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Epidemia mundial
FÁTIMA GIGLIOTTI
da Reportagem Local
É preciso muita falta de informação para se deixar incluir na lamentável média dos 50% de fumantes que morrem de doenças ligadas ao tabaco porque começaram a fumar antes dos 19 anos.
O tabagismo já é uma epidemia
mundial pelo grande número de
fumantes e pela variedade de
doenças que causa.
Hoje comemora-se o Dia Mundial Sem Tabaco, promovido pela
OMS (Organização Mundial da
Saúde) para divulgar os dados
atuais e os riscos do vício.
Você tem medo de Aids? É bom,
mesmo, e mais ainda do cigarro. O
fumo mata mais gente do que o
HIV. Todo ano, morrem cerca de
3,5 milhões de pessoas de doenças
relacionadas ao cigarro -cerca de
10 mil por dia. A OMS prevê que,
em 20 anos, serão 10 milhões de
mortes por ano, mais do que a soma das mortes por Aids, acidentes
de carro, homicídio, suicídio, tuberculose e mortalidade infantil.
Se você pensa que isso tudo está
distante do fumante jovem, confira os números: no Brasil, dos 33
milhões de fumantes, 5 milhões
são jovens, afirma o pneumologista José Rosemberg, presidente do
Comitê Coordenador de Controle
de Tabagismo no Brasil. "Quem é
dependente da nicotina até os 19
anos tem 90% de chance de se tornar fumante permanente", avisa.
"Cerca de 60% dos adolescentes
que fumam por mais de 6 semanas
vão fumar por mais de 40 anos",
diz Ronaldo Laranjeira, psiquiatra
da Uniad (Unidade de Álcool e
Droga), da Unifesp (Universidade
Federal de São Paulo). E por que
tudo isso?
É a própria sociedade que leva o
jovem a experimentar cigarro. Ele
sofre a influência da família, dos
amigos e, principalmente, da propaganda, que associa o cigarro à liberdade e aventura.
Para o psiquiatra, fumar acaba
sendo um rito de passagem, como
o primeiro beijo, a primeira experiência sexual. "Mas isso é totalmente artificial, o cigarro é o mal
deste século, e o processo da adolescência existe desde que o mundo é mundo", protesta.
O supervisor do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas,
Montezuma Pimenta Ferreira, explica que "o tabaco é uma droga
psicoativa, que modifica o funcionamento do cérebro, provoca aumento de atenção, inibe o apetite e
tem efeitos estimulantes e sedativos, diminuindo a ansiedade em
alguns momentos".
Mas o uso aumenta a tolerância e
em dois anos, no máximo, vira dependência. Cada tragada é uma injeção de nicotina que acaba gerando outros efeitos bioquímicos e
comportamentais, diz Ferreira.
"Há fumantes que chegam ao limite de não conseguir se concentrar
se não acendem um cigarro."
Por tudo isso, a OMS considera o
tabagismo a maior causa de morte
evitável do mundo. Afinal, qual é a
vantagem de engrossar os 25% de
jovens que morrem a partir dos 34
anos de doenças relacionadas ao
cigarro porque começaram a fumar aos 15? Leia mais sobre as consequências do cigarro ao lado.
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