São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 2008

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teatro

Música em cena

Duas peças que entram em cartaz em São Paulo nesta semana querem falar a língua dos jovens

LUANA VILLAC
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O público jovem é o alvo de duas peças que entram em cartaz nesta sexta-feira. O engajado Núcleo Bartolomeu de Depoimentos leva aos palcos "Cindi Hip Hop", mini-ópera rap que traz MCs e atores contando a história de quatro Cinderelas inspiradas na vida real. Dirigida por Roberta Estrela d'Alva, ela própria MC -além de mulher, atriz e cidadã, conforme seu recado no celular-, a peça é a primeira de uma série de cinco espetáculos que vai inaugurar o teatro do grupo no bairro da Pompéia.
O projeto é um desdobramento das pesquisas desenvolvidas pelo coletivo desde 1999. Como nos trabalhos anteriores do núcleo, ele coloca em cena o conceito de "teatro hip hop", aliando as artes cênicas à cultura de rua. "Trata-se de uma linguagem mista que proporciona um jeito dinâmico de falar da urbe", explica Roberta.
O elenco é composto por jovens atores da periferia e outros formados pela Escola Livre de Teatro de Santo André. Foi a partir da troca de depoimentos entre eles que o texto da peça delineou-se. "Fizemos verdadeiras rodas-vivas entre nós", conta a diretora. "A partir do ponto-de-vista pessoal de cada um, chegamos à história que queríamos contar."
Nesse contexto, o recurso à fala dos MCs não é um mero acessório. "O MC sempre canta em primeira pessoa. Ele não precisa que ninguém conte sua história por ele." E o que Cinderela tem a ver com tudo isso? "Este é o conto de fadas mais popular do mundo", responde. "Há versões na Índia, em Hong Kong, entre os índios brasileiros... É um arquétipo muito forte que nos trouxe a questão: o que é o príncipe encantado para o jovem de hoje?"
No lugar da princesa de vestido, uma empregada doméstica que quer estudar, uma jogadora de basquete que gosta de meninas, um pedreiro tentando encontrar o pai e um poeta que sonha em publicar um livro discutem essa questão.
A música também é o fio condutor da peça "Proibido para Maiores", a outra estréia jovem de sexta. Dirigido por Fernando Gomes, o espetáculo é uma espécie de "Romeu e Julieta" moderno narrado por uma banda de rock. "É puro entretenimento", resume Fernando. "Mas o bom entretenimento, que dá vontade de conversar."
O diretor, que produziu o sucesso teatral "Confissões de Adolescente", acredita que a peça contribui para preencher a lacuna existente entre o teatro infantil e o adulto. "Espetáculos que falem a língua dos jovens são fundamentais."



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