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Cineasta chega ao auge com discurso anti-Bush
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA
Discurso do cineasta Michael Moore, ao receber o Oscar de melhor documentário:
"Uau! Agradeço à Academia em nome de
nossos produtores, Kathleen Glynn e Michael
Donovan, do Canadá. Chamei os outros indicados nesta categoria para subir ao palco comigo, e nós gostaríamos de... Eles estão aqui
em solidariedade, porque nós gostamos de
não-ficção.
Gostamos de não ficção, mas vivemos em
uma época fictícia. Uma época de resultados
fictícios de eleições, que elegem um presidente fictício. Uma época em que um homem nos
envia à guerra sob pretextos fictícios. Seja a
ficção da fita adesiva [usada para vedar ambientes, em caso de suposta guerra química",
ou a ficção dos alertas cor de laranja, somos
contra essa guerra,
sr. Bush. Que vergonha, sr. Bush, que
vergonha! E se alguém tem contra si,
ao mesmo tempo, o
papa e as Dixie
Chicks, então é hora de esse alguém ir embora. Muito obrigado."
O pessoal mais velho conhece essa figura.
Aos mais novos, cabe uma apresentação.
Michael Moore ficou conhecido em 1989,
com o documentário "Roger e Eu". Era uma
sátira ácida contra as demissões em massa da
indústria automobilística dos EUA, que traziam insegurança às famílias da região de Detroit. A área está para os americanos assim como o ABC paulista está para os brasileiros.
Moore é de um subúrbio de Detroit, Flint,
violentamente atingido pelos cortes. Ele decide então tirar satisfações com o executivo-chefe da GM, Roger Smith. E filma toda a saga
tentando chegar ao chefão.
O filme foi um sucesso.
Veio depois a histórica série "TV Nation",
para as redes NBC e Fox, em que Moore criava situações para demonstrar a hipocrisia e/
ou ignorância americanas.
Por exemplo, fazendo um teste para ver
quem conseguia um táxi mais fácil em Nova
York: um ator negro ou um condenado da
Justiça -branco.
Ou ainda enfrentando executivos de salários milionários, perguntando se eles sabiam
fazer tarefas simples com os produtos de suas
companhias. Será que o presidente da IBM
consegue formatar um disquete? O da Palmolive sabe lavar louça?
O arquivo completo está em www.dogeatdogfilms.com/tv/tvarchive.html. Você vai rir muito.
Em "Tiros em Columbine", vencedor do
Oscar, Moore usa o episódio da escola Columbine -em que dois estudantes mataram
13 pessoas, em 20 de abril de 1999- para atacar a obsessão americana por armas. Entre
outras aberrações, ele descobre um banco do
sul do país que dá um revólver de brinde a
quem abre conta!
O site oficial www.michaelmoore.com conta muito mais sobre esse grande personagem
anti-establishment.
Todos podemos
aprender com ele.
Álvaro Pereira Júnior, 39, é editor-chefe do "Fantástico" em São Paulo
E-mail: cby2k@uol.com.br
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