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ESPORTE
Campeão quer fazer da natação um esporte tão popular quanto o futebol; em entrevista ao Folhateen, Michael Phelps dá dicas para os futuros competidores
Além das medalhas
GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL
Michael Phelps não precisa mais
acordar cedo para treinar, passar
horas dentro da água e quebrar
recordes mundiais na natação para entrar
para a história. Com pouco mais de 20
anos, o prodígio norte-americano dos esportes olímpicos já construiu uma carreira
sem precedentes. Só que ele deseja mais, e
não apenas dentro da piscina.
O adolescente que surpreendeu o mundo
ao deixar a Olimpíada de Atenas com o recorde de oito medalhas -sendo seis de ouro- penduradas no peito cumpre agora
uma nova cruzada.
Trata-se de uma campanha solitária e
ambiciosa, que visa mudar a forma de pensar de seus conterrâneos. O objetivo é tornar a natação um esporte verdadeiramente
popular, e não algo que salte aos olhos apenas de quatro em quatro anos, nas edições
dos Jogos. Seu trunfo na missão não poderia ser melhor: o próprio currículo.
Phelps quer usar o prestígio que adquiriu
para atrair holofotes. "Sou reconhecido,
mas minha notoriedade não é nada se
comparada a dos astros do futebol americano ou do basquete. Quero mudar isso,
quero mostrar que os nadadores são bons,
quero um novo status para a natação."
Em 2004, logo após a Olimpíada, ele deu
início ao périplo em busca da popularidade
com um tour pelos EUA. Levou suas medalhas para mais de 20 cidades, nadou com
crianças e proferiu palestras.
Hoje, trabalha na divulgação do segundo
passo: um documentário que narra sua vida fora das piscinas e a rivalidade com o
conterrâneo Ian Crocker, seu mais aguerrido adversário. Em entrevista ao Folhateen,
ele explica os motivos de sua busca.
Folha - Você já desenvolveu dois projetos para ampliar a popularidade da natação. Houve um crescimento?
Michael Phelps - A natação é uma modalidade que tem muito espaço para crescer
nos EUA e no mundo. Em países como a
Austrália o respeito é grande pelos nadadores. Quero isso aqui e em outros países.
Folha - De que forma o documentário
sobre sua vida vai ajudar?
Phelps - A idéia é mostrar os bastidores,
expor a modalidade e chamar a atenção de
pessoas que não acompanham a natação.
Folha - O filme mostra que você é assediado. Isso incomoda?
Phelps - É uma honra ser reconhecido.
Mas, ao mesmo tempo, eu continuo o mesmo cara. Não sou endeusado como astros
de outros esportes. É algo passageiro. A natação dos EUA é vitoriosa, mas os atletas
não têm o status que merecem. Uma pena.
Folha - Você diz que os nadadores são
esportistas que sofrem muito pelas longas jornadas de treino. Você não fica cansado de passar horas e horas na piscina?
Phelps - Natação é o meu trabalho e me
considero um sortudo por viver fazendo o
que amo. Às vezes, passar quatro horas por
dia treinando e olhando para o fundo da
piscina é estafante. Em outras vezes, é bastante terapêutico. Eu adoro.
Folha - Você se considera um atleta
criado para ganhar medalhas?
Phelps - Nadar é meu dom. Alguns repórteres escrevem que sou bom por causa
de meu corpo, de minhas qualidades biomecânicas. Eu penso que você precisa ter
um pacote completo, de mente e corpo, para ganhar a medalha de ouro. Nado porque
amo nadar. Vou competir pensando em
ganhar, mas essa não é minha prioridade.
Busco melhorar minhas marcas.
Folha - Como é ser famoso tão jovem?
Você tem tempo para festas ou para namorar, por exemplo?
Phelps - Tudo ocorreu rápido demais
nos últimos dois anos. Os Jogos Olímpicos
de 2004 foram uma experiência incrível.
Procuro manter o foco nos treinamentos,
mas sou um adolescente normal. No momento, não estou namorando.
Folha - Que conselhos daria para quem
quer começar a competir seriamente?
Phelps - Os jovens atletas precisam ter
certeza de que estão nadando porque gostam. Nadar significa acordar cedo e fazer
uma série de sacrifícios. Se você gosta disso,
vá em frente e não ligue para quem disser
que você não pode alcançar o que sonha.
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