São Paulo, segunda-feira, 30 de janeiro de 2006

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ESPORTE

Campeão quer fazer da natação um esporte tão popular quanto o futebol; em entrevista ao Folhateen, Michael Phelps dá dicas para os futuros competidores

Além das medalhas

GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Michael Phelps não precisa mais acordar cedo para treinar, passar horas dentro da água e quebrar recordes mundiais na natação para entrar para a história. Com pouco mais de 20 anos, o prodígio norte-americano dos esportes olímpicos já construiu uma carreira sem precedentes. Só que ele deseja mais, e não apenas dentro da piscina.
O adolescente que surpreendeu o mundo ao deixar a Olimpíada de Atenas com o recorde de oito medalhas -sendo seis de ouro- penduradas no peito cumpre agora uma nova cruzada.
Trata-se de uma campanha solitária e ambiciosa, que visa mudar a forma de pensar de seus conterrâneos. O objetivo é tornar a natação um esporte verdadeiramente popular, e não algo que salte aos olhos apenas de quatro em quatro anos, nas edições dos Jogos. Seu trunfo na missão não poderia ser melhor: o próprio currículo.
Phelps quer usar o prestígio que adquiriu para atrair holofotes. "Sou reconhecido, mas minha notoriedade não é nada se comparada a dos astros do futebol americano ou do basquete. Quero mudar isso, quero mostrar que os nadadores são bons, quero um novo status para a natação."
Em 2004, logo após a Olimpíada, ele deu início ao périplo em busca da popularidade com um tour pelos EUA. Levou suas medalhas para mais de 20 cidades, nadou com crianças e proferiu palestras.
Hoje, trabalha na divulgação do segundo passo: um documentário que narra sua vida fora das piscinas e a rivalidade com o conterrâneo Ian Crocker, seu mais aguerrido adversário. Em entrevista ao Folhateen, ele explica os motivos de sua busca.

 

Folha - Você já desenvolveu dois projetos para ampliar a popularidade da natação. Houve um crescimento?
Michael Phelps -
A natação é uma modalidade que tem muito espaço para crescer nos EUA e no mundo. Em países como a Austrália o respeito é grande pelos nadadores. Quero isso aqui e em outros países.

Folha - De que forma o documentário sobre sua vida vai ajudar?
Phelps -
A idéia é mostrar os bastidores, expor a modalidade e chamar a atenção de pessoas que não acompanham a natação.

Folha - O filme mostra que você é assediado. Isso incomoda?
Phelps -
É uma honra ser reconhecido. Mas, ao mesmo tempo, eu continuo o mesmo cara. Não sou endeusado como astros de outros esportes. É algo passageiro. A natação dos EUA é vitoriosa, mas os atletas não têm o status que merecem. Uma pena.

Folha - Você diz que os nadadores são esportistas que sofrem muito pelas longas jornadas de treino. Você não fica cansado de passar horas e horas na piscina?
Phelps -
Natação é o meu trabalho e me considero um sortudo por viver fazendo o que amo. Às vezes, passar quatro horas por dia treinando e olhando para o fundo da piscina é estafante. Em outras vezes, é bastante terapêutico. Eu adoro.

Folha - Você se considera um atleta criado para ganhar medalhas?
Phelps -
Nadar é meu dom. Alguns repórteres escrevem que sou bom por causa de meu corpo, de minhas qualidades biomecânicas. Eu penso que você precisa ter um pacote completo, de mente e corpo, para ganhar a medalha de ouro. Nado porque amo nadar. Vou competir pensando em ganhar, mas essa não é minha prioridade. Busco melhorar minhas marcas.

Folha - Como é ser famoso tão jovem? Você tem tempo para festas ou para namorar, por exemplo?
Phelps -
Tudo ocorreu rápido demais nos últimos dois anos. Os Jogos Olímpicos de 2004 foram uma experiência incrível. Procuro manter o foco nos treinamentos, mas sou um adolescente normal. No momento, não estou namorando.

Folha - Que conselhos daria para quem quer começar a competir seriamente?
Phelps -
Os jovens atletas precisam ter certeza de que estão nadando porque gostam. Nadar significa acordar cedo e fazer uma série de sacrifícios. Se você gosta disso, vá em frente e não ligue para quem disser que você não pode alcançar o que sonha.


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