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São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 2003

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DESFILE

Evento no Sesc Pompéia apresenta trabalhos de criadores recém-formados

Vitrine para as novas caras da moda

ADRIANA FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os olheiros de moda vão desviar suas atenções das modelos para os que estão por trás da parafernália que rola nos bastidores de um desfile. Vitrine para novos estilistas, joalheiros, marqueteiros e fotógrafos, entre outros profissionais envolvidos com a moda, o Naturaformandomoda acontece de 3 a 6 de abril, no Sesc Pompéia, em São Paulo.
A terceira edição do projeto traz 157 recém-formados de 18 faculdades reunidos em três frentes: desfiles eletrônicos e na passarela, além de uma exposição com jóias, acessórios e fotografias.
"Comprei a causa para ajudar os profissionais a serem absorvidos pelo mercado", explica Betty Prado, 39, idealizadora e diretora geral do evento. "Há dez anos, existia apenas uma faculdade com o curso; hoje, são 25", diz Prado.
Não é de estranhar que tanta gente queira fazer moda. Além de atraídos pelo glamouroso mundo fashion, os novatos encontram espaço em uma indústria que, segundo dados da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), é a sétima maior produtora têxtil do mundo com um faturamento em 2002 de cerca de US$ 22 bilhões.
A nota no trabalho de conclusão do curso de graduação definiu os 16 jovens estilistas que participam do desfile na passarela, cada um mostrando dez looks.
Para muitos, como Fabiana Tamashiro, 21, ex-aluna da Anhembi Morumbi, esta será a estréia no mundinho. Ela apresenta uma coleção inspirada na história de seus avós, imigrantes japoneses que chegaram a bordo do navio Rio de Janeiro Maru, em 1934.
Tamashiro faz uma inusitada ligação entre seus antepassados e uma gangue de adolescentes japonesas chamada Ganguro, de meninas bronzeadas, com cabelos descoloridos e montadas em sapatos plataforma. Desenhos orientais e cores quentes estampam saias, blusas e vestidos confeccionados em seda e com quimonos descosturados seguindo uma história dos tempos da imigração. "Uma senhora me contou que os japoneses deveriam estar vestidos com roupas ocidentais ou então precisavam transformar seus quimonos", explica.
Uma curiosa diversidade de temas e estilos marca a nova geração de criadores. Jesus Cristo, por exemplo, foi o escolhido para ilustrar a coleção Sanctus, de Crislaine Isbaex, 21, da Unirp de São José do Rio Preto.
Ela criou peças feitas em sarja e gaze branca e com desenhos do pintor espanhol El Greco (1541-1614) respingados de "sangue". A boa sacada são as sobreposições e diversos botões de pressão que permitem que a pessoa monte a roupa.
Érika Saito, 21, da Unip, costurou ela mesma a maior parte dos looks de sua coleção de inverno inspirada no clássico "Frankenstein". O preto, o roxo e o vermelho predominam em casacos, jaquetas, coleiras, cintos em renda, musselina, telas, entre outros materiais.
Para os que estão fora da passarela, a chance de mostrar a cara é no desfile eletrônico, que tem 80 formandos. Márcia Bittencourt, 22, da Unifacs, de Salvador, terá algumas de suas divertidas calcinhas e camisetas, com desenhos e frases picantes, exibidas durante os quatro dias.
O desfile na passarela abre o evento no dia 3, às 20h. De 4 a 6 acontecem palestras e workshops de assuntos como planejamento de coleções, marketing, maquiagem, como fazer um fanzine de moda e música eletrônica. Os interessados em participar devem se inscrever pelo telefone 00/xx/11/3871-7700. O Sesc Pompéia fica à rua Clélia, 93, Lapa.

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