São Paulo, segunda-feira, 31 de janeiro de 2005

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CARNAVAL

Longe do namorado ou da namorada, jovens contam como passarão o feriado mais animado do Brasil; o que vale e o que não pode nessa festa?

Códigos da folia

LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ele vai para a praia com os amigos. Ela, para o interior com a família. Até aí, normal para um casal de adolescentes que namoram. O problema é quando isso acontece... no feriado do Carnaval. A festa -e a diversão que ela representa- é motivo de preocupação para garotos e garotas que estão juntos, mas que terão de encarar a folia separados. Dá para não ficar com ninguém e se manter fiel?
Os jovens ouvidos pela reportagem do Folhateen têm respostas diferentes para essa pergunta. Para evitar discussões -e até fim de namoros- os nomes dos adolescentes entrevistados foram trocados.
A confiança em Jorge, 13, é o que tranqüiliza Silvana, 12. Os dois formam um casal há seis meses e se conheceram em um acampamento no interior de São Paulo. Mas, para os pais deles, viajar juntos no Carnaval nem pensar.
Enquanto Jorge vai para Santos, Patrícia estará em Florianópolis com a mãe e uma amiga. Os dois fizeram o pacto de "tudo bem viajar separados, mas não vale ficar com ninguém". "Esse pacto independe do Carnaval. Tem de existir sempre. A gente conversou e tem confiança um no outro", diz Silvana, que sabe que há uma saída para a tentação de ficar com alguém no feriadão.
"Se algum menino vier falar comigo, converso numa boa, dou uma desculpa e vou caindo fora como quem não quer nada."
Não é o que Renato, 18, pretende fazer. Por mais estranho que pareça, ele e a namorada estarão na mesma praia no Carnaval, mas não ficarão juntos nem pretendem se esbarrar. "Carnaval existe para aproveitar com os amigos. É complicado passar com a namorada, por causa da zoeira", conta Renato, que chegou até a fazer um pacto de fidelidade, o qual não pretende respeitar. "Um beijo com certeza vai rolar, assim como já rolaram outros fora do Carnaval. O lance é não falar para ela o que aconteceu. Na hora de ficar com uma outra menina, eu penso que a adolescência passa rápido e acabo beijando. Corro o mesmo risco, o de ela ficar com outro cara."
Eduardo, 16, pensa de modo diferente. Ele viajará para Fortaleza com a família. A namorada de mais de dois anos, Raquel, 16, ou ficará em São Paulo ou passará o feriado no interior do Estado.
"Não pega nada. Se um confia no outro, não tem por que ter esse medo do Carnaval", conta Eduardo, que sabe o que fazer em caso de emergência. "Evito olhar para as meninas. Tem que ter esse controle, senão a situação escapa do seu poder."
Eduardo ainda afirma que a fidelidade depende dos dois lados: "Se você quer fidelidade, tem que ser fiel também".
Honestidade vale mais que fidelidade para Marcela, 16, que faz escola de circo e vai passar o Carnaval no Rio, onde pretende sair em blocos de rua e também desfilar na avenida. Há um ano e meio namora João, 19, também artista de circo, que terá de trabalhar em Porto Alegre durante o feriado.
"Sei que essa galera do circo é muito atirada e que todo mundo fica com todo mundo. Se ele ficar com alguém, sei que não será nada sério. Não procuraria descobrir, mas, se ele ficar com alguém que eu conheço, entenderia, se ficasse sabendo por ele. O mesmo vale se eu ficar com alguém que ele conhece: vou contar", diz.
Por motivo de trabalho, Andréia, 19, terá de passar o Carnaval longe do namorado, com quem está junto há um ano e dois meses. Ele terá de ir para Salvador, pois a empresa em que trabalha patrocina um dos trios elétricos da cidade. Andréia, é claro, não gostou nada da idéia. "Fiquei chateada, mas é o trabalho dele e não posso decidir o que ele deve fazer. Há meninas que mandam no namorado, mas eu não sou assim."
Enquanto Salvador ferve, Andréia estará no litoral sul de São Paulo com um grupo de amigos, todos casais. "Vou ficar encanada, é claro, até quem não é ciumento ficaria, pois todo mundo sabe como é o Carnaval. Ao mesmo tempo que rola a confiança rola o medo. Mas o melhor mesmo é relaxar e pelo menos tentar curtir a festa."

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