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Avenida Amazonas
Na floresta amazônica, a vida dos ribeirinhos segue o ciclo das águas
GABRIELA ROMEU
ENVIADA ESPECIAL A SANTARÉM (PA)
Para ir à escola ou garantir o almoço, Ravel Marinho, 12, cruza a "avenida
Amazonas". Essa "avenida", como o menino brinca de chamar, não fica numa grande
cidade. É o imenso rio Amazonas, com uns 6.900 km de extensão.
Ravel mora no paraná do Tapará, no interior de Santarém (PA). Habita a várzea,
área que alaga no inverno, a época das chuvas. Vive por conta do ciclo das águas. "Enche tudo por aqui. Aí a gente fica sem pé, anda só de canoa."
Até o calendário escolar segue a cheia e a seca (no verão). As aulas vão de agosto
a abril, quando os moradores da várzea aproveitam a terra para plantar.
Depois chegam as férias, de maio a julho, justamente no inverno. É quando o
Amazonas invade as casas dos ribeirinhos, que constroem marombas (passarelas
de madeira sobre a água). Também se espalham cobras, jacarés e peixes -então,
dá para pescar no próprio quintal!
Com a enchente, as galinhas vão morar no topo das árvores. Bois, vacas e cavalos
são transportados de barco para regiões que não alagam."Dá saudade de terra firme", conta Ravel.
É por isso que, no verão, as crianças se juntam nos campinhos para jogar futebol
ou pular macaca (amarelinha). Aproveitam o tempo de "pé no chão".
(COLABOROU BRUNO MOLINERO)
GLOSSÁRIO DO RIO
Igarapé - rio estreito, navegável, que pode sumir na época da seca. É uma palavra indígena que quer dizer "caminho de canoas".
Igapó - região da floresta amazônica que fica alagada na época da cheia. Com a estiagem,
ela também seca.
Paraná - braço de água natural que liga duas partes de ummesmo rio, separadas por terra.
Furo - braço de água natural que liga dois rios diferentes. Não é
igarapé porque é só um canalzinho usado para cortar caminho.
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