São Paulo, segunda-feira, 31 de outubro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MÚSICA

Sucessos de Capital Inicial e Legião Urbana são gravados em suas versões originais, como as tocadas pelo Aborto Elétrico no início dos anos 80, em Brasília; Fê Lemos explica os motivos

Capital revira o passado de Renato Russo

LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL

Para reviver o Aborto Elétrico, banda punk que pode ser considerada o "big bang" do rock de Brasília, o baterista do Capital Inicial, Fê Lemos, teve de se justificar. Afinal, muitas questões morais envolveram esse projeto, que mostra nove sucessos -depois gravados pela Legião Urbana e pelo próprio Capital, como "Geração Coca-Cola" e "Fátima"- e mais nove faixas nunca ouvidas em CD, todas escritas por Renato Russo. Ao abrir o baú lacrado no início dos anos 80 (só cinco faixas do Aborto Elétrico continuam inéditas), Fê se preparou com argumentos que legitimam o lançamento. Leia a seguir quais são os cinco motivos que levaram ao CD.

REPERTÓRIO DESCONHECIDO
"Nós acreditávamos que um dia esse repertório precisaria ser gravado, mas tínhamos diversas questões sobre esse projeto: quando seria oportuno fazer, se esse projeto, ao tirar do baú coisas que estavam sumidas ou desconhecidas durante muito tempo, ao transformar o que era um mito em realidade, seria uma coisa boa para a história do Aborto Elétrico e, em particular, para a minha e do meu irmão Flávio, que somos os integrantes ainda em atividade, e se não soaria como uma coisa oportunista gravar de novo canções do Renato Russo."

APROVAÇÃO DA FAMÍLIA
"A família do Renato tinha de estar de acordo. Ficamos muito felizes quando a Carmem, irmã de Renato, disse que o pai deles, antes de morrer, tinha dito que, se alguém fosse gravar o repertório, tinha que ser eu e o Flávio, que tínhamos sido companheiros do Renato e carregávamos os equipamentos para os shows que fazíamos."

O TEMPO CERTO
"O Capital veio, depois do "Acústico", com dois discos de estúdio extremamente bem-sucedidos. Então estávamos em uma posição no mercado que ninguém poderia dizer: "Eles estão por baixo e precisam disso para se levantar". A gente está no nosso melhor momento em termos de novos fãs, de quantidade e de público de shows."

O ESPECIAL DA MTV
"Se a gente fosse fazer um disco do Aborto Elétrico, não bastaria ser um disco. A gente precisaria criar um documentário, para explicar o contexto histórico da banda. Encontramos uma maneira de contar a história do nascimento do rock de Brasília, que muita gente não conhece. Botamos câmeras 24 horas por dia gravando tudo o que fizemos no estúdio e também visitamos, em Brasília, os locais por onde passamos."

ATUALIDADE DAS LETRAS
"A gente percebeu o poder das músicas, como elas continuavam atuais e relevantes. Parece que esse disco foi escrito neste ano, depois de todos esses escândalos de corrupção e o estado de guerra em que o mundo vive. Isso eram temas do Aborto Elétrico e continuam presentes hoje, só que de forma mais aguda do que há 25 anos."

Texto Anterior: Sexo & Saúde - Jairo Bouer: Coluna chega à adolescência
Próximo Texto: Música: 30 anos num clipe
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.