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teatro
Música em cena
Duas peças que entram em
cartaz em São Paulo nesta semana querem falar a língua dos jovens
LUANA VILLAC
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O público jovem é o
alvo de duas peças
que entram em cartaz nesta sexta-feira. O engajado Núcleo Bartolomeu de Depoimentos leva aos palcos "Cindi Hip
Hop", mini-ópera rap que traz
MCs e atores contando a história de quatro Cinderelas inspiradas na vida real. Dirigida por
Roberta Estrela d'Alva, ela própria MC -além de mulher,
atriz e cidadã, conforme seu recado no celular-, a peça é a primeira de uma série de cinco espetáculos que vai inaugurar o
teatro do grupo no bairro da
Pompéia.
O projeto é um desdobramento das pesquisas desenvolvidas pelo coletivo desde 1999.
Como nos trabalhos anteriores
do núcleo, ele coloca em cena o
conceito de "teatro hip hop",
aliando as artes cênicas à cultura de rua. "Trata-se de uma linguagem mista que proporciona
um jeito dinâmico de falar da
urbe", explica Roberta.
O elenco é composto por jovens atores da periferia e outros formados pela Escola Livre
de Teatro de Santo André. Foi a
partir da troca de depoimentos
entre eles que o texto da peça
delineou-se. "Fizemos verdadeiras rodas-vivas entre nós",
conta a diretora. "A partir do
ponto-de-vista pessoal de cada
um, chegamos à história que
queríamos contar."
Nesse contexto, o recurso à
fala dos MCs não é um mero
acessório. "O MC sempre canta
em primeira pessoa. Ele não
precisa que ninguém conte sua
história por ele." E o que Cinderela tem a ver com tudo isso?
"Este é o conto de fadas mais
popular do mundo", responde.
"Há versões na Índia, em Hong
Kong, entre os índios brasileiros... É um arquétipo muito forte que nos trouxe a questão: o
que é o príncipe encantado para o jovem de hoje?"
No lugar da princesa de vestido, uma empregada doméstica
que quer estudar, uma jogadora de basquete que gosta de meninas, um pedreiro tentando
encontrar o pai e um poeta que
sonha em publicar um livro
discutem essa questão.
A música também é o fio condutor da peça "Proibido para
Maiores", a outra estréia jovem
de sexta. Dirigido por Fernando Gomes, o espetáculo é uma
espécie de "Romeu e Julieta"
moderno narrado por uma
banda de rock. "É puro entretenimento", resume Fernando.
"Mas o bom entretenimento,
que dá vontade de conversar."
O diretor, que produziu o sucesso teatral "Confissões de
Adolescente", acredita que a
peça contribui para preencher
a lacuna existente entre o teatro infantil e o adulto. "Espetáculos que falem a língua dos jovens são fundamentais."
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