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MÚSICA
Dos integrantes do Queen multiplicados ao leão guitarrista do Charlie Brown Jr., três décadas de videoclipe se passaram; veja como
30 anos num clipe
GUILHERME BRYAN
ESPECIAL PARA A FOLHA
Antes de 1975, quando foi realizado
o que para muitos é considerado o
primeiro videoclipe da história da
música -"Bohemian Rhapsody", do
Queen-, o que víamos pela TV era o artista cantando sua música no palco de um
programa, fazendo caretas para a câmera,
com imagens coloridas no fundo.
Hoje, 30 anos depois, é possível observarmos um leão guitarrista que foge de um circo, faz sucesso como músico, é perseguido
pela polícia por aprontar confusões e volta
feliz para o mesmo circo, em "Champanhe
e Água Benta", do Charlie Brown Jr.
Vistos pela televisão, baixados no computador e comprados em DVDs, os clipes
são tão importantes para o sucesso de uma
música que há vários profissionais especializados em realizar superproduções. É só
prestar atenção nos clipes de artistas como
Britney Spears, Avril Lavigne e Maroon 5.
Ao mesmo tempo em que as gravadoras
geralmente financiam essas superproduções, muitos garotos compram uma câmera digital e um computador e realizam seus
próprios clipes. Esse foi o caso do desenhista e ilustrador Didiu Rio Branco. Ele adorava ver os vídeos na TV até que foi convidado para fazer o clipe de animação "Próximo Alvo", da banda Ratos de Porão.
O desenho envolvendo o presidente dos
Estados Unidos, George W. Bush, e o terrorista Osama Bin Laden fez tanto sucesso
que, desde então, Didiu não pára de dirigir
novos clipes. Mas nem todos os diretores
independentes têm a mesma sorte.
A grande maioria vê seus vídeos passarem uma única vez na televisão. A saída,
então, é divulgar o trabalho entre os amigos
e disponibilizá-lo para download na internet. É o caso do primeiro clipe da banda No Fununcia, dirigido por Wesley Theodoro
Lambert, 18. Desde os 11 anos, Wesley é fascinado por videoclipes. Agora, como diretor de clipes, o garoto sente as dificuldades.
Mas dirigir videoclipes também tem suas
vantagens, como explica Drico Mello, diretor de "Vou Estar", do Capital Inicial. "Há
total liberdade de criação e seu nome aparece o tempo todo na televisão."
Só que, se você for atrás dessa liberdade
de criação, preste atenção no que diz Maurício Vidal: "Apesar de o clipe dar ao diretor a possibilidade de fazer um trabalho
mais autoral, ele possui um limitador ou
um inspirador: a música". O rapaz é um
dos sócios da produtora Conseqüência,
criadora dos clipes de animação de Frejat.
Há 30 anos, "Bohemian Rhapsody", do
Queen, foi o primeiro clipe a contar com
uma série de efeitos de imagens, capazes,
por exemplo, de multiplicar as cabeças dos
membros da banda. Antes disso, porém, algumas músicas dos Beatles já haviam se
transformado em pequenos vídeos. A diferença é que eles foram feitos para que a
banda pudesse aparecer ao mesmo tempo
em diferentes programas de TV.
No Brasil, os videoclipes foram exibidos
pela primeira vez no "Fantástico", da TV
Globo. É provável que o primeiro tenha sido "América do Sul", dirigido por Nilton
Travesso para Ney Matogrosso.
O videoclipe só passou mesmo a
chamar a atenção da
maioria das pessoas a
partir de "Thriller", dirigido por John Landis
em 1983. Nele, Michael
Jackson se transformava em lobisomem e
dançava pelas ruas.
A partir daí, muitos
trouxeram histórias
criativas, que vão desde
bonecos feitos de Lego
("Feel In Love With a Girl", do White Stripes), passando por extraterrestres ("In This
World", do Moby), até chegar a caixinhas
de leite que vivem uma história de amor
("Coffee and TV", do Blur).
No Brasil, as gravadoras começaram a ver
o videoclipe como algo importante para a
divulgação de um artista em 1990, quando
houve uma grande melhora na qualidade
técnica e foi inaugurada a MTV Brasil.
Mas não parou por aí. O videoclipe vem
amadurecendo e conquistando jovens diretores dispostos a utilizar os recursos ao
seu alcance para agradar um público cada
vez mais exigente. "Os videoclipes transmitem, ou tentam transmitir, da melhor maneira, o espírito da música. O melhor elogio
que um diretor pode receber é alguém que
lhe diga que passou a gostar da música, ou a
gostar ainda mais dela, depois de assistir ao
clipe", explica Oscar Rodrigues Alves, diretor de "Vou Deixar", do Skank.
Guilherme Bryan, 30, é autor de "Quem Tem um
Sonho Não Dança" (ed. Record)
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