|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FOLHATEEN EXPLICA
Número de repetentes cresce depois de três períodos em queda
Repetência no ensino médio atinge um em cada cinco alunos
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Investimentos vêm, investimentos vão e o
Brasil continua sem conseguir vencer, no
ritmo desejado, o combate da repetência,
considerado por muitos educadores o maior
mal de nossa educação.
Dados recentes do MEC (Ministério da
Educação) por meio do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais)
mostram que um em cada cinco estudantes
dos ensinos fundamental e médio repetiu, em
2002, a mesma série cursada em 2001.
O problema é mais grave no ensino médio.
Na passagem de 1998 para 1999, a taxa de repetência estava em 17,2%, a mais baixa em
quase 20 anos. A partir daí, ela passou a crescer até atingir 20,2% em 2001/2002. A porcentagem representa um número de 1,7 milhão
de alunos reprovados.
Já no ensino fundamental, os dados revelam
uma melhora da situação depois de três anos
de pequenos aumentos. Em 1999, estava em
21,3% e caiu para 20% em 2001/2002. Em números absolutos, foram 7 milhões de alunos
que não conseguiram avançar para a fase seguinte.
Apesar da queda no último ano, as taxas no
ensino fundamental ainda podem ser consideradas absurdas se comparadas a índices internacionais. Em 2001, a Unesco comparou
107 países que tinham dados para aquele ano
sobre repetência no ensino fundamental.
Apenas cinco países, todos eles africanos,
apresentaram taxas maiores do que as do Brasil. Outros dois (Burundi e Congo) tiveram taxa semelhante: 25%.
As estatísticas da Unesco e do MEC para o
mesmo ano são diferentes porque a primeira,
para poder comparar todos os países, calcula
a taxa levando em conta os indicadores da
primeira à sexta série. O MEC leva em conta o
período da primeira à oitava série.
Alto custo
Além de prejudicar o aluno, a repetência no
Brasil tem também um alto custo para o governo. A conta é simples: se o estudante demora dez anos (em vez de oito) para completar o
ensino fundamental, será preciso investir 25%
a mais nesse aluno para que ele consiga atingir
o nível de ensino desejado.
As altas taxas de repetência no Brasil ainda
poderiam ser justificadas se os jovens chegassem ao final do ensino médio com um bom nível de ensino. Mas as avaliações internacionais
mostram que isso não acontece de fato.
"Somos campeões de repetência e ficamos
nos últimos lugares do Pisa [sigla em inglês
para Programa Internacional de Avaliação de
Alunos]. A gente repete, mas não ensina", diz
Rose Neubauer, ex-secretária de Educação do
Estado de São Paulo e membro do Conselho
Nacional de Educação.
Texto Anterior: Game on: A evolução só acontece nos andares de cima Próximo Texto: ESTANTE: A neurociência da vida diária em um livro que tem ritmo de conversa Índice
|