São Paulo, segunda-feira, 30 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SEXO E SAÚDE

Pílula do dia seguinte não é solução pra tudo

JAIRO BOUER

O Folhateen desta semana traz uma discussão importante sobre a pílula do dia seguinte e os abusos que jovens casais, de todas as partes do país, têm feito com esse tipo de recurso.
A pílula do dia seguinte é e deveria ser encarada apenas como um método emergencial para tentar evitar uma gravidez indesejada. Mas, infelizmente, o que se tem visto é que muitas garotas estão usando o método de maneira indiscriminada.
Conhecem a velha história de tentar achar a saída, aparentemente mais fácil, para resolver um problema? "Eu transo sem proteção e, para evitar qualquer dor de cabeça, tomo a pílula do dia seguinte logo depois!" Aposto que vocês já ouviram essa história por aí! Acontece que nem tudo é tão simples como parece!
Problemas podem acontecer! Em primeiro lugar, esse método traz uma concentração de hormônios femininos bem maior do que as pílulas habituais. A idéia do método é justamente dar uma "carga" extra de hormônio para fazer o endométrio (parede do útero) crescer rapidamente e, depois, com a queda rápida desses níveis, favorecer uma descamação do útero, o que impede que um ovo fecundado se implante e se desenvolva.
Para que esse mecanismo possa funcionar, é importante que a pílula seja tomada, no máximo, até 72 horas após a relação suspeita. Quanto mais cedo a pílula for tomada, maior sua eficácia. Assim, tomar logo no primeiro dia após a transa é melhor do que tomar três dias depois. Mas é sempre bom lembrar que, mesmo tomado corretamente, esse tipo de método pode não ser 100% eficaz. Existem mulheres que engravidam mesmo tomando a pílula do dia seguinte no dia correto.
Uma série de efeitos indesejáveis pode aparecer: dor de cabeça, náusea, inchaço e sensação de mal-estar. O maior risco do uso freqüente da pílula do dia seguinte é uma verdadeira "bagunça" no ciclo hormonal. As sucessivas "cargas extras" de hormônio podem desregular o controle do próprio organismo sobre a menstruação. A mulher fica sem saber quando é, de fato, seu período fértil.
Outro erro freqüente é esquecer que a relação sexual desprotegida não traz apenas a gravidez indesejada como conseqüência, mas também o risco de DSTs e de Aids.
De fato, o casal deveria investir mesmo é no uso da camisinha e de um método anticoncepcional regular (como a pílula anticoncepcional) e reservar a contracepção de emergência apenas para as situações em que um problema acontecer (a camisinha estourar, a garota esquecer de tomar a pílula convencional etc.). E seria bom que o uso sempre fosse feito com o conhecimento e o aval do médico ginecologista. Dessa forma, a garota estaria mais protegida em todos os sentidos.


Jairo Bouer, 38, é médico. Se você tem dúvidas sobre saúde, escreva para o Folhateen ou para
jbouer@uol.com.br


Texto Anterior: Sexo: Informação miúda
Próximo Texto: Farofa nacional
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.