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"O sexo de Catherine Millet é intelectual, o meu é instintivo"
DA REDAÇÃO
Leia abaixo trechos da entrevista que
Melissa Panarello deu ao Folhateen,
por telefone, de um hotel em Amsterdã,
na Holanda, onde esteve na última semana para lançar seu livro.
(SC)
Folhateen - O que você sente quando
escreve sobre sexo?
Melissa Panarello - Eu sempre fico excitada quando escrevo sobre qualquer assunto, não só quando falo de sexo. Para
mim, escrever é sempre um processo
muito emocional.
Folhateen - Você já havia escrito algo
antes?
Melissa - Sim, interessei-me muito cedo por poesia. Escrevi um pouco, depois
fiz algumas pequenas histórias. Mas nunca pensei que o que escrevia um dia pudesse ser publicado.
Folhateen - Você fala muito de solidão
no livro. Acha que o sexo é uma maneira de afastar a solidão?
Melissa - Não. Sexo nunca foi para
mim uma maneira de fugir da solidão.
Na verdade, eu não tinha consciência sobre a solidão enquanto passava pelas experiências que relato. Só quando fui colocá-las no papel é que pude refletir e dei-me conta daquilo que procurava.
No momento em que vivi aquelas aventuras, não tinha claro por que estava fazendo tudo aquilo. Era mais um impulso.
Folhateen - Todas as experiências que
você conta no livro são verdadeiras?
Melissa - Sim, mas, durante o processo
de escrita, algumas coisas foram dramatizadas ou personagens foram modificados para que eu pudesse construir a história de maneira literária.
Folhateen - Qual foi a reação de seus
pais e de seus amigos depois que o livro
foi publicado?
Melissa - No começo, meus pais ficaram muito chocados e tentaram proibir a
publicação. Depois aceitaram. A cidade
onde eu vivia era muito pequena, e por isso as pessoas eram muito conservadoras.
Mas meus amigos sempre encararam tudo numa boa.
Folhateen - Mas, hoje em dia, seus
pais te apóiam?
Melissa - Hoje eles vêem meu envolvimento com os livros como um trabalho.
Folhateen - Como você acha que seu
livro se relaciona com o mundo em que
vivemos?
Melissa - Se eu tivesse escrito esse livro
há cem anos, acho que teria sido muito
diferente. Talvez a emoção fosse a mesma, mas as experiências seriam certamente outras. Hoje em dia, temos acesso
a qualquer tipo de sexo, desde muito cedo, por meio da internet e de outros
meios. É claro que fui influenciada por isso, como qualquer jovem hoje em dia é.
Folhateen - O que você acha das comparações que estão sendo feitas entre
você e Catherine Millet?
Melissa - Os dois livros são completamente diferentes. O sexo para Catherine
Millet é muito intelectual. No meu caso, é
puramente instintivo, até irracional. A
única coisa que os dois livros têm em comum é o fato de falarem sobre sexo.
Folhateen - Você leu algo da literatura
clássica sobre o tema, como o Marquês
de Sade, por exemplo?
Melissa - Leio muita literatura em geral. Mas gosto especialmente de Marquês
de Sade, Anais Nin e Henry Miller [autores de clássicos da literatura erótica].
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