São Paulo, segunda-feira, 30 de janeiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Escuta aqui

Álvaro Pereira Júnior

Orkut só serve para falar

Cada vez que acontece alguma coisa importante no Brasil e isso leva à criação de mais uma comunidade no Orkut, me dá uma tristeza dos diabos. Há poucos dias tivemos a lambança dos ingressos do U2, e não deu outra: surgiram dezenas de comunidades descendo a lenha nos organizadores.
Não que os organizadores não mereçam, não é isso. É que uma comunidade dessas não serve para nada, só para as pessoas falarem, falarem... O Orkut, fenômeno social avassalador no Brasil, presta para que a nova geração, aquela da internet, da superdose de informação, enverede pelo mesmo caminho de seus bisavós. Como se faz no Brasil há 500 anos, a molecada do Orkut troca a prática pelo discurso.
Como já escrevi há semanas, o Orkut só conta no Brasil. Fora daqui, a comunidade virtual que bomba chama-se myspace.com. Ela não é só papo-furado. Serve para muita coisa, principalmente para músicos novos que precisam de divulgação.
Leitores de "Escuta Aqui" que também são músicos e entraram no myspace.com contam histórias de sucesso. Um deles diz que teve de parar de adicionar amigos e chegou a tirar do ar suas músicas mais legais, porque "aparece tanta gente propondo parcerias que acaba gerando a maior confusão".
Outro relata: "Coloquei a minha bandinha ali sem grandes pretensões, e a coisa meio que vem saindo do controle, pro bem e pro mal. Quanta diferença da jequice dos sites de música locais e do fofoqueiro Orkut".
Enquanto isso, no Orkut, o povo fala, fala, fala...
 
A edição mais recente da revista inglesa "The Word" traz grande reportagem sobre o "Morning Becomes Eclectic", programa da rádio de Los Angeles KCRW (www.kcrw.org/show/mb). O texto elogia, principalmente, o ótimo arquivo do site do "MBE", que traz apresentações exclusivas, em áudio e vídeo, de dezenas de bandas. O programa é apresentado por Nick Harcourt, uma espécie de guru da cena indie americana.
Legal a revista "The Word" ter se ligado. Mais legal ainda é que você, leitor de "Escuta Aqui", sabe do "Morning Becomes Eclectic" há muito mais tempo do que quem lê "The Word". A coluna já deu exatamente esse mesmo toque no dia em janeiro do ano passado, quando falou do "MBE" pela primeira vez.


Texto Anterior: Nas ruas: Grafite do bem
Próximo Texto: CD player
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.