São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2006 |
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literatura Livros, livros, livros... Dez autores e editores brasileiros contam quais obras literárias causaram um grande impacto quando eram adolescentes
ANGELA PINHO KRISHNA MONTEIRO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA CAIR na estrada, apaixonar-se perdidamente, sair de casa e buscar um rumo e um destino próprios. De vez em quando, aquele livro que você começou a ler sem vontade pode provocar alguma dessas atitudes -pode até mudar sua vida. Pensando no impacto que algumas obras tiveram sobre gerações de jovens, o Folhateen fez a seguinte pergunta a dez pessoas do mundo literário brasileiro: quais os livros que fizeram a sua cabeça durante a juventude? Leia as respostas. Marcelo Rubens Paiva, 47, autor de "Feliz Ano Velho", um dos livros que fez a cabeça da juventude dos anos 80 (Objetiva, 2006) O meu foi 'Carta ao Pai', de [Franz] Kafka, uma narrativa de um fôlego só, que mostra as imperfeições da vida, a inexistência de sonhos, de lógica. Li na escola como livro obrigatório e passei todo o ano perturbado com ele. Virei existencialista desde então. E fã de Kafka Nelly Novaes Coelho, 84, leitora há 80. Faz parte de "uma geração formada pela literatura". É professora aposentada da USP, crítica literária e autora de mais de 20 livros, como "Dicionário Crítico de Escritoras Brasileiras" (Escrituras, 2002) A única diversão da minha geração era ler e contar histórias. Os grandes escritores eram lidos em voz alta enquanto as mulheres bordavam. Adolescente, eu conheci Dostoiévski, Machado de Assis, Tolstói e José de Alencar, os grandes clássicos. Eu podia não entendê-los como eu entendo hoje, mas perseguia as grandes paixões que estavam ali. 'Werther' fez muito sucesso porque o grande amor estava ligado à morte, já que não poderia chegar à sua plenitude. Hoje o amor está muito em baixa. O que está em alta é o sexo, mas o sexo é só uma parte, porque o erotismo é emoção Raquel Pacheco, 22, mais conhecida como Bruna Surfistinha. É autora de "O Doce Veneno do Escorpião - o Diário de uma Garota de Programa" (Panda Books, 2005), um dos livros mais vendidos no ano passado Eu lia muito durante a infância, mas depois passei a ler só os livros que eram impostos pela escola. Até que me apaixonei por autobiografias. Uma que me marcou muito foi 'Esmeralda - Por Que Não Dancei', de uma menina que era viciada em drogas. Ultimamente, como estou com pouco tempo para tudo, tenho lido mais textos na internet. Mas, sempre que posso, pego um livro Tony Bellotto, 46, autor de policiais como "Bellini e a Esfinge" (Companhia das Letras, 2005) e guitarrista dos Titãs, uma das bandas mais importantes do rock brasileiro 'Sidarta', do Herman Hesse, que fala da busca espiritual do personagem-título, algo com que me identificava muito na época. '1984', de George Orwell, clássico da previsão sombria de um mundo dominado por regimes totalitários e intolerantes. E, finalmente, 'Lucia McCartney', de Rubem Fonseca, com contos secos e crus sobre a realidade urbana brasileira. Pelo estilo e pela concisão, foi inspiração fundamental para que eu começasse a escrever Marçal Aquino, 42, jornalista, escritor e roteirista de filmes como "O invasor", baseado em um romance seu. Faz ficção para jovens e adultos
Minha iniciação na literatura, como a de muitos escritores, aconteceu com
Monteiro Lobato. Li todos aqueles livros maravilhosos com a saga do Sítio do
Pica-Pau Amarelo e me apaixonei de forma irremediável por literatura e por
livros. Na
seqüência, li outro escritor muito importante que foi o Edgar Rice
Burroughs, o criador do Tarzan. E sempre achei muito melhor acompanhar as
aventuras do Tarzan naqueles livros do que no cinema ou nos gibis
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