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São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 2003

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FOLHATEEN EXPLICA

Número de repetentes cresce depois de três períodos em queda

Repetência no ensino médio atinge um em cada cinco alunos

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

Investimentos vêm, investimentos vão e o Brasil continua sem conseguir vencer, no ritmo desejado, o combate da repetência, considerado por muitos educadores o maior mal de nossa educação.
Dados recentes do MEC (Ministério da Educação) por meio do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) mostram que um em cada cinco estudantes dos ensinos fundamental e médio repetiu, em 2002, a mesma série cursada em 2001.
O problema é mais grave no ensino médio. Na passagem de 1998 para 1999, a taxa de repetência estava em 17,2%, a mais baixa em quase 20 anos. A partir daí, ela passou a crescer até atingir 20,2% em 2001/2002. A porcentagem representa um número de 1,7 milhão de alunos reprovados.
Já no ensino fundamental, os dados revelam uma melhora da situação depois de três anos de pequenos aumentos. Em 1999, estava em 21,3% e caiu para 20% em 2001/2002. Em números absolutos, foram 7 milhões de alunos que não conseguiram avançar para a fase seguinte.
Apesar da queda no último ano, as taxas no ensino fundamental ainda podem ser consideradas absurdas se comparadas a índices internacionais. Em 2001, a Unesco comparou 107 países que tinham dados para aquele ano sobre repetência no ensino fundamental. Apenas cinco países, todos eles africanos, apresentaram taxas maiores do que as do Brasil. Outros dois (Burundi e Congo) tiveram taxa semelhante: 25%.
As estatísticas da Unesco e do MEC para o mesmo ano são diferentes porque a primeira, para poder comparar todos os países, calcula a taxa levando em conta os indicadores da primeira à sexta série. O MEC leva em conta o período da primeira à oitava série.

Alto custo
Além de prejudicar o aluno, a repetência no Brasil tem também um alto custo para o governo. A conta é simples: se o estudante demora dez anos (em vez de oito) para completar o ensino fundamental, será preciso investir 25% a mais nesse aluno para que ele consiga atingir o nível de ensino desejado.
As altas taxas de repetência no Brasil ainda poderiam ser justificadas se os jovens chegassem ao final do ensino médio com um bom nível de ensino. Mas as avaliações internacionais mostram que isso não acontece de fato.
"Somos campeões de repetência e ficamos nos últimos lugares do Pisa [sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Alunos]. A gente repete, mas não ensina", diz Rose Neubauer, ex-secretária de Educação do Estado de São Paulo e membro do Conselho Nacional de Educação.

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