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SEXO E SAÚDE
Pílula do dia seguinte não é solução pra tudo
JAIRO BOUER
O Folhateen desta semana traz uma discussão importante sobre a pílula do dia seguinte e os abusos que jovens casais, de todas as partes do país, têm feito com esse tipo de recurso.
A pílula do dia seguinte é e deveria ser encarada apenas como um método emergencial para tentar evitar
uma gravidez indesejada. Mas, infelizmente, o que se
tem visto é que muitas garotas estão usando o método
de maneira indiscriminada.
Conhecem a velha história de tentar achar a saída,
aparentemente mais fácil, para resolver um problema?
"Eu transo sem proteção e, para evitar qualquer dor de
cabeça, tomo a pílula do dia seguinte logo depois!"
Aposto que vocês já ouviram essa história por aí! Acontece que nem tudo é tão simples como parece!
Problemas podem acontecer! Em primeiro lugar, esse
método traz uma concentração de hormônios femininos bem maior do que as pílulas habituais. A idéia do
método é justamente dar uma "carga" extra de hormônio para fazer o endométrio (parede do útero) crescer
rapidamente e, depois, com a queda rápida desses níveis, favorecer uma descamação do útero, o que impede
que um ovo fecundado se implante e se desenvolva.
Para que esse mecanismo possa funcionar, é importante que a pílula seja tomada, no máximo, até 72 horas
após a relação suspeita. Quanto mais cedo a pílula for
tomada, maior sua eficácia. Assim, tomar logo no primeiro dia após a transa é melhor do que tomar três dias
depois. Mas é sempre bom lembrar que, mesmo tomado corretamente, esse tipo de método pode não ser
100% eficaz. Existem mulheres que engravidam mesmo
tomando a pílula do dia seguinte no dia correto.
Uma série de efeitos indesejáveis pode aparecer: dor
de cabeça, náusea, inchaço e sensação de mal-estar. O
maior risco do uso freqüente da pílula
do dia seguinte é uma verdadeira "bagunça" no ciclo hormonal. As sucessivas "cargas extras" de hormônio podem desregular o controle do próprio
organismo sobre a menstruação. A
mulher fica sem saber quando é, de
fato, seu período fértil.
Outro erro freqüente é esquecer que a relação sexual
desprotegida não traz apenas
a gravidez indesejada como
conseqüência, mas também
o risco de DSTs e de Aids.
De fato, o casal deveria investir
mesmo é no uso da camisinha e de
um método anticoncepcional regular (como a pílula anticoncepcional) e reservar a contracepção de
emergência apenas para as situações em que um problema acontecer (a camisinha estourar, a garota esquecer de tomar a pílula convencional etc.). E seria bom que o
uso sempre fosse feito com o conhecimento e o
aval do médico ginecologista. Dessa forma, a garota estaria mais protegida em todos os sentidos.
Jairo Bouer, 38, é médico. Se você tem dúvidas sobre saúde, escreva para o Folhateen ou para
jbouer@uol.com.br
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