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São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 2003

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Cineasta chega ao auge com discurso anti-Bush

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA

Discurso do cineasta Michael Moore, ao receber o Oscar de melhor documentário:
"Uau! Agradeço à Academia em nome de nossos produtores, Kathleen Glynn e Michael Donovan, do Canadá. Chamei os outros indicados nesta categoria para subir ao palco comigo, e nós gostaríamos de... Eles estão aqui em solidariedade, porque nós gostamos de não-ficção.
Gostamos de não ficção, mas vivemos em uma época fictícia. Uma época de resultados fictícios de eleições, que elegem um presidente fictício. Uma época em que um homem nos envia à guerra sob pretextos fictícios. Seja a ficção da fita adesiva [usada para vedar ambientes, em caso de suposta guerra química", ou a ficção dos alertas cor de laranja, somos contra essa guerra, sr. Bush. Que vergonha, sr. Bush, que vergonha! E se alguém tem contra si, ao mesmo tempo, o papa e as Dixie Chicks, então é hora de esse alguém ir embora. Muito obrigado."
O pessoal mais velho conhece essa figura. Aos mais novos, cabe uma apresentação.
Michael Moore ficou conhecido em 1989, com o documentário "Roger e Eu". Era uma sátira ácida contra as demissões em massa da indústria automobilística dos EUA, que traziam insegurança às famílias da região de Detroit. A área está para os americanos assim como o ABC paulista está para os brasileiros.
Moore é de um subúrbio de Detroit, Flint, violentamente atingido pelos cortes. Ele decide então tirar satisfações com o executivo-chefe da GM, Roger Smith. E filma toda a saga tentando chegar ao chefão.
O filme foi um sucesso.
Veio depois a histórica série "TV Nation", para as redes NBC e Fox, em que Moore criava situações para demonstrar a hipocrisia e/ ou ignorância americanas.
Por exemplo, fazendo um teste para ver quem conseguia um táxi mais fácil em Nova York: um ator negro ou um condenado da Justiça -branco.
Ou ainda enfrentando executivos de salários milionários, perguntando se eles sabiam fazer tarefas simples com os produtos de suas companhias. Será que o presidente da IBM consegue formatar um disquete? O da Palmolive sabe lavar louça?
O arquivo completo está em www.dogeatdogfilms.com/tv/tvarchive.html. Você vai rir muito.
Em "Tiros em Columbine", vencedor do Oscar, Moore usa o episódio da escola Columbine -em que dois estudantes mataram 13 pessoas, em 20 de abril de 1999- para atacar a obsessão americana por armas. Entre outras aberrações, ele descobre um banco do sul do país que dá um revólver de brinde a quem abre conta!
O site oficial www.michaelmoore.com conta muito mais sobre esse grande personagem anti-establishment. Todos podemos aprender com ele.


Álvaro Pereira Júnior, 39, é editor-chefe do "Fantástico" em São Paulo
E-mail: cby2k@uol.com.br


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