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Alvaro Pereira Júnior - cby2k@uol.com.br
Indie estatal, estilo "true"
IMAGINA UM monte de japoneses vestidos de índios
-índios "stáile", com altos
adereços de metal.
Agora mande esses "índios japoneses stáile" para
a fronteira da Índia com o
Mianmar. Mais: como os
"índios japoneses" não se
sentem parte da Índia, montam uma resistência armada que mata milhares de
pessoas em 55 anos.
Agora, num exercício extremo de imaginação, bote
um político bem-intencionado que não aguenta mais
ver jovens se matando e que
decide que a salvação é...
um festival de rock para
bandas novas. Isso é que é
indie estatal "true"!
(Para quem chegou agora: escrevi as últimas colunas sobre os "indies estatais", essa modalidade tão
brasileira, que gira em torno
de dezenas de festivais, na
imensa maioria bancados
por dinheiro da Petrobras e
das secretarias de Cultura.)
Esta semana, li uma reportagem sobre o tal festival indie estatal na Índia,
que existe de verdade.
A região do indie estatal
indiano se chama Nagaland. É habitada pelo povo
naga, que, por um acidente
histórico, faz parte da Índia.
Eles não falam hindi, têm
cara de japoneses e chamam a Índia de "mainland", ou seja, continente.
O festival de Nagaland
aconteceu em dezembro
passado. Ganhou a banda
Original Fire Factor, ou
OFF. O prêmio foi de cerca
de R$ 20 mil. A organização
foi do governo estadual, mas
os prêmios foram pagos pela
operadora de celular Airtel.
Confira aqui: is.gd/cqhRC.
O repórter da revista
"Atlantic" contou que boa
parte da audiência vestia
trajes tradicionais naga (incluindo os colares feitos com
crânios de inimigos mortos),
ao lado de meninas descoladas de jeans skinny, mandando SMS como loucas.
Nesse evento de indie estatal eu gostaria de ter ido.
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