São Paulo, segunda-feira, 31 de maio de 2010

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Alvaro Pereira Júnior - cby2k@uol.com.br

Indie estatal, estilo "true"

IMAGINA UM monte de japoneses vestidos de índios -índios "stáile", com altos adereços de metal.
Agora mande esses "índios japoneses stáile" para a fronteira da Índia com o Mianmar. Mais: como os "índios japoneses" não se sentem parte da Índia, montam uma resistência armada que mata milhares de pessoas em 55 anos.
Agora, num exercício extremo de imaginação, bote um político bem-intencionado que não aguenta mais ver jovens se matando e que decide que a salvação é... um festival de rock para bandas novas. Isso é que é indie estatal "true"!
(Para quem chegou agora: escrevi as últimas colunas sobre os "indies estatais", essa modalidade tão brasileira, que gira em torno de dezenas de festivais, na imensa maioria bancados por dinheiro da Petrobras e das secretarias de Cultura.)
Esta semana, li uma reportagem sobre o tal festival indie estatal na Índia, que existe de verdade.
A região do indie estatal indiano se chama Nagaland. É habitada pelo povo naga, que, por um acidente histórico, faz parte da Índia. Eles não falam hindi, têm cara de japoneses e chamam a Índia de "mainland", ou seja, continente.
O festival de Nagaland aconteceu em dezembro passado. Ganhou a banda Original Fire Factor, ou OFF. O prêmio foi de cerca de R$ 20 mil. A organização foi do governo estadual, mas os prêmios foram pagos pela operadora de celular Airtel. Confira aqui: is.gd/cqhRC.
O repórter da revista "Atlantic" contou que boa parte da audiência vestia trajes tradicionais naga (incluindo os colares feitos com crânios de inimigos mortos), ao lado de meninas descoladas de jeans skinny, mandando SMS como loucas.
Nesse evento de indie estatal eu gostaria de ter ido.


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