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MÚSICA
Sucessos de Capital Inicial e Legião Urbana são gravados em suas versões originais, como as tocadas pelo Aborto Elétrico no início dos anos 80, em Brasília; Fê Lemos explica os motivos
Capital revira o passado de Renato Russo
LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL
Para reviver o Aborto Elétrico, banda
punk que pode ser considerada o
"big bang" do rock de Brasília, o baterista do Capital Inicial, Fê Lemos, teve de
se justificar. Afinal, muitas questões morais
envolveram esse projeto, que mostra nove
sucessos -depois gravados pela Legião
Urbana e pelo próprio Capital, como "Geração Coca-Cola" e "Fátima"- e mais nove faixas nunca ouvidas em CD, todas escritas por Renato Russo. Ao abrir o baú lacrado no início dos anos 80 (só cinco faixas
do Aborto Elétrico continuam inéditas), Fê
se preparou com argumentos que legitimam o lançamento. Leia a seguir quais são
os cinco motivos que levaram ao CD.
REPERTÓRIO DESCONHECIDO
"Nós acreditávamos que um dia esse repertório precisaria ser gravado, mas tínhamos diversas questões sobre esse projeto:
quando seria oportuno fazer, se esse projeto, ao tirar do baú coisas que estavam sumidas ou desconhecidas durante muito tempo, ao transformar o que era um mito em
realidade, seria uma coisa boa para a história do Aborto Elétrico e, em particular, para
a minha e do meu irmão Flávio, que somos
os integrantes ainda em atividade, e se não
soaria como uma coisa oportunista gravar
de novo canções do Renato Russo."
APROVAÇÃO DA FAMÍLIA
"A família do Renato tinha de estar de
acordo. Ficamos muito felizes quando a
Carmem, irmã de Renato, disse que o pai
deles, antes de morrer, tinha dito que, se alguém fosse gravar o repertório, tinha que
ser eu e o Flávio, que tínhamos sido companheiros do Renato e carregávamos os equipamentos para os shows que fazíamos."
O TEMPO CERTO
"O Capital veio, depois do "Acústico",
com dois discos de estúdio extremamente
bem-sucedidos. Então estávamos em uma
posição no mercado que ninguém poderia
dizer: "Eles estão por baixo e precisam disso
para se levantar". A gente está no nosso melhor momento em termos de novos fãs, de quantidade e de público de shows."
O ESPECIAL DA MTV
"Se a gente fosse fazer um disco do Aborto Elétrico, não bastaria ser um disco. A gente precisaria criar um documentário,
para explicar o contexto histórico da banda. Encontramos uma maneira de contar a
história do nascimento do rock de Brasília,
que muita gente não conhece. Botamos câmeras 24 horas por dia gravando tudo o
que fizemos no estúdio e também visitamos, em Brasília, os locais por onde passamos."
ATUALIDADE DAS LETRAS
"A gente percebeu o poder das músicas,
como elas continuavam atuais e relevantes.
Parece que esse disco foi escrito neste ano,
depois de todos esses escândalos de corrupção e o estado de guerra em que o mundo vive. Isso eram temas do Aborto Elétrico
e continuam presentes hoje, só que de forma mais aguda do que há 25 anos."
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