruzou nosso caminho. Ele não tem tattoo e estava usando sua roupa de trabalho. Mas haveria alguém melhor para representar o maior herói da série do que um herói de verdade?
O nosso Jack é salva-vidas temporário há três anos e conta que já salvou mais de 50 pessoas de afogamentos nesse período. E, além disso, é tão viciado em "Lost" que baixou pela internet os últimos capítulos da série. Enfim, depois do "Previously on Lost", vai começar toda a angústia outra vez... Bad robot! (ALESSANDRA KORMANN)


Próximo Texto: Cartas: Brasil x terra estrangeira
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.