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verão
Encontrados os clones de lost
Folhateen localiza no litoral nove
jovens e um cachorro que são a cara
dos heróis da série "Lost"; terceira
temporada estréia no dia 7 nos EUA
e chega ao Brasil em 5 de março
Fotos Alessandra Kormann/Folha Imagem
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ALESSANDRA KORMANN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Praia e muita natureza
por todos os lados. O
cenário é familiar para quem é viciado em
"Lost" e não agüenta
mais esperar a terceira temporada. Já que o tempo precisa
passar, inventamos um desafio
para amenizar a angústia: encontrar jovens parecidos com
os heróis da ilha misteriosa.
Não há uma regra específica:
eles não têm que ser idênticos
aos personagens, mas sim remeter aos originais de alguma
forma, seja pelo estilo de se vestir, seja pelo jeito de ser.
Partindo daí, a reportagem
andou pelas praias paulistas de
São Sebastião (Maresias, Camburi, Baleia, Barra do Sahy e Juquehy) e Guarujá (Tijucopava,
Pernambuco, Enseada e Pitangueiras) e deu uma esticada até
o litoral paranaense (Ilha do
Mel e praia de Pontal do Sul).
Sem ursos polares, fumacinha preta ou os Outros pelo caminho, não foi nenhum sacrifício gastar a sola do chinelo
atrás dos clones dos sobreviventes do vôo 815 da Oceanic.
Mas também não foi fácil -afinal, nada é fácil em "Lost".
O primeiro a cruzar o nosso
caminho é Sawyer. Loiro,
olhos claros, cabelo meio
comprido, corpo sarado, lá está ele em Camburi. O rapaz
não tem o sarcasmo nem o individualismo do personagem
original, pelo contrário: se
preocupa com o próximo e
tem um lado espiritualista.
"Já fui bem chatinho, mas
aprendi que quem perde com
isso somos nós mesmos. Hoje
procuro plantar sabendo que
vou colher ali na frente."
Mas tudo bem, ele serve.
Afinal, se Sawyer não tivesse
sofrido um terrível trauma de
infância também teria sido
um bom rapaz como Marcelo
Bonomi e não teria ficado tão
cafajeste -o que ele precisa
é de amor e carinho, né?
Vamos em frente. Os outros personagens demoram
a aparecer. Em Maresias,
um garoto loiro lembra o
Charlie. Mas é argentino e
luta kickboxing, nada a
ver. Uma suposta Claire
passa correndo, toda atlética. Não pode ser a Claire, ela deveria estar sentada quietinha, de preferência cuidando de um
bebê. Uma candidata a
Shannon desfila na
areia, mas é um pouco
cheinha para ser ela. E
não é loira o suficiente.
Depois de muitas andanças,
a fé na pauta já está quase se
esvaindo. Até que ele aparece
em Juquehy: sentado na areia,
sozinho, com um olhar contemplativo em direção ao mar,
Locke parece tentar decifrar o
sentido da existência.
Sinais
Fã de "Lost", Luiz Felipe
Gonçalves se identifica justamente com... John Locke! Admira a sua capacidade de superação, também gosta de
roupas militares, curte seitas
secretas e teve que fazer muito
alongamento por causa de um
problema nos tendões. Nada
tão sério como a história do
personagem original, que era
paraplégico e voltou a andar
depois que o avião caiu na ilha.
Mas é o nosso Locke, sem
dúvida. "A chave é a força de
vontade e a superação. A luta
pela sobrevivência condiciona
a mudar a personalidade", diz.
Mais à frente, outro sinal:
Vincent me espera na beira do
mar abanando o rabinho. Na
verdade, é uma fêmea chamada Mila. Exatamente como na
série, em que o herói canino é
interpretado pela simpática
cadela Madison. Fé plenamente recuperada.
Muitos quilômetros ao sul,
Hurley nos aguarda na Ilha do
Mel. É uns 80 quilos mais magro que o original. "Como só o
necessário", ensina.
Mas Vinícius Rodrigues tem
o mesmo olhar doce do Hurley
e o mesmo jeito de quem é o
melhor dos amigos. E, como
nasceu no dia 4/4/84, em uma
quarta-feira, às quatro e meia
da tarde, sempre foi muito ligado em números -o seu algarismo da sorte, é claro, é o 4.
Na mesma praia em
que encontramos
Hurley, há uma escotilha inexplicável no meio da
areia. O que será aquilo? Um
pedaço de navio? Uma bóia de
sinalização? Melhor deixar a
pergunta sem resposta, afinal
estamos em "Lost".
Na hora de descarregar as fotos da escotilha, de repente o
laptop começa a apitar. É um
aviso de que a bateria está no
fim. O apito é estridente, ensurdecedor. Será que digitar os números 4, 8, 15, 16, 23 e 42 resolveria o problema?
A nossa Claire, cabelos loiros
cacheados ao vento, é encontrada na praia paranaense de
Pontal do Sul. Como a personagem, Lais Ferronato é ligada
em astrologia e adora coisas
místicas. E sonha em ter um
"piá" (um menino, em "curitibês"). Diz que, se um dia engravidar, terá o bebê de qualquer
jeito, mesmo se o namorado
não quiser. Como Claire.
Cavalo preto
De volta ao litoral de São
Paulo, a caçada continua no
Guarujá. Caminhando pela
praia da Enseada, de repente
surge uma cordinha saindo do
mar. Mas ela não leva a uma
francesa raivosa como a Danielle Rousseau, e sim a um prosaico jet-ski. Menos mal.
Ainda faltam muitos heróis.
Desde o início da caçada, a convicção era a de que a Kate seria
uma esportista, que passaria
correndo ou pedalando rapidamente. Afinal, a personagem
nunca estaria sentada na praia
sem fazer nada.
Seria preciso muita atenção
para não perdê-la. De repente,
Maria Luisa Malzone surge
apressada, caminhando no calçadão. De "roupas práticas", como gosta Kate. E ainda por cima faz hipismo. "Por acaso o
seu cavalo é preto?", pergunto.
"Sim", ela responde. Bingo.
A Shannon está na praia de
Pernambuco -tomando sol, é
claro. De biquíni rosa e sainha
branca, perfeita. Giuliana Gallucci quer fazer faculdade de
moda, adora "Lost" e sua preferida é justamente a Shannon.
"Tem meu estilo", diz a moça.
Ainda em Pernambuco, o Sayid passa pela reportagem de
camiseta regata, cabelos compridos, uma barbicha. Conta
que vai se alistar no Exército e
que pensa em seguir carreira
militar. Sobre a Guerra do Iraque, Luis Ricardo Alves não defende os conterrâneos do seu
personagem. Acha que os americanos e os iraquianos estão
errados. "Saddam foi enforcado
porque mereceu", afirma.
Já em Pitangueiras, encontramos o nosso Charlie. Rafael
Blatyta tentou montar uma
banda de rock com os amigos.
Ele começou a aprender a tocar
guitarra, mas desistiu e não
chegou a compor um hit como
o "You All Everybody", do Drive Shaft. Quem sabe um dia?
Heróis
Por fim, faltava um Jack, justamente o principal. Ao contrário da série, em que ele é o primeiro a aparecer no capítulo
inicial, no nosso caso foi o último a ser encontrado.
O canto esquerdo de Pernambuco, onde os surfistas pegam onda, é o lugar perfeito para encontrar garotos morenos,
bonitinhos, tatuados, de cabelo
curto ou raspado. A reportagem cruzou com pelo menos
uns cinco exemplares, alguns
muito parecidos com o Jack,
mas, infelizmente, todos na faixa dos 30 anos.
Até que o salva-vidas Roldão
Nascimento cruzou nosso caminho. Ele não tem tattoo e estava usando sua roupa de trabalho. Mas haveria alguém melhor para representar o maior
herói da série do que um herói
de verdade?
O nosso Jack é salva-vidas
temporário há três anos e conta
que já salvou mais de 50 pessoas de afogamentos nesse período. E, além disso, é tão viciado em "Lost" que baixou pela
internet os últimos capítulos
da série. Enfim, depois do "Previously on Lost", vai começar
toda a angústia outra vez... Bad
robot!
(ALESSANDRA KORMANN)
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